Encontro poucos que acreditam no concreto em vez de tentar viver o mundo utópico da geração Wi-fi, vai ver seja por isso que riem de mim pelo meu gosto de receber e enviar cartas, do culto ao belo natural, de saborear os raios de sol e o pálido luar.
Passei a vida em silêncio, mendigando palavras, concordando sempre que possível o meu sacrifício, até para ser humilhado, pois quem mais iria lograr triunfo apresentando a mim como namorado ou amigo? Isso sem rotular algo que não sou, sem vender o produto pela suposta embalagem.
Não tenho vergonha de ser o que sou, quem sou, fazer coisas... e isso não é menosprezar outrem, apenas me conheço e me aceito, tanto que sempre que eu vejo potencial sentimento surgindo eu tento demonstrar o real. Aquilo que eles não conseguem ver ou apenas optam por deixar para lá, porém quando as coisas começam a ficar sérias, quando eu deixo de apenas aceitar e passo a importar, aí não tem como não se magoar, por mínimo que seja, há o apreço até por uma vaia tua.
E depois que eu permitir que você entre no meu mundo, que eu mostre todos os universos, se depois disso você não me amar eu vou morrer. Vou comer as paredes que hoje sangram junto a mim, catedráticas, opacas e frias. Meu medo disso acontecer não permite que eu lembre de rostos, vozes, de peculiaridades. Se você não me ama do jeito que sou, dos meus loucos pensamentos e ações, me sentirei esmagado por um céu que desaba em chuva, será um tiro ao olho nu de borrões. Quero ser de verdade, sem algoritmos imaginários de perfeição, sem a busca de modelos virtuais, aceito você assim, de verdade. Se você não me amar, eu entenderei. Na verdade surpreso fico ao ver o tempo que você desperdiça comigo, pois sabe que só sairá da minha boca se arrancar minha língua.
Será que os mortos conhecem alguma cura para o amor?
Para alguém me querer basta olhar, mas para me amar... Tem que ser alguém muito extraordinário.
Se você não me amar...
Se você...
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