quinta-feira, 7 de março de 2013

Emergentes



Já não bastou a fase Jackson, tampouco Winehouse, agora tudo e todos que se dizem celebridades, ou até, sub celebridades causam impacto superficial. Sim, super-superficial. Como alguém pode chorar sangue por personagens inatingíveis? Seria fanatismo? Fé? Histeria? Decidam e depois do julgamento me chamem, pois para mim isso é palhaçada. Sou revoltado com esse sistema onde você tem que ser histérico em coletivo para mostra-se importar com os outros, onde foi que você do nada virou fã do cantor que acabara de morrer?
No máximo você ouvia uma música ou outra, daí quando vê todos comentando se torna a maior fã do universo, dizendo que o mundo acabou quando soube da notícia, que ficou sem chão, que chorava copiosamente, que deu chilique, que depois de tudo isso esperou aplausos. Esta última você não diz, não é? Não diz, mas nós sabemos. Sim, sabemos. E pelo menos eu, como representante da geração Internet, essa que teve a épica jornada Harry Potter e tantos outros ótimos livros e sagas, essa geração que aprendeu o que é o sistema evolucionista, onde nossos pais eram severos porém davam o de melhor que podiam para os filhos e nós como filhos vendo eles se aperfeiçoarem, nossos pais da geração Coca-cola viram a guerra, viram os gays e seus protestos, viram a corrupção e gritaram por ela, nossos pais de ontem, somos hoje e agora. Muitos da minha geração já estão na terceira geração, amigos avôs já, minha geração foi batida por uma rápida, por uma pronta, essa tal geração Y ao qual prefiro chamar de geração Wi-fi.

Meus ídolos, a maioria mortos pelo tempo, pelo assédio, pelo destino. Meus ídolos, alguns deixados como herança pelos meus criadores, Rei Elvis, Rei Roberto, Rainha Carmem, Rainha Xuxa, Grande Silvio, Aquele Jakson, a Diva Madonna, Cher, Hebe... Tantos rostos televisivos, audicionários, e até jornalísticos. Grandes escritores, arquitetos e grandes juristas, chargistas que atacavam o governo e sua opressão, os humoristas que sempre estavam ali fazendo-nos esquecer das maltratadões vitais.
São celebridades, uns gente da gente, outros apenas figuras obtusas. Mas se você se diz fã, sabe a hora de chorar pelo ídolo, digo isso porque quando os Mamonas Assassinas morreram eu chorei tanto que parecia que familiares tinham morrido, e olha que eu era muito pequeno, mas eu tinha tanto apreço pelas músicas, pela atitude dos amigos, pelo jeito irreverente. Sinto muito por não ter vivido a época deles com idade avançada, por isso que quando teve show do Kid Abelha aqui na cidade, eu fiz questão de ir. São meus favoritos e eles ficaram a poucos metros de mim, tão real, não eram apenas vídeos ou entrevistas na tv. Eu vi que eles eram de verdade e isso me enlouqueceu. Eu pulava, cantava, gritava. Eu era fã, eu sou fã. E se eles morrerem de logo, eu sentirei, muito embora eu não tenha posteres, roupas, coleções de dvds, tenho contáveis coisas deles e de outros favoritos, mas eu tenho eles na vida, tenho as músicas em cada momento da minha vida, eles são trilha da minha história e isso é ser fã.
Ser escandaloso apenas para aparecer é tão diminuto, tão ridículo que te tornas desesperando por atenção. Quando os artistas morrerem e você for fazer algo significante, mostre o quanto eles mudaram a tua vida, quanto eles te acompanharam, não me conte o que tu tens no armário ou que sem eles você não pode viver. Honre a geração que você faz parte, se é aquele onde as grandes transformações do mundo aconteceram (primeiro negro presidente, primeira mulher presidente, primeiro brasileiro no espaço, descoberta da cura de doenças, casamento gay) em vez de fazer cena, faça jus aos seus princípios e ideias, caso tenha algum. Se você for da nova geração, a da geração "faço porque todos fazem", então compartilhe seu silêncio em vez de vazios comentários e condolências opacas.

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