segunda-feira, 29 de abril de 2013

Zumbido

-Por que você se virou? Perguntou ele.
-Porque eu quero ver o teto. Respondi.
-Você já viu o teto descendo, como se ele viesse pressionando tudo até você? Indagou ele.
-Sim. É normal.

Na verdade, é bem comum. Diferente seria eu te falar que mesmo estando no térreo, quando eu olho o teto, sempre o teto, eu vejo o céu. Naquele momento era puro nublar, mas o rosado da cumulus nimbus era o que me confortava. Deixava minha alma quieta, por mais disposição que meu corpo tivera. Queria poder conseguir te mostrar como é simples separar nuvens do teu teto para apenas ver as estrelas, porém você ainda está na fase de ver o teto e no máximo ele desabando em ti. Como um artifício de sobrevivência eu pousei meu pensamento em outro lugar, pois ali era frio, era comum, era mais uma noite qualquer.
Na rua, os carros não passavam, o som do canta-pneus sob a chuva não era ouvido, não havia canções no player, não havia barulho de ventilador, era apenas a respiração e um zumbido.
O zumbido da minha conturbada mente que não parava de especular. As proporções disso e daquilo foram elevadas até os céus, vi meus balões de sentimentos bons, vi aviões de dúvidas e pássaros buscando ninho. Naquele céu que ameaçava chover em mim, não rogava proteção, não sucumbira ao desconforto. Era o mesmo céu que só lá existe, e por um segundo em conversa eu comecei a sentir os primeiros pingos de chuva.

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