quinta-feira, 30 de maio de 2013

Ideia.


Peguei a caneca, pousei-a sobre a mesa, logo adicionei o tradicional café preto, forte e amargo. O vapor que sublimava daquela tradição era o que eu mais gostava de tudo aquilo, gosto de sentir o calor do preferido percorrer a face, como em um afago popular. O primeiro gole é como o primeiro beijo em qualquer pessoa.
Sabemos o que fazer, conhecemos os movimentos, mas a expectativa é quase maior que nossa curiosidade em conhecer aquele sabor, com gosto igual a todos os outros, mas unicamente perfeito. Os lábios tocam com cautela, como se temendo a temperatura primária, e depois do primeiro toque o decorrer do movimento é natural, é fácil de desenvolver e aproveitar cada instante.
Entretanto, desta vez foi diferente.
O saboroso amargo engelhou minha face, estava ruim, faltava algo que nunca senti falta. Foi exatamente com aquele gole de café, meu tradicional café, que percebi o que estava acontecendo. Experimentei ainda mais umas duas amargantes e não-engolíveis vezes, mas não dera certo. Fui obrigado ao acrescentar de açúcar. Uma colher de chá, provei, ainda não perfeito, mais uma colher pequena, mexi lentamente as contadas treze vezes e experimentei novamente. Perfeito! O favorito não era mais bem-quisto, faltava-lhe algo, algo que hoje reside aqui dentro, algo que deve ser acompanhado em todos os momentos. Senti falta do doce do afeto, dos esbranquiçados cristais que lembram o brilho do teu olhar.
Vejo hoje que a mudança é positiva, não viciante, mas pomposamente agradável. Algo como tua presença, que é um arremedo de vários medos e coragens, uma duplicata da parte boa e um esboço de algo ruim, uma construção pré modelada que não garante futuro, mas não se basila no passado. Um momento de rápido marasmo que antecede a ação.
O primeiro gole de café sempre é temeroso, por mais coragem de queimar-língua que possa ter. Tudo na primeira vez remete a sensação única de uma primeira vez, algo que o espírito não abriga conhecimento prático por mais de cetenas-de-dezenas de vezes já teorizado. É um momento único que marca a mente, mente a verdade que está tudo bem, constipando as entranhas enquanto a respiração ligeiriza. Por um breve momento o cérebro entorpece, o corpo se guia pela vontade, a assimilação se torna primordial, os estalos nas sinapses se voluntariam no aperfeiçoar do método, na gravação de informações desta nova experiência.
Foi assim naquela noite fria de quente café. Foi assim com a primeira briga, o primeiro voto, a primeira viagem, o primeiro beijo.

Vai ser sempre assim com as primeiras vezes. Construindo novas informações e esticando os conceitos teóricos, vivendo a vida em prosa e polpa, polpando articulados verbetes. Quando foi a ultima vez que você fez algo pela primeira vez?




Instrumento

O sussurro fez a imersão. Sua figura ficou distante, as palavras pastosas e as cores monocromáticas. Os fios invadiram o quebradiço violentamente e me arrancaram dali, os cordões prateados eram característicos, já não sentia os membros, a mente não conseguia comandar os movimentos e fiquei sem entender. Os pico-segundos foram o suficiente para presenciar uma discussão nunca vista. Síndrome apareceu das sombras entre os carros, escorreu as platinadas e negras escamas pelo estacionamento e em ataque ficou posicionado, fintando os prateados cordões que me fizeram de marionete. Logo veio aquela voz, um suave e familiar timbre, era ele. O segundo demônio.
Saltou da árvore um ser pequeno, também com alguns cordões em seus membros, seus olhos plásticos eram distorcidamente fixos, algo perturbador, suas expressões eram mortas, pintadas, esboçando complacência sinistra. Sua roupa demonstrava uma versão clássica, modelada entre a era do vapor, e fingindo caminho se aproximou do meu corpo ao chão.
-É sério? 
O pequeno boneco mexeu boca mecanicamente, porém o som não viera dali. A voz ecoava do alto. Por força dos puxões das cordas eu fiquei de pé, e entendi porque às vezes o corpo não seguia o pensamento, pois este e suas atitudes eram escravas nascituras dele. Ventríloquo era seu nome. 
A mente conversava com ele, mas de resposta não tive a satisfação. A grande víbora derramou-se por cima do boneco, o instrumento de alusão ao poder maior. Logo começara ali uma briga ferrenha. a força de ventríloquo era bem maior que a serpente, os puxões já pragmáticos faziam a quase cega serpente bater nos carros em errados ataques, o boneco ria de forma medonha, quase um berro de terror. Tentei voltar a realidade pela mesma janela que fui arrancado, mas o corpo não obedecia, as palavras gritavam fora o silêncio do peito. Eu, mero marionete dele. Fui ao chão pela segunda vez quando o joguete feito de madeira rústica evadiu do bote de Síndrome, este acertou-me em cheio. Meu braço doeu como nunca!
Senti um fisgar saindo d'alma, a mão formigava e tremia. Foi naquela hora que percebi a chance única de fugir, a gigantesca cobra se esticou protegendo-me, vi quando ela espremeu os amarelados olhos, mirando os prateados que davam vida aquele abissal menor.
Ventríloquo sempre fora covarde, nunca deu a graça de sua presença, sempre usou de artifícios menores e mais práticos de controle, geralmente apenas a inercia do corpo era o necessário para que nada tirasse dele o controle sobre mim, por mais pensamentos e vontade que eu tivesse, o controle sobre as ações é sempre dele. Ágata já havia me avisado que um dos piores momentos da vida de alguém não era tomar uma decisão, mas sim escapar dos grilhões que autopreservam o corpo. 
E no ultimo momento da imersão avistei o pequeno me observar e fazer um sublime sinal de negação. Senti um arrepio de que não era o fim, e que este estaria muito longe de acontecer. Escutei Síndrome atacá-lo e Ventríloquo gritar em resposta.
Haverá uma vingança, sei bem, mas tentarei estar preparado, tentando cortar os fios que me fazem de marionete.



