Tudo sobre mim.
Tudo sobre mim.
Era tudo sobre mim.
Eroticamente, pus as mãos na abotoadura da bermuda e te olhando fixamente, baixei-as tão devagar quanto pude. Um pé suspendeu para que logo o outro pudesse se livrar do pano que vos chamava atenção. E na minha cabeça, tudo era erótico. Você não pisca, não se move. Tacitamente aceita minha presença ali, nas areias que um dia ninguém conhecia. Você, estranho que nunca se esbarrara comigo antes, estava no lugar que nunca estive, e descobriu meu crime. O que mais poderia fazer a não ser aceitar sua presença? Com as mãos ao redor do corpo, percorri cada parte, me certificando, pausadamente, que ia ficar completamente pronto, despido para o que estava pronto. Para o que já sai de casa pronto para enfrentar. Mordi a boca com cuidado quando pisei fundo para guardar as vestes em local seguro. Fiquei com medo de te perturbar, mas se você mexeu eu não percebi. Estático como um mero bibelô, ficou ali até que pudesse me perder de vista. E foi assim que, nas areias mornas de saudade, nos vimos e nos despedimos, como se nunca houvesse tido esse momento. Caminhando maciamente para dentro das águas, olho por ombros e te vejo ainda lá, começando a caminhar leve, talvez sem destino, como se em resposta ao que fiz. Deixei acontecer um dia de sol.
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