terça-feira, 30 de julho de 2013

Chaplin


Ei! Sorria... Mas não se esconda atrás desse sorriso...
Mostre aquilo que você é, sem medo.
Existem pessoas que sonham com o seu sorriso, assim como eu.
Viva! Tente! A vida não passa de uma tentativa.
Ei! Ame acima de tudo, ame a tudo e a todos.
Não feche os olhos para a sujeira do mundo, não ignore a fome!
Esqueça a bomba, mas antes, faça algo para combatê-la, mesmo que se sinta incapaz.
Procure o que há de bom em tudo e em todos.
Não faça dos defeitos uma distancia, e sim, uma aproximação.
Aceite! A vida, as pessoas, faça delas a sua razão de viver.
Entenda! Entenda as pessoas que pensam diferente de você, não as reprove.
Ei! Olhe... Olhe a sua volta, quantos amigos...
Você já tornou alguém feliz hoje?
Ou fez alguém sofrer com o seu egoísmo?
Ei! Não corra. Para que tanta pressa? Corra apenas para dentro de você.
Sonhe! Mas não prejudique ninguém e não transforme seu sonho em fuga.
Acredite! Espere! Sempre haverá uma saída, sempre brilhará uma estrela.
Chore! Lute! Faça aquilo que gosta, sinta o que há dentro de você.
Ei! Ouça... Escute o que as outras pessoas têm a dizer, é importante.
Suba... faça dos obstáculos degraus para aquilo que você acha supremo,
Mas não esqueça daqueles que não conseguem subir a escada da vida.
Ei! Descubra! Descubra aquilo que há de bom dentro de você.
Procure acima de tudo ser gente, eu também vou tentar.
Ei! Você... não vá embora.
Eu preciso dizer-lhe que... te adoro

Dos motivos.

 Pensava que escrevia por timidez, por não saber falar, pelas dificuldades de encarar a verdade enquanto ardia, arvorava, arfava. Há muitos que ainda acreditam que começaram a escrever pela covardia de abrir a boca. Nas cartas de amor, por exemplo, eu me declarava para quem gostava pelo papel, e não pela pele, ainda que o caderno seja pele de um figo. O figo, assim como a literatura, é descascado com as unhas, dispensando facas e canivetes. Não sei descascar laranjas e olhos com as unhas, e sim com os dentes. Com as mãos, sei descascar a boca do figo e o figo da boca, mais nada.
 Acreditei mesmo que escrever era uma fuga, pedra ignorada, silêncio espalhado, um subterfúgio, que não estava assumindo uma atitude e buscava me esconder, me retrair, me diminuir. Mas não. Escrever é queimar o papel de qualquer forma. Desde o princípio, foi a maior coragem, nunca uma desistência, nunca um recuo, e sim avanço e aceitação. Deixar de falar de si para falar como se fosse o outro. Deixar a solidão da voz para fazer letra acompanhada, emendada, uma dependendo da próxima garfada para alongar a respiração.
 Baixa-se o rosto para levantar o verbo. É necessário mais coragem para escrever do que falar, porque a escrita não depende só de ti. Nasce no momento em que será lida.

Fabrício Carpinejar.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Tenho medo.