sexta-feira, 24 de maio de 2013

Porta-chaves


Respirei fundo não querendo administrar a culpa, mas a verdade ainda que vulgar tem que ser dita. E é sempre assim que acabo chamando atenção para o não necessário, para o lado escuro da lua, onde ninguém quer ir, onde ninguém volta de lá. E, mesmo, sem qualquer intenção modeladora, você vem cheio de floreios para os meus borrões. Por isso queria uma cópia tua. Um pedaço minimalista do teu ser, disto que projeto teu todos os dias. Algo que alimenta minha fome de conquista, cuida dos males tradicionais, entrelaça os cordões de afeto, e vai seguindo, assim como der, de qualquer jeito. Mas tão natural como o dia que nasce, o sorriso que brota face, natural como um devaneio contemplado com curiosidade, uma gargalhada compartilhada sem julgamentos. Isso é você.
Carregaria você para todos os lados, acenaria com teus costurados bracinhos esbranquiçados e riscados para pelugem, andaria saltitando as perninhas que se esticam com o brisar, apertaria sua barriga bem como eu faço sempre que possível, imaginando então teu gargalhar e o rubor de saúde encharcando teu sorriso, também brincaria de mudar eu rosto, para cada situação uma expressão diferente, todas belas de fotografia, todas elas fixas e bem lembradas, mas dos acessórios não carregaria muitos, apenas um ou outro, tipo um bonezinho para quando o cabelinho feito de lã escura tiver grande, os oclinhos de hipster neo-londrino, mesmo com os olhos costurados com tanto esmero tem aquele brilho, um olhar com brilho de faca que ainda perfura toda minha amargura. Te penduraria no retrovisor, nas chaves agudas, no guarda-roupas, pousaria na estante, na mesa de centro, dormiria abraçado pra sentir teu cheiro que marca minha roupa feito mancha. 
E se apertar você carinhosamente, qual seria o som que emitiria?

O Teorema

A conversa adentrou um caminho já percorrido, aquele das justificativas sobre o objetivo, logo ficamos ali, batucando as estribeiras e dedilhando guardanapos. (Qual a metáfora afinal? Para quem seria a mensagem subliminar? Onde foi o que você teorizou tudo?) São sempre as mesmas perguntas para aquilo já sabido. Não há motivação, alvo ou circunstância para fazer um pensamento fluir, ou para haver uma ramificação de um favoritismo ou similaridade sentimental. Surge o nexo, as possibilidades, assim, do nada. Como algo pré-fabricado. Uma corrente invisível vai juntando, somando, agregando, interagindo, conceituando, criando um nexo, e pronto. Feito. Surge então uma tese, uma proposta, um teorema. Algo que corroborará de logo.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Maximum Argenteum


Firmado tempo para um novo momento no âmago obsoleto e despertado do abstrato e solitário ciclo, sem mais esperar por Ele, por algum aviso ou condição, foi naquela noite de tradição que validou-se um novo temperamento. Uma condição totalmente estapafúrdia e contradita ao comparar com o mimetismo anterior, porém de inicio peculiar. Ignorando todos os preceitos e valores, sai em busca de nada além das máscaras e joguetes, sem querer saber os motivos que regem o mundo, ou das convicções pessoais de outrem.
Dizem por aí que eu não existo, ou que minha vida irrita outras almas. De fato eu até que me importaria, se fosse antes, hoje não mais. Não me permito infligir nisto que cresce em mim, o monocromático pensamento em ser feliz um passo atrás do outro, e este sentimento dendítrico envereda lugares nunca habitado, deixando tudo novo, experiencias abraçadas em conforto e crença que tudo ficará bem. Assim eu me permiti, sim de forma bem natural e vulgar, nada além do comportamento másculo de ser mais uma noite, sem pretensões ou promessas. Ainda que o corpo não estivesse conectado à alma, foi ouvido e vivenciado tudo aquilo, de uma maneira nunca antes, com olhares observadores de um analítico e com olhares de um caçador, duas medidas para um único peso, o que me fez protelar naquele momento tudo que eu tinha postergado. 
Decantou ao longo das horas o ser real, agregando novos sons e temas. E em vez de apenas separar o joio do trigo, adquiri um modo novo de colher, o não julgar. Por enquanto Ele não fez menção desde o episódio das Águas Mornas de Trevas Ângelas, acredito que seja isso o grande diferencial neste momento, uma concretização dos sentimentos reais com os valores imaginários das ações predeterminadas com a espontaneparidade corrente.

