Talvez ela tenha razão. Talvez o céu seja mesmo azul.
Vai ver seja por ser melhor ficar distante que acabara de acontecer o fim. Dissipou com esmeril degradè aquela composição de interesse, como uma ventania que sustenta a poeira em redemoinho, como um trincar de vidros repentinos, como um desgosto pelo comum. Findou-se em si, uma autodestruição invisível que só acontece no infinito particular que eu crio. Acabou.
Manter uma distancia proximamente longínqua é o que me deixa confortável para ir e vir sem ter que muito explicar. Não voltarei com margaridas na mão, nem sei se conseguirei seguir calçado, tenho tanto para enfrentar que o que possuo não importa muito, contanto que eu continue sentindo o sol sobre os ombros esguios, o luar entre o bater de dentes e os climas mutáveis desta dimensão, sempre seguindo em frente. Rente só o coração.
Me sinto como um metódico desorganizado que, em busca de prazer celibato, costura ácidas nuvens de querer. Na verdade algo tóxico, sim muito tóxico. Usando fios de randamônio para deixar fluorecente os ideais conquistáveis, atraindo outros eventos, acumulando desejos ríspidos de crias agudas. Esse sou eu. Por ser um pouco distante, peço aproximação, nada além de uma esfera amistosa de vínculo vibrante. Me ter como potencial amante é como engarrafar cicuta, vende-se bem pelo rótulo, um pouco de gás e agito e o som é explosivamente dançante, com gosto tipo agridoce (meio agri, meio doce), mas por fim a morte.
Não é ácido, é veneno. Pensei que fosse venenoso por sentir dores, as dores que sentia eram de coisas que me maltratavam, então era só sarar que eu seria novamente saudável, não seria mais venenoso. Pequei. Pois o tempo passou e eu me afastei, evadi de um mundo cruel e monocromático, criei então um mundo seguro de tudo que faz mal, criei vários universos para meu próprio contento, mas isso não foi o suficiente. Eu me adaptei ao ir e vir dos universos, ora os meus, ora o teu. Entretanto, continuei venenoso. Todos que chegam a conhecer o toque do meu sentimento morrem, subitamente envenenados. Cicuta. Fui chamando pelo Id de Mamba Negra, e isso me marcou. Meus poros em tempos incontroláveis expelem veneno. Ácido. E eu hoje, entendi o porquê.
A dor que eu senti foi tão grande, tão marcante, cruel, destrutiva e implosiva que aniquilou minh'alma. Tão profunda que invadiu meu espírito, pingou ódio no receptáculo da esperança, contaminando o eu. Amargou-lhe o espírito e envenenou a minha vida.
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