Tenho medo de me machucar
por isso, não me atrevo a arriscar.
Tenho medo de me envolver
por isso, não me atrevo a te ter.
Tenho medo de me iludir
por isso, nem tento te conseguir.
Tenho medo de me expor
por isso, vivo sufocando o amor.
Tenho medo de me apaixonar
por isso, estou sempre a chorar.
Tenho medo de querer
por isso, nem quero mais te ver.
Tenho medo de me abrir
por isso, estou a ponto de explodir.
Tenho medo de falar
por isso, não consigo te escutar.
Tenho medo de poder
por isso, vivo a me esconder.
Tenho medo de pedir
por isso, estou sempre a fugir.
Tenho medo de errar
por isso, nem chego a lutar.
Tenho medo de sofrer
por isso, chego a te ofender.
Tenho medo de sentir
por isso, estou sempre a resistir.
Tenho medo de mudar
por isso, eu não posso confiar.
Tenho medo de morrer
por isso, não consigo ter você.
Tenho medo de confundir
por isso, eu não posso permitir.
Tenho medo de decepcionar
por isso, não consigo te agradar.
Tenho medo de me encontrar
por isso, não vou te procurar.
Tenho medo de precisar
por isso, eu não vou me entregar.
Tenho medo de perder
por isso, não consigo combater.
Tenho medo de terminar
por isso, nem chego a começar.
Tenho medo de me apegar
por isso, eu não posso te lembrar.
Tenho medo de amar
por isso, eu não posso nem sonhar.
Tenho medo de vencer
por isso, me contento em viver.
Monique Frebell.



Neofobia


 Meu maior medo é viver sozinho e não ter fé para receber um mundo diferente e não ter paz para se despedir. Meu maior medo é almoçar sozinho, jantar sozinho e me esforçar em me manter ocupado para não provocar compaixão dos garçons. Meu maior medo é ajudar as pessoas porque não sei me ajudar. Meu maior medo é desperdiçar espaço em uma cama de casal, sem acordar durante a chuva mais revolta, sem adormecer diante da chuva mais branda. Meu maior medo é a necessidade de ligar a tevê enquanto tomo banho. Meu maior medo é conversar com o rádio em engarrafamento.
 Meu maior medo é enfrentar um final de semana sozinho depois de ouvir os programas de meus colegas de trabalho. Meu maior medo é a segunda-feira e me calar para não parecer estranho e anti-social. Meu maior medo é escavar a noite para encontrar um par e voltar mais solteiro do que antes. Meu maior medo é não conseguir acabar uma cerveja sozinho. Meu maior medo é a indecisão ao escolher um presente para mim. Meu maior medo é a expectativa de dar certo na família, que não me deixa ao menos dar errado. Meu maior medo é escutar uma música, entender a letra e faltar uma companhia para concordar comigo.
 Meu maior medo é que a metade do rosto que apanho com a mão seja convencida a partir com a metade do rosto que não alcanço. Meu maior medo é escrever para não pensar.

Fabrício Carpinejar.

sábado, 27 de julho de 2013

Onde?


 A vida?

 A vida é tão frágil...
 Ela é um sopro breve, um fio de cabelo, um cristal em queda...

 A vida é tão curta quanto a música favorita, tão longa quanto uma aula chata de matemática, tão séria quanto um pedido de casamento, tão engraçada quanto um vídeo de algum bebê rindo... Isto é a vida. Momentos sequenciados de acontecimentos dramáticos, para defini-la criamos as lembranças, as datas comemorativas, cultivamos o tempo.

 O molhar pés ajuda na captação da essência, mas não é tudo. É necessário, também, o restante do ritual. Começa com a ideia, vem a ação, a transformação, e por fim o grande resultado. Mude. Avalie e questione não apenas o que incomoda, mas principalmente o que é bom. Às vezes, o suficiente corrói a potencialidade, e se você não questionar tudo e muito mais, logo se contentará com o que tem nas mãos, e isso é medíocre, pois quando se tem algo nas mãos pouco se dá valor. Instabilidade é a maior certeza do absoluto. 

 Querer não é precisar, precisar não é querer. Assim como, nem tudo o que faz bem é saudável, e vice-versa. Assim como a vida, ora trágica, ora mágica. O lavar pés na salinidade maior se faz extremamente necessário, um fetiche. Com este artifício a primazia das ideias decanta no infinito que desemboca n'água, algo tão figurativo quanto o efeito borboleta.

 A vida?
 A vida é tão rígida...
 Ela é um golpe flanqueado, a montanha mais ingrime, um caminho ígneo...