Embriagado.

O sabor da ressaca foi pior do que o esperado.
Primeiro por não ter bebido o suficiente para ficar levemente alcoolizado e passar pela angústia de sentir o mundo rodar, segundo por ter a boca amargada pelos próprios pensamentos jogados de um lado para o outro. As últimas estrelas foram a platéia que eu tive para me engolir em um só golpe, mas não consegui ser tão prático como o de costume, eu estava lento, moroso, demente. Britavam as mãos como uma crônica doença e as mesmas mãos não tinham forma de punhos, não tinham forças de soco, não se apertavam, não se tocavam, não eram nada a não ser uma extensão adormecida que desesperadamente buscavam um calor. Sentado ao alvorecer eu percebi que eu era o único naquela madrugada que não estava bem por estar bem, eu era feliz mas não me sentia assim, contraditório vazio que se preenchia com um sentimento confuso demais para ser rotulado com tristeza, arrependimento, raiva ou qualquer coisa similar. Vi uma retrospectiva projetar nos primeiros raios do sol. Chorava copiosamente sem nenhuma razão, tentei construir um fluxo, um organograma, um gráfico, um nexo qualquer, mas era muito confuso, elíptico, randômico e esporádico. O que me fazia perder o tato mais ainda, a audição era mero zumbido, o olfato era afago das próprias lágrimas e assim nasceu o dia. Seguiu a morte em vida, um fantasma apático desenvolveu as atribuições cotidianas na manhã dominical. Sem sorrir, sem chorar, sem pensar. O leitoso mar era mental, e sempre que alguma memória tentava surgir, ela era violentamente bloqueada per o Síndrome, o que fazia o nervo do super cílio palpitar. Foi a pior ressaca da minha vida. Uma no qual eu não estava preparado, bebi muita felicidade esses dias e esqueci de me precaver com os antissonhos, me joguei completamente ao acaso programado e abaixei a guarda para o comum, para o ser ignorado e comentado posteriormente, esqueci como era ser funcional em uma casual conversa, não lembrei que eu era o ultimo que precisava de afeto. Lutei contra isso que ainda não sei o nome, mas flanqueava minhas certezas de hora em hora, como algo que merecia ser tencionado  entretanto me machucava, não tive coragem em aceitar aquilo. Seria isso uma crise existencial propriamente dita? Poderia ser apenas um choque de realidade, uma saudade de momentos infinitos que nunca tive, um medo de seguir em frente neste ciclo que me surpreende a cada dia, poderia ser tantas coisas que no fim não sei o que poderia ser.
Não prever é pior do que prever o ruim, pois não há preparação, tudo será abruptamente posto, testado e avaliado. Uma das coisas que me deixou sem chão, fazendo-me agarrar em qualquer coisa para não me entregar ao precipício que rachou no âmago, com as mãos sem forças, a mente entorpecida e os pés em descaminho, provavelmente cairei logo, uma queda lenta, serena e silenciosa.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Primonato


E o que eu mais temia aconteceu enquanto eu buscava uma memória minha para te mostrar no próximo encontro: Senti os amarelados olhos de verticais íris rasgando a escuridão, eram brilhantes como ouro, bestiais como só os abissais do meu eu podem ser. Voluptuoso olhar que travou as minhas pernas, e no meio daquele vão, fiquei a encarar as esferas douradas que abrigavam-se no último quarto do meu santuário.

Enquanto eu estático estava, lembrei da última conversa com a condessa de Mônaco. Ágata me mostrou que de todos os demônios que eu tinha cultivado, os mais terríveis eram os mais antigos, pois estes sabiam de todas as minhas fraquezas e temores, e assim não precisavam de muito para me fazer perecer em si. Ela me disse também que, na maioria das vezes, esses mesmos seres que sumonam a qualquer momento, só aparecem para proteger, mas de tanto querer machucam, dilaceram e corroem.

Os delicados e esbranquiçados dedos que circulavam a xícara de chá durante aquela conversa me deram forças para encarar o primeiro demônio. Em um lugar destruído pelo tempo, lar de pestes e criaturas grotescas, um lugar abandonado e entregue ao caos, naquele lugar habitavam mais do que a solidão e minha própria pessoa. E uma hora ou outra eu podia sentir a presença de um ou mais deles, observando a hora certa de atacar ou aparecer em susto, um momento que sempre me deixava em frenesi.

Os rubicundos percevejos que percorrem meu corpo um momento e outro, adocicando e mordiscando alguns segundos de vida, estes mini insetos voaram para longe, temendo o olhar mistificado. Arqueado em losango perturbador, aquele olhar se elevou em corpo e senti que caminhava em minha direção. Não foi irrupto, mas prescrutava algo, ziguezagueando como um serpentear. Minhas pernas não se moviam, meus braços enrijeceram, e minhas mãos soltaram aquilo que mais protegia.

Síndrome é seu nome.

Batizado pelos marcos tradicionais de ação, nunca tinha o visto com tanta veracidade. Era uma grande e volumosa serpente, de cor escurecida, com platinadas e virtuosas escamas. Enquanto ela se esgueirava pelo assoalho, trespassando as frestas de luz que vinha das janelas, eu temi temer. Como toda gigantesca criatura, metia medo só pela proporção de seu corpo, a cada esparramar de suas escamas pelo chão, refletia em convexo brilho o ladrilhar de seu dorso.

