terça-feira, 6 de novembro de 2012

Windmill



     O embaçado se fez na visão, dilatou-se a mente e turva fez-se a realidade. Imersão. Girava em alegria de si o colorido e saudoso acolhedor de brisas, ouvi o sopro anunciar teu nome, e dali avistei o desentranhar de uma vontade antes adormecida em esperanças. Teu nome cintilou nos conta-tempos, caminhou entre as traves que ascendia em felicidade, sombra se deu para acalmar os ânimos e num arrepio, vibrou meu instrumento de comunicação.
     A música que vinha dali era tão familiar quanto a ronquidão dos carros lá na rua. Era uma simples mensagem de texto, provinda de um tempo qualquer, e dilacerada por simples algozes que se dizem gostarem de ti. "Sinto sua falta" dizia esta. A ventania gritou meu nome do lugar mais esquecido da terra, o cheiro amadeirado no ar me levou àquele lugar de onde me tiraram o sono. O campo aberto do teu meio sorriso.
     Vi o mesmo por-do-sol, ambárico e estático, como eu o vira da ultima vez. Vi também os campos de centeio que cultivávamos outrora. Estava tudo lá, do mesmo jeito. Mas ouvi alguém chamar meu nome e a cada ressoar vibravam cores daquele lugar, ora vívidas, ora opacas. Senti que não era para minha pessoa estar ali, não mais. O calor era sabido e me conduziu automaticamente para a realidade. "Acorda-te" sussurrou ele.
    E de fato acordei, o nítido era tenaz, o barulho de tudo estava novamente ali, tal como o irritante som do furta-vento. Olhei para o eletrônico que jazia sob minhas pernas e nada vi de diferente, apenas uma digital. Uma marca em combustível sólido de cor negra, resultante da combustão incompleta de matérias orgânicas e que encerra uma proporção elevada de carbono.

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