 Atravessar os campos de centeio sozinho é fácil, difícil é enfrentar os vales sombrios sem pedir ajuda, sem olhar para trás, sem temer o desconhecido, e é por isso que o ser humano busca companhia. Não uma qualquer, mas uma que faça diferença em sua vida, uma que faça diferente de você, uma que ninguém poderá arrancar da sua memória. Isto também é vida, não mais do que a sua vida fora de você, metade de tua alma que encandece outro corpo.

 Esta outra parte, a qual você não controla, vai te alegrar nos dias difíceis, vai te entristecer nos dias mais alegres, vai te dar a mão em ajuda, vai te derrubar sem pensar duas vezes. Altos e baixos de uma vida em conjugado. Se tiver sorte, o que é raro em dias de luta, encontrarás algo ideal para você.

Ideal: Alguém que somará aos teus ideias, sua ideologia e buscas serão incrementadas com um pluralismo que você, sozinho, nunca seria capaz de fazê-lo. Alguém que subtrairá teus medos, rancores e raiva, transformando-os em coisas mastigáveis e digeríveis. Alguém que multiplicará você em dois, em três e até em dez quando necessário, quando as prioridades forem maiores que você ou quando você precisar de uma torcida extra para conseguir um certo feito. Alguém que dividirá despesas, dúvidas, certezas, carinhos e tristezas.

 Fujas das pessoas idealizadas. É pura utopia. O Homem/Mulher ideal: Tem X biotipo, tem Y temperamento, tem Z qualidades e quase O defeitos.

Utopia!

 Tem gente que não sabe amar e tem gente que não sabe o que é amor. Declarações exacerbadas, quietudes prolongadas, nenhum desses são exemplos de afeto e desafeto, pois o Querer-bem é intrínseco, não se deixe enganar. Se quiser alguém para amar, ame a si mesmo, se quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo, depois disso, aprenderá que o teu lado é bem mais valioso que a aposta no incerto. Mude! Não se machuque com tão pouco, não ganancie tão muito, estabilize seus planos e fique pronto para a instabilidade. Essa máxima das possibilidades dá um charme para as variáveis que permutam nossos sonhos.
 Peça um tempo de tudo, esqueça do mundo, se perca dentro de si, só assim você se encontrará, em algum lugar, aqui ou lá, numa esquina qualquer ou mesa de bar, mas vai encontrar e duvidar, de alguém para amar.
 A vida?
 A vida é um mar de possibilidades... E não se esqueça de molhar pelo menos os pés.


sexta-feira, 26 de julho de 2013

Com Os Dedos


O forte vento balançou as folhas das árvores, ouviu-se as vozes dos ventos. Um som constante que relaxava a mente daquela tarde de domingo. E nós, logo abaixo destas, conversando sobre nossas temperanças, ficamos a sentir o vento como um massageador natural, o som das folhas acalentavam o coração e logo, ficamos pequeno para tanto.
Lembro-me que enquanto desenhava espirais na terra com um graveto, você machucava as próprias mãos em contagem, riscava o chão com as mesmas e logo depois procurava outra coisa para brincar. Nunca tinha visto algo tão singelo quanto uma criança meio rechonchuda, com grandes bochechas rosadas e lindos cachos presos em brilhantes prendedores de cabelo, sua roupas era simples, com cores suaves, ajudavam a pele esbranquiçada tomar uma cor mais pálida. Minimalizada pelos ventos, te vi em forma de criança, te vi por dentro de teus amendoados olhos.
Fiquei apreciando aquela sua descoberta com as formigas que beliscavam a pele, sua preocupação com os pés quase descalços, e sua respiração profunda ao falar sobre o que ser quando crescer. Engraçado falar sobre isso quando já é grande, pois temos várias ideias, mas no Eu interno, nossa criança interior que agasalha nossos sonhos, eles sempre respiram fundo em esperança, temendo a si, temendo o tempo. Uma das coias que eu gostaria de ter sempre, era o teu sorriso sincero quando falamos sobre coisas banais. A tua risada era mais engraçada que a própria piada, uma gargalhada gostosa que parecia ensaiada. Os ventos brandavam nossas conversas com lufadas preciosas como uma forma de proteção.
Assim passou o dia, entre conversas cheias de sonhos, contos e tantos pontos. Uma hora e outra na realidade, mas sempre voltando ao ser infantil. Palavras sinceras em um lugar enfeitiçado. A tarde trouxe um espetáculo nos céus, tantas nuvens no firmamento que nem dava para contar. Lembro de brincar com elas, te vi dedilhando algumas, como se desenhasse algo, mas na verdade tudo o que você queria era deixar uma mensagem, escrever nos céus que naquele dia você foi feliz com nada. Que viu a vida de uma forma mais simples que pretendia, que o âmbar do crepúsculo também te chamava a saudade. Fomos para casa deixando uma cidadela que nunca vimos, que poderemos nunca mais ver, mas seremos sempre gratos por ter estado ali, "Obrigado por ter vindo" eles diziam.
No fim da estrada não havia uma placa de "volte sempre", mas no céu havia um dizer: Sou Feliz.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Abrir os olhos.