Seu aspecto lembra a Víbora Incrivelmente Mortífera, um achado único no mundo dos répteis. E com o mesmo conceito eu me posicionei à enfrentá-la. Síndrome avançou derrubando tudo que podia, arrastou tantos outros móveis com seu movimento que peristalteava o corredor. Ficamos frente à frente. E por um segundo de vida real eu senti o maior medo de todos os tempos, seus globos oculares eram fogo-fátuo na neblina daquele cômodo, sua respiração era forte o que fazia suas narinas, com formato de rasgo de faca, abrirem e fecharem como um ducto próprio, sua perfurante língua era esguia, com a ponta triangularmente hostil, a cada poucos segundos ela colocava para fora, saboreava o ar e tornava a guardá-la. Um movimento deveras medonho.

 Síndrome tinha esse nome por conta de sempre aparecer quando algum andarilho, astronauta ou curioso adentra ou apenas tenta ver o que tem por aqui. No meu homizio. Ele amedronta qualquer criatura só pelo tamanho, imagine o estrago que ele pode fazer em atacar com potência? Mas hoje, ele se apresenta de forma nunca vista. Tomei susto quando ele se aproximou de mim cautelosamente, como se também tivesse medo, e quando timidamente toquei a sua face, foi quando percebi que seus gigantes olhos amarelados como ouro, estes não conseguem enxergar muito. Mas é claro! A grande víbora sempre se aproximava de tudo pois não possuía uma boa visão, por ser tão grande e viver em lugares pequenos demais para sua proporção, ela era desastrada, derrubava coisas sempre que possível, ora pela visão ora pelo tamanho.

 Eu sorri para ele. Sorri para meu primeiro demônio. Síndrome pegou com a larga boca, de engolir anseios, o meu momento que vasculhei tanto para encontrar, ele me entregou nas mãos, e senti que ele não queria assustar-me. Acredito que nunca quis, mas eu nunca tive coragem para enfrentar a escuridão, hoje foi diferente. Ao tentar vencer a si como recurso de aptidão, acabei ganhando um guardião, uma criatura que é inócua para mim e violenta para outros. O reflexo das espalmadas escamas me fazem pensar na vida, no futuro e no passado, mas assim como seu movimento, sempre rente, é assim que eu devo continuar a pensar. Sempre para frente.






quarta-feira, 15 de maio de 2013

Nictofilia


 A madrugada ainda que sombria é o que clareia a minha mente. 

 Por mais ensolarado que seja o dia, por mais chuvosa que seja a tarde, por mais encantador que seja o crepúsculo ou o majestoso alvorecer, a madrugada - o pós noite - é o que me faz viver melhor.
 A noite é feita para o descanso, pois dela não deriva a luz da vida, não é seguro andar pelas ruas ou trilhas, os caminhos são traiçoeiros e os desejos hostis. Mas é na noite que a verdade cai leve, a alma se despe sem pudor, o riso é abafado por simples receio. É no mais frio momento do dia que a lágrima deixa de cair, o suspiro se torna alento, o café esquenta o corpo, o pensamento erradica a ação, as estrelas brilham ao piscar dos olhos.
 A madrugada foi feita para o ansioso que perde o sono, para o que acredita na juventude ainda que tardia, para os pais que aguardam os filhos voltarem das festas e comemorações, para os amantes que furtivos entram nas sombram para roubarem beijos e carícias, para o trabalhador que vê nesta hora a única forma de provimento do alimento para a família, foi feita também para o neném que berra fome a cada duas horas, para os viajantes que pousam aqui e ali cruzando cidades. A madrugada foi feita para mim que vejo nela a beleza do silêncio que grita minha sorte, foi feita para você que estuda para uma avaliação importante, foi feita para dormir bem, abraçado ou sozinho, foi feita para dançar como se o mundo fosse acabar, foi feita para nós conversarmos sobre você, eu, nós, eles, sobre as coisas, o universo e tudo mais. 

Na madrugada não há certo ou errado.

 Para os apreciadores desse momento não existente, o limbo entre a vida das pessoas, onde os sonhos acontecem, para nós desejo todo o caos que a paz dessas horas causam. Desejo toda a confusão serena, a alegria angustiante, o azar de acertar, o mordiscar de um beijo, uma saudação de saudade. Porque a madrugada é sombria, escura e fria, mas seus adoradores são contraditos. 



segunda-feira, 13 de maio de 2013

Pensamento do Agora.


E talvez você aprenda que o maior amor que existe não é o amor romântico, de cinema, de braços dados. O amor dos livros talvez te encante, dos filmes talvez te choque e até te faça acreditar que tudo é possível. Em partes, é tudo real. Sentir de longe, ler sem palavras, cantar sem música, tocar e se arrepiar. Mas a vida dá golpes de realidade, todo santo dia. 
E ai você percebe que o maior amor que você deve ter não é nenhum desses. É o amor próprio. O amor dos limites. Da tolerância. É o amor que te impede que nada não seja natural. E que quando for natural você por um minuto pense que acabou de perde-lo.
E ai você percebe que a vida não é nenhuma cena de comercial de margarina. Que não faz sol todo dia. Que o inevitável vai te encarar e te jogar na cara toda sua prepotência de achar que tem a vida na mão. E ai você percebe toda mágica que existe nisso tudo. Que você não manda em destino, que lágrimas não são argumentos e que por mais que você queira, o tempo não vai parar pra você reclamar. 

