-Estou atrasado!
Foi assim que acordei. No peito a euforia de ter corrido quilômetros atrás de um repugnante ser, nas pernas a câimbra, nos olhos a visão do real. Os lençóis ao chão como eu esperava, usei-os para subir do buraco que cai outrora, eu suava sem parar.
Espalhei olhos tentando assimilar o que tinha sido aquilo, será que foi verdade? Será apenas um sonho louco? Será que foi uma alucinação acordada? As dúvidas voaram sobre minha cabeça dando razantes pitorescos.
Levantei temendo cair novamente. Pisei com calma no chão frio, seria real ou fingimento? As palmas dos pés fixaram, suspendi o corpo como se fosse saltar, equilibrei-me e apanhei os lençóis. Fui acalmando o corpo e a mente aos poucos, caminhei até o fim da cama apanhando tudo. Arrumei-a e fui pegar meu celular.
Era hora do sol nascer, a madrugada começara a perder força e os primeiros raios do sol ameaçavam as trevas. Não acreditei no estalo que minhas mãos deram, fiquei estático. Meu celular descansava sobre um livro, mas não fora isso que me tremeu as pernas.
-Siga o coelho branco. Sussurrou uma voz aninhada.
No quarto uma turva forma ia-se, não entendi o que era aquilo ou quem. Cocei os olhos em descrença, voltei ao celular. Apitou. Era um email. Tomei-o e vi o conhecido livro, F.U. Coelho, esse era o autor de um dos melhores assuntos que já estudei, no e-mail promocional tinha um título interessante "Não se atrase", deixei o celular do mesmo jeito e fui higienizar-me.
Ao ligar a TV para que eu pudesse ir tomar banho ao som do noticiário, não me tentei a esperar alguma coisa, mas ouvi a matéria aos cortes do banho. Empresários lucram 150% a mais nesta páscoa, mercado crescente precisa de funcionários qualificados, cursos de aperfeiçoamentos potencializam currículo... Não teve nada naquele bloco que deixasse minhas orelhas quietas. E ainda de toalha fui verificar o telejornal, molhado estava, curioso fiquei.
Esta foi a manhã de hoje, depois de um insano sonho onde eu conversava minhas teorias mais ocultas enquanto tomava chá. Não sou de esperar sentido, vivo no impossível, e sendo assim, não posso me atrasar.
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