Vi o dia acordar.
Da expectativa de raios do sol até o esplendor do astro maior.
Foi naquele dia que me vi vazio em esperança, acreditando que seria apenas aquela noite. E depois daquela noite infinita, vi o dia acordar.

Na verdade, você abriu as cortinas como se quisesse que o mundo nos descobrisse, puxou as cobertas da timidez e sorriu brando, olhou pelos cantos, e mais uma vez brilhou o olhar, um brilho de faca que ainda atordoa minha inquietude.
Os dias se passaram como se não houvesse o ontem, como se você sempre tivesse do meu lado, ontem, hoje, e amanhã. A madrugada precaveu-se de prevalecer entre os pensamentos secretos, era ela a cúmplice perfeita do nosso crime. E eu sempre fico a me perguntar, enquanto perfuro o teto com o olhar da amplitude e assim que vislumbro o estrelado céu, me pergunto se aquilo é certo, se é errado, se você está confortavelmente feliz por agora. Pois é isso que importa, quando os segundos correm e apressam as horas, o que importa é a minha importância em teu aspecto desajeitavelmente cativante.

Vi o dia acordar.
Engraçado como é bem mais escuro antes do alvorecer, as nuvens somem, só ficam um polvilhado estelar e um rabisco de negritude no horizonte que logo é engolido pelas cores. Do saudoso âmbar, passando pelo roseado, atravessa uma brisa de verde e anil até que, finalmente, o dourado consome o firmamento e nasce mais um dia. Se você olhar bem, verá que os raios do sol atravessam a rua sem olhar para os dois lados, pois ele tem certeza que deve fazê-lo, e eles têm a crença justa e mansa que aquele é um bom dia, um novo dia onde tudo pode acontecer, inclusive o nada. Vi, então, o dia acordar.
Mas eu não dormi.
Não preguei o olho um momento sequer.
Relaxo as pálpebras em esmero, torneio teu corpo com as pontas dos dedos, algo que adoro fazer, desenhar com singularidade os arrepios que te frisam a face. Uma ação reflexiva e involuntária, tal qual o ato de apaixonar-se.
O frio convida os corpos a aproximação. Esquenta o ambiente, abraçam-se as almas. Um só corpo mendigando as profundezas do universo, o silêncio do mundo externo, o escarcéu de nossa respiração, algo que acalma, bem como o mar com suas idas e vindas do manto borbulhante afagando as areias pisáveis da praia. Um ritmo consagrado por ser simples e automático, como um sorriso de alento, um suspiro em contento, um momento... apenas um momento... 

