De todas as formas de declaração, a única que existiu fora aquela pré programada. E creio que esta só existiu por conta disto, pagamento anterior e ausência física, mas tudo bem, é da vida. Eu sempre quis aprender a tocar um instrumento e fazer minhas próprias músicas ao sonolento som, nada de muito extravagante, se bem que de simples nunca tive de ter nada. As cordas sempre me chamaram atenção pelo soar sincero de quem as tocam, são emoções reverberadas com precisão.
Com os pés no chão, eu fico apenas a desejar que um dia eu ouça algo para mim, leia algo que me traga saudade ou uma pintura, rabisco ou arte qualquer. Um poema simples esparramalhado ao chão até cairia bem, porém não posso cobrar nada. Não sou poeta, nem músico, no máximo um teórico do infinito particular. Mesmo sem ter noção de como agir, me vem uns refrões ou salteiam pensamentos conjecturados ao timbre. Ainda com os pés tocando um violão imaginário, pensando em sentimento inexistente e pessoa que nunca virá, ainda com os olhos reunidos aos céus, me pego tentando fazer algo que não tenho a mínima aptidão e ainda com encontro de mãos, com o coração batendo, sussurro teu nome em refrão.
A melodia é a da noite, com grilos e animais estáticos. O vento faz ponte, os risos acordes e minhas palavras açoitam a realidade. Meu timbre é rígido, perfeito para um gutural alemão, mas meu português é pesado, palavras cortantes como um lobo uivando. Meu fôlego não resulta além de fumaça fria que escoa para fora das gargantas mais frias, da minha garganta arranhada pelo frio da noite. Desisto de compor, desisto de cantar.
Me resta apenas aqui, para contar mais um fracasso de minha vida. Tentativa de um querer impossível, sobrando apenas dois pés de pé sobre um princípio e duas mãos ansiando pelo calor de outras.
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