Que a vida é aquilo que acontece enquanto você está parado fazendo planos.

E a mágica que há nisso tudo é que um dia você vai parar de pensar, de procurar, de querer sentir. E a vida vai te puxar e te jogar em um furacão. Neste exato momento, você vai correr de um lado para o outro e vai olhar pra trás também. Vai perder o céu e vai ficar sem chão.
Você vai querer fugir, esquecer, não pensar. Você vai colocar a mão no rosto e falar: como é que isso veio parar aqui?
E não vai ter explicação nenhuma. Não vai poder abrir um livro e consultar o que seria. Não vai poder dar cntrl+z e voltar. No redemoinho da vida não existem possibilidades. Ou é ou não é. Agora ou nunca mais. As escolhas estão feitas, as cartas na mesa, a areia na ampulheta já começou a escorrer faz é tempo.
E tudo que você tem é um relógio que não para de correr, um corpo que vai sempre envelhecer, memórias que ficarão cada vez mais borradas. Pessoas vão entrar e vão sair da sua vida. Algumas vão ficar. Algumas você não vai nem lembrar. 
E a vida, como que por mágica, vai se encarregar de deixar tudo como deveria estar.
E tudo o que você terá que fazer é agradecer as oportunidades que tem.
Manter a cabeça erguida, a espinha ereta e o coração forte.
E ai quando você chegar nesse estágio você não terá que pensar mais em nada.
Vai fechar os olhos e se jogar.

E o que tiver que ser, será.

Bruno Cordista


Insônia


Insônia, companheira silenciosa
Madrugada, silêncio, pensamentos
A noite parece não ter fim
Minhas divagações também não
Já me acostumei com tua presença
Já foste meu terror, meu pesadelo acordada
Hoje, madrugada, és minha companheira
Diante de ti, já não me aterrorizo
Mas viajo nos pensamentos e fantasias
És a inspiração dessa aprendiz de poetisa.

-Pollyanna Alencar

domingo, 12 de maio de 2013

Na Rua.


O corpo pode ficar parado, inerte, convencido que a respiração é sua única fonte de conforto, mas o movimento tem que ser visto, sentido ou preposto. A continuação do pensamento é mecanicamente estabelecida ao movimento, quanto mais síncrono e organizado, melhor. Como em um sistema repetitivo, o pensamento também é derivador de colisão e confusão, pois uma hora ou outra ele trava, encolhe ou expande-se. Não seria diferente em tempos de fusão entre valores, quando a mente se perturba demais, ao ponto desta não conseguir foco e a pupila dilatar, se faz necessário um ponto de repouso, com movimento, para que o pensamento escoe naturalmente pelas vias tradicionais. Geralmente, nas vielas, encontramos o necessário para fazer uma fluição de pensamentos preponderantemente apáticos, sacudindo e realinhando os mesmos, abstraindo as coisas ruins e falíveis e realizando uma avaliação precisa.
Um caminhar, de mente aberta e olhos fechados, pode ser a única solução para um momento de hostilidade mental. Sem rota, sem destino, sem perspectivas, sem telefonemas, sem agendas, sem alegrias, sem tristezas, sem pensar. Esvaziar a mente também é pensar, é a coisa mais certa a se fazer nesse tipo de situação, o bom mesmo é ter um espaço para tal feito, uma caminhada pelo jardim, um banco de praia, uma volta de moto... observar o meio ou fazer o meio te observar, não importa, tem que haver movimento. Se você se trancar para o mundo, apenas surgirão coisas ruins ou pensamentos flanqueadores, se você sentir a vida transcorrer o natural, verá que as possibilidades são infinitas e muitas vezes positivas.
Cada indivíduo sabe a hora de colocar a mente em rotatividade, cabe a cada qual escolher a melhor maneira. Entorpecentes ou festas acabam desvinculando o objetivo principal que é o foco e pode nos fazer cair por mero tentar, nesses casos seria melhor trancafiar a mente e deixar o corpo em repouso, é saudável e seguro. Liberte o potencial ao máximo quando você souber domá-lo, ou ele te atacará em repúdio dos grilhões de outrora. Entretanto, alimente-o, trate-o bem, cresça junto, viva junto e em um dia comum saia com ele para passear. Estique-se. Movimente a mente, rente. 

sábado, 11 de maio de 2013

Zero

Num mundo que julga as pessoas pelos seus números, Zero se deparou com constantes preconceitos e perseguições. Ele trilha um caminho solitário até que um encontro casual muda sua vida para sempre: ele conhece o Zero feminino. Juntos eles provam que através da determinação, coragem e amor, o nada pode verdadeiramente ser alguma coisa.