Vi o dia acordar.
Já estávamos prontos para uma nova aventura, meio incerta, meio certa de acontecer. Conjurar novas habilidades, marcar no mapa novos destinos, conquistar novos conhecimentos, abranger o vocabulário, léxico, vernáculo congruente. Impacto suave no hábito. O novo situa-se pouco ao longo do novo dia, um passo adiante, uma ambição constante. Algo incrível uma hora ou outra.
Um caminho diferente, novos prédios, um restaurante antigo, um novo hábito, uma música nova, uma dança antiga, contos inacabados, teorias já decoradas. É sempre a mesma coisa nova, uma repetição cíclica de hábitos renováveis, improváveis, formidáveis.

Vi o dia acordar.
Com o pensamento lá longe em Alfa Menor, usando a ponderação para não sair das montanhas têxteis, querer é uma vontade que assassina. Uma ligação com uma novidade ou aflição, nunca será feita, um lugar para relaxar, nunca será visitado, os interesses mais audaciosos a serem contemplados, nunca serão ditos... Esse é um emaranhado que sufoca a garganta enquanto o frio seca o ar. Pontos negativos sádicos que arrastam o tempo para o quase não-corre. Variações de acertos e erros que titubeiam a mente e entristecem o coração, tão simples, tão vulgar.

(Quase não) Vi o dia acordar.
Draga-se para o abissal inferno de si toda a tristeza e confusão de bem-estar. Ser feliz parece distante, machucar mostra-se mais próximo. O caminha resume-se em apenas uma direção, seguir em frente. Para cima, para baixo, esquerda ou direita, mas sempre em frente, não importa a velocidade, se tem uma pausa para o café ou abastecer o tanque, a tendência é continuar. E dos vales mais tenebrosos onde habitam as dúvidas, desilusões e medos, é aqui onde encontra-se o suspiro profundo. Este que uma hora e outra acontece, seja em momentos bons ou precedendo o esporro, ele sempre acontece. Principalmente quando a madrugada é curta e o dia nascerá em breve, logo terei que partir. Seguir rumo para a vida monocromática e repetida. 
Imagino se serei um livro famoso que nunca será lido nem a primeira página, ou aquela música que está no player mas sempre é pulada para a próxima que é bem melhor, penso que serei o lugar que desejas ir assim que tiver um tempo livre, porém todo tempo livre é preenchido com qualquer outra coisa, inclusive o desejo em voz alta de ir ao lugar desejado quando tiver um tempo livre, imagino em ser um colecionável que nunca sairá da caixa, ou um tênis bem gasto que nunca mais sairá de casa em pés limpos.

Vi o dia acordar.
A salinidade atravessa as traves dos olhos.
Vejo o tempo parar como se segurasse fôlego para um mergulho profundo. Precisa de peito cheio de ar, coragem e ação. Vem o suspiro, enxugo o canto dos olhos e abraço-te forte. Ter medo do próximo segundo é a prova maior da vivência de algo bom, algo que não queremos perder, escapar das mãos, deixar roubar-te de mim. É certo que a vida não pede licença, o tempo não descansa e a sorte muitas vezes é o revés, as pessoas vão e vêem, a luz acende e apaga, as plantas nascem e morrem, a fome acontece, o corpo fraqueja, o espírito reza. A perfeição de tudo é algo corruptível ao sistema, o ciclo tende ao acontecimento. 
Os fortes serão sempre fortes, mesmo aos prantos, mesmo ao chão, mesmo sorrindo loucamente, e os fracos serão sempre fracos, mesmo tagarelando felicidade, mesmo no poder estatal, mesmo no convívio diário. A força vem do caráter, vem do querer vencer com honestidade. É aumentada por mim, por você, é querer vencer, querer vencer.

