segunda-feira, 29 de abril de 2013

Tão Jovem, tão eu.



Não quero falar sobre amor, e não foi por isso que eu te pedi pra deitar em meu peito. Pedi que aproximasse teus ouvidos para ouvir o som da minha vida, e entre as ritmadas batidas do coração, tão frio quanto o próprio quarto, abracei tua inocência e beijei tua mão em respeito. Entrelacei meus dedos aos teus, nos conectamos, eu te protegendo de mim mesmo, abracei teu corpo com a contra-parte.
Você em colo, seguro de tudo e de todos, confortável para ser e fazer o que quiser, inclusive apenas adormecer por exaustão do longo dia, mas você ainda ouvia o som do coração. Este pulsava ora depressa, ora quase nem batia. E naquele momento, o momento exato, conversamos.
Um diálogo entre latas. Sem dimensão, sem controle, entre pulsação, explicação e segurança. Foi assim que eu aprendi a conversar, e quero te passar isso. Segurança. 
Um momento que podemos falar tudo, sem críticas destrutivas, sem interesses subjugados, restando o bom e velho diálogo. Duas mentes sem saber para onde ir, ao mesmo tempo não querendo parar, refletindo uma na outra como simbiontes, derivando o passado, presente e futuro em potências e artimanhas. Como facilitador em alguns momentos, tentei te guiar em teus nebulosos pensamentos, um luminar na penumbra. Noutro momento eu era covarde em te dar o silêncio em resposta, mesmo tendo um discurso pré pronto, mas que te magoaria, me machucaria, ficaríamos imersos no ensurdecedor zumbido de outrora. 
As paredes começaram a vibrar. Era o reverberar do meu músculo bombando a tristeza em aceitar a verdade. Meu coração é órgão e apenas isso. Ele não sente, não dói, não machuca. E, não sei se seria certo continuar em algo já visto fracassado por você, acredito que continuar seria mais justo, seguindo meu coração que não é bússola, indo em busca de algo que não existe, a paz, sem perseguir outros motivos.
Espero que você tenha entendido que nossa afinidade ficará, para sempre, mesmo podendo nunca mais nos vermos. Porque depois disso será estranho, pesado e doloroso. Não para o coração, mas para a mente, esta que compartilha da indiferença de ser uma distração, em ser algo melhor que um tanto-faz. 
Indo pra lá, tamborilando o coração para dizer que existe uma vida, é para onde seguirei. Estarei apto para ser teu porto-seguro se você quiser ser um navio. Você é tão perfeito pra mim quanto eu sou teu, ambos  divergentes, congruentes, simples.


-Faça o que achar certo. Você me respondeu.
-E se dessa vez eu quiser errar? Ecoou em minha mente.


Tempo pra mim é precioso, mas o que me consome é ansiedade. Trocaria tempo pelo teu piscar de olho, porque um me faz correr e este último me faz parar, parar tudo. 
São tantas coisas que ficam maquinando em minha cabeça que eu não consigo dormir. Em conversas assim, aliviando a alma, é que me sinto mais humano, mais leve, mais verdadeiro. Um dia você vai entender, e não será tarde demais, ao contrário, será o momento perfeito. Por isso não reclamará.

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