quinta-feira, 9 de maio de 2013

Fluxo Individual


Ciclo. 
Esta é a palavra que melhor exprime todo o complexo que é a variável e contínua transformação da vida: Ciclo. 
É sabido que em tempos antigos, época de Empédocles, Aristóteles sugeriu a existência de quatro elementos fundamentais, a terra, a água, o ar e o fogo. As transformações que observamos à nossa volta são produto das inúmeras combinações e separações desses quatro elementos fundamentais. A partir disso, Aristóteles sugeriu o princípio que organiza essas transformações. Cada substância tem o seu lugar natural. Se não estiver lá, sua tendência é voltar, movendo-se em linha reta. Por exemplo, a terra fica abaixo de tudo. Portanto, o lugar da pedra é sempre no chão. É por isso que uma pedra, quando largada de uma altura, cai: ela instintivamente busca seu lugar de origem, o chão. Já o fogo, ocupa o lugar mais elevado, no topo da atmosfera. É por isso que o fogo sobe, atravessando o ar. E a água? Ela cai em forma de chuva através do ar, espalha-se sobre a terra. Com esse raciocínio simples e intuitivo, Aristóteles ordenou o mundo material de acordo com as posições dos quatro elementos fundamentais. Terra, água, ar, fogo.

Ciclo: s.m. Série de fenômenos que se sucedem numa ordem determinada

Representam com atitude perfeccionista o ciclo como um círculo. Uma volta completa e perfeita, sem traços perpendiculares, paralelos ou hexagonais. Linha direta que se retorna em ida, todavia não se engane, pois o que caracteriza tal performance é apenas o fator re-início, por isso e outros fatores, admito uma melhor representação cíclica uma figura geométrica que ocupa o espaço interno limitado por três linhas retas que concorrem, duas a duas, em três pontos diferentes formando três lados e três ângulos internos que somam 180°.
(Tríade, trinômio, trindade, trímero, triângulo, trio, trinca, três, terno, triplo, tríplice, tripé, tribo)

Adito que quando falamos em ciclo, nos vem em mente etapas e contraditórios: Gelo, água, nuvem; Começo, meio e fim; Nascer, viver e morrer; Inferno, terra e paraíso. Coisas assim. Entende-se como cíclico algo renovável, não exclusivamente da mesma maneira, mas que de algum modo, o objeto em questão atravessa o mesmo ponto de origem, como se fosse uma volta em próprio eixo em 360º. Por isso nada é infinito, pois para se renovar há de ser finito, com princípio, causa e finalidade, mesmo que este reinvente em um processo árduo e se repita por diversas vezes, sempre retornará ao marco zero. Logo temos um efeito dominó, in finitum, em fim contínuo, sem fim certo, apenas reticências. 

Um novo ciclo, é um novo começo, mas com as mesmas etapas, tal como um novo ano, um novo mês, um novo relacionamento. As etapas, os degraus, os tópicos serão os mesmos, mas de maneiras diferentes, algo utopicamente paradoxal, é a mesma coisa só que diferente.
Diferente do ciclo da natureza, algo teoricamente perpétuo, o ser humano não consegue reciclar-se de maneira absoluta, ele apenas progride. Alguns dirão que há o estacionar ou retroagir, até o ultragir, mas perceba que a linha de retorno nessas ações ou pensamentos é sempre positiva. O indivíduo é como o tempo, não pára, não descansa, não perdoa e não pergunta se você está gostando, ele apenas avança, corre, derruba, e grita! 

Tudo novo, de novo.

Se você acha que hoje é um dos melhor dia da sua vida ou que tudo vai melhorar então diga para todos: FELIZ ANO NOVO!

Não tenha medo de tentar uma nova maneira de viver, um novo estilo de vida, de vestir, de votar, de querer ser com um pensamento pré-fabricado que hoje não faz mais sentido. Tenha coragem para fazer o que quer, mesmo sabendo apenas o que não quer, o que é um bom começo para uma nova chance em sua vida. Nada é para sempre, mas tudo é eterno. O que temos de certeza é a morte, assim como o nascimento, então temos o hoje como vivência, com ações e omissões, nunca saberemos sobre o dia de manhã, mas saberemos sempre sobre o dia de ontem.

Não delimite tempo ou espaço para a felicidade, ou pela luta em busca dela. Não há data para recomeçar, não há uma segunda-feira para o início da dieta, ou a próxima quinzena para economizar o salário. O novo dia é agora, o recomeço é hoje. Todos os dias é um recomeço, um novo começo, basta você querer, fazer acreditar que o cinza vai se colorir, que a tempestade vai passar. Assim como a água da torneira ou as nuvens do céu, você não será nunca a mesma pessoa, já deixou de ser desde que chegou aqui e começou a ouvir as canções do site, ou desde o dedilhar na tela do seu smartfone, a cada respirar é um novo oxigênio nos pulmões, são outros problemas e soluções. Por mais que sejam monótonos e repetitivos, o dia trás coisas boas e ruins. Escolha pensar nas melhores delas, e das piores deixe as mais simples. Não protele atenção ao que se faz necessário, mas não perca tempo com águas paradas, agite-as. Aceite certas verdade inescapáveis. 

A passagem da tormenta uma hora acaba, o sol aparece, o sorriso resplandece e começamos novamente, do zero ou do sétimo posto, não importa. Comece! Devagar se for preciso, ligeiro se houver ânimo, agarre todas as esperanças possíveis e amarre no impossível.

Acredite!

Viva!

Tudo novo.

Novo, de novo, novamente, mais uma vez, outra vez.

Acredite.

Feliz ano novo para você que acredita nas possibilidades.  



domingo, 5 de maio de 2013

Rawh!


