sexta-feira, 26 de abril de 2013

Não Molha.

A temporada de chuvas torrenciais começou, com ela veio o clima ameno, frio e convidativo a um abraço. Nesse sentido calmo e carente segue o ritmo comum, sem expectativas ou frustrações. Convence o clima ao cinza, ao tom do meu sentimento e este não duvida da tua vontade, mas ele pede mais.
O temporal é mais que o borrar do céu, é mais que as inundações das ruas, é mais que as doenças respiratórias latentes. O temporal que se instala sobre minha cabeça me chove certas convicções, mas não me molha com respostas e outros prantos. Esqueci minha boca no teu corpo, guardei teu afeto no bolso, respondo teu "boa noite" com esperança de um sono tranquilo, mas o ranger de dentes continua. A madrugada trás um arrepio que inquieta a alma, é a tua falta, é tua ausência, não a psicológica, mas a física.
Da tua voz eu ouço isso e aquilo, nada que me dá espaço, nenhum convite e apenas feitos. Isso porque o que eu sou pra você, não é real, você não precisa de mim, sou apenas aquele passatempo de tempos outros.
E aos poucos, tal como a temporada de chuvas, vou me dispersar uma hora ou outra. Tal como o esperar de uma trovoada, as pessoas evitarão sair de casa para não se molharem, agasalharão os queridos e assistirão os amores.
É o chover que molha, é o abraço que esquenta, é o sorriso que colore o cinza diário. Poderia ser você, mas é apenas carência.

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