sexta-feira, 26 de julho de 2013

Com Os Dedos


O forte vento balançou as folhas das árvores, ouviu-se as vozes dos ventos. Um som constante que relaxava a mente daquela tarde de domingo. E nós, logo abaixo destas, conversando sobre nossas temperanças, ficamos a sentir o vento como um massageador natural, o som das folhas acalentavam o coração e logo, ficamos pequeno para tanto.
Lembro-me que enquanto desenhava espirais na terra com um graveto, você machucava as próprias mãos em contagem, riscava o chão com as mesmas e logo depois procurava outra coisa para brincar. Nunca tinha visto algo tão singelo quanto uma criança meio rechonchuda, com grandes bochechas rosadas e lindos cachos presos em brilhantes prendedores de cabelo, sua roupas era simples, com cores suaves, ajudavam a pele esbranquiçada tomar uma cor mais pálida. Minimalizada pelos ventos, te vi em forma de criança, te vi por dentro de teus amendoados olhos.
Fiquei apreciando aquela sua descoberta com as formigas que beliscavam a pele, sua preocupação com os pés quase descalços, e sua respiração profunda ao falar sobre o que ser quando crescer. Engraçado falar sobre isso quando já é grande, pois temos várias ideias, mas no Eu interno, nossa criança interior que agasalha nossos sonhos, eles sempre respiram fundo em esperança, temendo a si, temendo o tempo. Uma das coias que eu gostaria de ter sempre, era o teu sorriso sincero quando falamos sobre coisas banais. A tua risada era mais engraçada que a própria piada, uma gargalhada gostosa que parecia ensaiada. Os ventos brandavam nossas conversas com lufadas preciosas como uma forma de proteção.
Assim passou o dia, entre conversas cheias de sonhos, contos e tantos pontos. Uma hora e outra na realidade, mas sempre voltando ao ser infantil. Palavras sinceras em um lugar enfeitiçado. A tarde trouxe um espetáculo nos céus, tantas nuvens no firmamento que nem dava para contar. Lembro de brincar com elas, te vi dedilhando algumas, como se desenhasse algo, mas na verdade tudo o que você queria era deixar uma mensagem, escrever nos céus que naquele dia você foi feliz com nada. Que viu a vida de uma forma mais simples que pretendia, que o âmbar do crepúsculo também te chamava a saudade. Fomos para casa deixando uma cidadela que nunca vimos, que poderemos nunca mais ver, mas seremos sempre gratos por ter estado ali, "Obrigado por ter vindo" eles diziam.
No fim da estrada não havia uma placa de "volte sempre", mas no céu havia um dizer: Sou Feliz.

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