quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Se Deixe Chover



     Se você me emprestar sua alegria, talvez assim eu possa ver o mundo girar, talvez eu possa sentir o tempo passar. Se o dia não raiar, o que serão dos meus medos? Entenda que o apocalipse existe dentro de nós a cada novo dia, é uma constante guerra contra o fim de tudo: das raivas, medos, anseios, desilusões, mentiras... São tantos defeitos que as qualidades se penduram em penhascos hipócritas acobertados por finas camadas de neve cínica. 
    Eu não nasci para ser feliz, vai ver seja por isso que eu veja o mundo de uma forma desorganizadamente síncrona. Não estar fadado à felicidade não quer dizer que esta não exista, que eu não possa senti-la, apenas advém da minha vontade, do meu eu natural a busca infinita e exaustiva por um breve momento de satisfação pessoal. Acredito que isso se chame resignação. Algo que você processa em sentimento, entende as circunstâncias que provém de fora ou de dentro e administra da melhor forma. Não significa que eu deixei de importar, que não dói mais, que não sinto falta, ao contrário, a saudade fez se companheira, o incômodo é desagradável mas suportável e a dor... a dor é ferida exposta que arde quando a água toca e envereda a carne, mas se não houver agente que toque-a, a dor apenas é marca que espera em reza cicatrização.
     Permita-se. Se deixe chover.
     Abrigue a possibilidade remota de um impossível. Não importa o que você seja verdadeiramente, mesmo que não saiba onde você esteja ou por onde siga o seu ser, apenas faça a busca do belo. Acredite. Muito que não faz sentido acaba dando vazão ao coração, um repeteco de chiliques que desemborcam em figuração de um aspecto feliz.

 

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