quarta-feira, 17 de abril de 2013

Céu Vermelho

Meu despertador toca música orgânica, ao som de beijos teus eu acordo com sensação de bem-estar.
O céu é azul, tão mergulhavel... Logo não me bate saudade de outro lugar senão onde estou, envolto ao abraço que protege um universo particular. Ouço um "bom dia" as quatro da tarde, ao lado da cama um vapor conhecido, sublimação de energia e coragem. Na caneca com figuras apaixonadas guarda um amor universal, o preto e forte café.
Ajeito-me em si e fico sem graça. Isso é algo que nunca tive, uma atenção tão potencializada quanto o riscar das nuvens naquele céu rosado. Cairá a noite em breve, mas sinto o dia apenas começar, e desculpa não ouvir tuas palavras, mas tua boca providencia um desejo maior que meus ouvidos podem observar. Você fala e gesticula, não ouço nada e sorrio por teu gracejo meticuloso. Meu café está muito amargo, forte e preto.
Você para e faz cara de petulância, respondo que estou ouvindo, você não acredita, dar de ombros e vai até a janela apontar algo que não consigo imaginar.
O céu é vermelho.
"Ei!" Você clama.
Estou dormindo ainda, mas não fisicamente, talvez um torpor jamais visto, entretanto você não tem raiva de mim, você não ameaça ou briga, você me sorri e senta ao meu lado. Isso é muito estranho, meu café não está descendo como o de costume.
O céu é azul.
Reclamo agradecendo. Você pergunta o que tem de errado, e eu falo sobre o café, você me explica que já vem percebendo isso há algum tempo, que o amargo já não me atrai, que talvez eu esteja querendo algo mais doce, algo mais teu.
O arquear da minha sobrancelha te responde. Você me beija entre um gole e outro, abraça em colo e ficamos a ver o céu, o meu céu vermelho, o teu céu azul, o meu café preto, o teu sorriso branco, o nosso amor azul. Tão mergulhavel.

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