  Onomatopeia que descreve o som de um dinossauro. Um grunhido que demonstra agressividade, mas de fato é utilizado apenas para comunicação casual ou especial. A palavra "rawh" significa qualquer outra palavra que você queira, seguido propositalmente de uma gesticulação precisa, de todo modo tal expressão é desmembrada de maneira carinhosa e faceira. E por estes e outros tantos motivos, sublimei a essência do linguajar dinossaurino em alusão aos majestosos rugidos.
 O Panthera leo, em sua forma diminuta, possui um timbre singular que graceja um rugido. O som é meigo e lembra exatamente o que um rawh transmite em sua característica primordial. Justamente o que me vem a cabeça quando ouço algo parecido, relembro o teu manifesto em plena intimidade. São pequenos traços, de linguagem e técnica, que me mostram significantes e, às vezes, intrigantes objetos de análise. O rugido é marca registrada, bem como o andar que desfila em aceleração retrógrada e a degustação sonora conjunta aos complementos de imaginação ou continuação das ações oníricas. 
 É difícil encontrar algo que brote-lhe sorriso em tempos de hostilidades gratuitas. E das coisas mais simples, como o céu da manhã do quarto dia, é que se pode obter momentos únicos de satisfação plena e que ainda há uma felicidade latente que aguarda o atiço. Um aperto, uma mordida, um rosnar, um soluço involuntário... Tudo isso me faz perceber que o simples é mais saudável.
 Ouvi algo que eu sempre me perguntei se seria, e me fora confirmado. Radiante minha mente vagou por outros bocados a partir dali, foi um instante, um mero fracionar de segundos que me mostrou além do que eu jamais vi, vi um futuro em si. Sem expectativas, sem frustrações, só o dia após dia sendo feliz com aquilo que eu mais amo, as pequenas coisas, a busca da acensão, o acreditar no impossível sem julgamentos e com as mãos dadas para o mundo de possibilidades. O mais impressionante é que esse tipo de coisa só pode ser apreciada com a raça que possui um rugido perspicaz, um timbre específico, um movimento que denuncia afeto, sim são seres raros, porém não difíceis de serem vistos aqui ou ali. Cada linhagem desse tipo de criatura têm uma cateterística que conquista, que abrilhanta os olhos, que rouba sorrisos, que arranca suspiros e faz um bem danado. 

 Você já ouviu algum "rawh" por aí?

 Eles são expressivamente cativantes, não são de logo o mesmo rawh, entretanto se apresentam de outras formas, um apelido, um bordão, um gesto maroto, um dedilhar... Será sempre a expressão, fonética ou gestual, que te fará se sentir bem, onde lembrarás mesmo em tempos ruins que existe algo bom no mundo, será isto que te marcará para sempre quando você ouvir o mesmo nome daquela pessoa, será a primeira coisa que desejarás esquecer naqueles momentos de raiva, mas esta marca, esse ressoar de felicidade agregará teus preceitos de alegria, somar-se-á ao teu conjunto de coisas boas da vida e por fim repousará na lembrança de um instante perfeito.



Sexta Vida em Sétimo Posto

E foi naquela noite de sexta-feira que nos vimos pela última vez.
A chuva castigava o paraíso como revolta de um tempo bom descriminado pelo desdém. Não era tão tarde como o de costume, mas para mim era tarde demais. Andei sem rumo, sem parar, sem pensar em pensar sobre as coisas, os pontos e luzes me guiavam pelo mundo, sem avisos que era certo ficar, sem palavras fortes para que eu fosse, embora, só havia minha própria dúvida, o que alimentou meus demônios tão bastante quanto eles puderam devorá-la. E de volta ao marco zero de número sete, eu sentei ali mesmo, na molhada areia da praia e postei a chorar.
As lágrimas eram almejadas pela chuva que molhava minh'alma, a brisa gélida do mar me aquecia mais que minhas esperanças de um futuro brilhante, copiosamente escorriam as palavras que eu não conseguia pronunciar, era meu momento de desabafo.
Você apareceu ao longe, gritou por mim, disse coisas que só você poderia ter dito, mas de nada adiantou. Fiquei encharcado do marasmo em que me posicionei, precisava de alguma coisa para me agarrar, algo que me forçasse a seguir para qualquer lado que seja, precisava de uma motivação, ímpeto este que vagamente povoa minhas calculadas ações. E em desespero eu agi. Fiquei de pé e encarei o mar revolto, o frio tremia peito e mãos, pulso firme era estremecido por singelas lufadas de vento, respirava fundo entre soluços. Caminhei rente.
Lembro-me que você gritava para que eu não fizesse aquilo, me gritava que não era a solução, mas o grito de confusão que reverberava dentro de mim era maior, não me fez entender as tuas palavras que resgavam as linhas de chuva pesada. A areia mesmo fria e molhada ainda conseguia penetrar entre-dedos, polvilhando os cristais no decorrente. 
A primeira onda veio. Senti a fina camada da manta espumosa engolir meu pisar.
O agressivo mar já aguardava meu corpo, chamando cada vez mais forte e violentamente. Caminhei firme para minha única saída, sem imaginar nada, sem lembrar de rostos, sem acreditar na vida ou na morte, era apenas o frio, a chuva, meu corpo, minha vida. Ouvi o sussurro dos ventos pedindo socorro, era Você, desesperado em própria contenção para não perder-se na chuva que desabava no paraíso. Já com as escuras águas em joelho, me balançando no molhar, vi pela última vez tua forma.
Lembro de cada detalhe de tua feição ígnea de negação e descontrole. Você tentava sair debaixo do quiosque mas seria mortal, a tormenta que abrigou a cidadela era a mesma que me impulsiona ao mar daquela noite. Não havia nenhum telespectador além d'Ele, este que se evaporava e definhava a cada tentativa de salvamento.
Mirei o horizonte, respirei fundo e continuei. Vestido em roupas, despido em espírito. Nada além da busca pelo sincero e íntimo infinito, nada além do meu sentido e razão, nado. Assim que o mar me abraçou em um dragar borbulhante, relaxei os músculos, abri a mente, vi o turvo da superfície se conflitar com o perfurar da chuva, logo fechei os olhos e afundei. O zumbido da mente se fora, o silêncio permaneceu firme, o fluxo marítimo me embalou ao ninar, adormeci do mundo, um sono perpétuo.