Vi o dia acordar.
Percebi então que escolher o melhor de mim não era tão importante, que o mais significante era tentar. Se eu disser Sim, vou ouvir motivos para continuar com o Sim, se eu disser não, vou ouvir motivos para continuar com o Sim, entretanto o Não será agasalhado com carinho e sussurrado todos os dias até que transforme-se em um belo Sim. 
Eu acredito em mudanças. Bruscas e/ou tardias. Acredito também que a aceitação plena não é apenas assentir com a cabeça para tudo, mas aceitar as possibilidades que aderem ao corpo, que os limites exigem mais do íntimo que do externo, e as convicções próprias são dificultosas em transformações. O humano é neofóbico por tradição, e esta corrói todo espírito de mudança quando colocado em marasmo, tanto verdade que a ebulição de sair da zona de conforto já atribui dezenas de calosidades em imaginar tal fato. Aventure-se. Permita-se. Construa todos os dias metas que podem ou não ser cumpridas. Ajude um amigo a ver uma verdade real, perdoe um inimigo por não entender o mundo como você. Acredite na mudança!

Vi o dia acordar.
Entre braços e abraços, senti o mundo palpitar firme e calmo. O melhor momento da noite é sempre aquele que dá segurança, geralmente algo sutil como um olhar, um sorriso, um silêncio, um abraço, um beijo, um momento único e perpétuo. Algo que fará lembrar aquele dia como se fosse o último. E antes que o dia comece, aquele momento será infinito.
Procure agradecer e estar envolto de quem te dá atenção, quem te faz crescer, quem te aceita do jeito louco que é. Há no mundo pessoas que enxugam lágrimas, sentam-se do teu lado e compartilham o teu moribundo silêncio, pessoas que sorriem mais que você nos momentos de alegria, e sentem muito mais na perda, mas estão ali para dar suporte. Eles são extremamente importantes. Cultive-os.

Vi o dia acordar.
E mesmo não criando nexo plausível para uma conversa, tento expressar tudo o que posso em palavras. Escrevo como arte, diversão, escape, desabafo, alegria. Eu a letra, você a música. Um dueto impensado de um zerésima improvável, um acaso kármico de algo valoroso. A minha forma de existir. Luto para ter a memória que me fora roubada, para ter uma integridade afetiva mais ativa, ser alguém interessante aos olhos nus, principalmente quando as emoções enveredam caminhos novos, tortuosos e esguios. 
O dia está acordando e é muito escuro agora, a hora mais sombria. Respiro fundo, aperto nossas mãos e acredito. Não é fácil ser o melhor de si. 

Vejo o dia acordar;
E estarei plenamente feliz quando você abrir os olhos. 



quarta-feira, 3 de julho de 2013

Deliberado


De tantas coisas que aconteceram no mês de junho, a maior delas foi o "Depois eu escrevo". Surgiu assim o mês de Julho e, com ele, as inúmeras publicações atrasadas. Vão desde pensamentos antigos, situações míticas, movimentos revolucionários, relacionamentos estranhos e ponderações acíclicas. Espero que nestes dias me ocorra o insight para uma boa contextualização de tudo, ou no mais deixarei como sempre: solto e salteado.
Para os que sentiram minha falta, peço sinceras desculpas, mas o Brasil pediu minha participação em incontáveis situações, desde o núcleo do lar até a tomada das ruas de minha cidade, o que de bom logo me trouxe um amigo. Tive a grande honra de conhece um caricato jornalista, seu nome Policarpo, de logo já vislumbrei sua peculiaridade e dentre conversas casuais em um boteco local, pedi-lhe que me emprestasse suas notas e apontamentos sobre as grandes situações do cotidiano tradicionalista.
Então, não estranhe caso veja algo de muito polêmico ou capa de jornal, pois dei-lhe também espaço para publicar aqui, entre minhas entranhas imaginárias de perpétuo afeto, um pouco de sua sagacidade motriz, seu furor pelas questões compartilhadas por nós, simples humanos e viventes do planeta azul.

Apenas o céu

Foto por @sanamaru O amargo remédio se espreme goela abaixo, a saliva seca e o gosto de rancor perdura por horas. Em vez de fazer dormir ele...