Embora aqui ainda esteja devastado, eles continuam tentando entrar, mas isso só acontece quando eles sentem um pouco mais de calor que o normal. Não são estes os amigáveis monstros que me fazem companhia, são os outros. Abissais. Eles dão medo, são medo, podem destroçar minhas esperanças e afeto com um único rasgar de dentes, presas estas que penetram firmes e rasgam qualquer coisa que toquem. Suas garras abrigam veneno de insensatez, são voluptuosas e traumáticas, tenho tantas cicatrizes que só em ouvir o rosnar lá de longe, já apago qualquer fé que tentei acender aqui dentro.
Não tenho janelas para trancar, não há portas para fechar. Eles só não entram porque não há nada além de mim, e isto não os atrai, não faz parte de sua alimentação, eles devoram alegria, bebem paixão e se entranham no amor. Porém, tais demônios não são hostis porque querem, mas para proteção do meu ambiente, criei-os com os melhores sentimentos, mas não tive como mais prover.
De coloridos e dóceis, os sete acabaram por evoluir à sobrevivência, se adequaram ao meio para não morrerem. São esguios e negros, tal como as trevas sem luar, não fazem barulho, a furtividade é arma infalível para um bote cruel e certeiro, entretanto eles são traiçoeiros, não dilaceram os sentimentos bons por simples querer. Eles sondam, avistam e estudam a presa e quando acreditam ser realmente fonte de alimento real, eles vão e encurralam-no, definhando a vítima pouco-a-pouco, fazendo o amor desejar a morte, a dor e penúria assola o antigo semblante da alegria.
Eram meus anjinhos que tanto amava, hoje os temo, mas não por mim. Temo por todos que tentem, de algum modo, colocar meu templo de pé. Que tentem me amar.
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