sábado, 4 de maio de 2013

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 Regra número 1: Você tem que se divertir, mas quando você tiver acabado, vai ser o primeiro a correr;
 Regra número 2: Apenas não se apegue a alguém que você pode perder;
 Regra número 3: Use seu coração em sua boca, mas nunca em suas luvas, a menos que você queira provar da derrota;
 Regra número 4: Têm que parecer pura. Beijo de despedida na porta e deixe ele querendo mais, mais...;
 Regra número 5: Demonstre sempre querer se verem. A atenção é isca para a captura certeira;
 Regra número 6: Você tem que ter opções. Sempre tenha um plano A ou B para se distrair enquanto um ou outro estiver ocupado;
 Regra número 7: Acompanhe suas atividades e interaja de forma sutil. Como se também gostasse das coisas que ele/ela gosta. Fingir sempre que possível;
 Regra número 8: Não avance nas intimidades. Conhecer amigos e parentes é arriscado e pode causar transtornos;
 Regra número 9: Quebre a rotina. Estar em atividades vistas como "nunca imaginadas" é sempre bem-vindo; uma saída na noite, uma praia pela manhã ou um filme pela tarde, sempre algo inovador e íntimo;
 Regra número 10: Demonstre não saber lidar com as emoções do coração. Pessoas confusas são charmosas.

Tudo Tranquilo


-Oi, como você está?
-Tudo tranquilo, e você?
-Também, tudo bem.


 Comigo sempre está tudo tranquilo, às vezes um pico de felicidade que estende-se por perímetros qualitativos, dando um potencial melhorado, outras vezes uma tristeza imaginada, para confortar apenas o próprio ego que precisa de alguém. Assim correm os dias, entre um bem-estar um não-tão-bem-estar. A vida é assim para todos, cabe a gente perceber sobre o que vale a pena sofrer ou sorrir.
 Não se preocupa se você não me ligou no outro dia, se não me convidou para sair na sexta à noite, se no meu aniversário não me mandou um sms sequer. Não atordoe a mente que ignora minha presença com coisas bobas assim, eu estou tranquilo, ousando dizer ótimo. Juro.
 Quando você aceita as condições do universo e faz de tudo para que no seu aspecto personalíssimo você tenha uma disposição de cem por cento no teu querer, quando você deixa a vida seguir, quando é só isso que te resta, quando você faz tudo isso: o mundo gira. Eu já dei a muita gente razões para ficarem e partirem, mas nunca vi um bom motivo que me convencesse a se importar, hoje não. Acredito que mesmo não tendo nada em meu peito, as emoções serão como um bom e velho café: forte, doce/amargo e enérgico.

 - Está tudo tranquilo. Juro.

Certo que uma hora ou outra as memórias dos bons momentos nos perseguirão, nos secarão a garganta, apertarão o peito, mas ficarão na memória das coisas boas, por mais que nos façam sofrer elas continuam sendo boas. Uma após outra, sempre haverá uma nova memória de felicidade para nos fazer pensar em nós, no mundo, no presente e no futuro, tudo isso de momentos do passado. Não estranhe, isso é normal, fique tranquilo. 
Posicione sempre seu pensamento para o que você acha prioritário, mas não abra mão das oportunidades.
Negar atenção é vil e desnecessário, pois os olhos que nos saúdam hoje serão os possíveis mesmos que brilharão por nossas conquistas. Devemos sempre levantar a cabeça para não escorrer as lágrimas, sorrir sempre que vir aquele balbuciar prevendo choro, devemos nos segurar nas memórias boas, de tão boas poderiam gerar um spectum patronum. É assim que a armadura do bom senso vai moldando nossa pele e mente, desfragmentando tudo que for mau e inútil, numa progressão de dentro para fora.

-Sim, tudo tranquilo.

Quando a noite vai chamando o dia e este a presenteia com um céu rosado de nuvens douradas, é nessas horas que eu me sinto melhor. São as novas oportunidades, novas experiências, novos contos e momentos que surgirão. É um novo dia para se sentir tranquilo.

Apenas o céu

Foto por @sanamaru O amargo remédio se espreme goela abaixo, a saliva seca e o gosto de rancor perdura por horas. Em vez de fazer dormir ele...