Cheguei com um sorriso maroto, com andar ligeiro e tímido por entre as pessoas até te ver. Corri os olhos já cumprimentando todos, acenando e falando olá, até que sucumbi ao teu olhar, não era um olhar qualquer, era um olhar de expectativa. Desconcertei na hora em que teu profundo olhar me conduziu ao teu lado e já temendo fazer algo bobo, fugi.
Receio tive enquanto conversava palavras poucas e arriscava passeio óptico, mas todas as minhas caminhadas em visualização, era atacada por teu sublime olhar, um chamativo e tímido olhar de quem não quer nada e te convida para sentar. Um olhar tão deliberadamente marcante que não consegui ser eu mesmo, ou melhor, fui exatamente eu mesmo. Sem atitudes marcantes, sem conversas inteligentes, sem risadas e piadas extravagantes, fui apenas um garoto comum que fica de canto esperando ser chamado para dançar, mesmo sabendo que isso nunca irá acontecer. Timidamente te observava e acredito que você nunca saberá o quão feliz eu fui naquela noite em que te tive em mente por exatamente 13 horas seguidas, uma fantástica noite em desconcerto íntimo.
Sempre que você se aproximava eu evadia do local, mudava de assunto, chamava por outras pessoas. Covardemente desejava conversar contigo, sentir o teu cheiro que arrepiava meu ser sempre que nos aproximávamos, te tocar era medonhamente feliz e apesar das fotos não mostrarem, eu sempre tremia quando nos tocávamos, até num singelo esbarrar de ombros me deixava desnorteado, me deixava sem saber o que fazer, o que falar, para onde ir, me fazia desaprender a respirar, meus passos eram de alguém que acabara por aprender o andar. Tudo era tenso e nervosamente agradável.
Pensei que ninguém perceberia meu desconcerto do teu profundo olhar que gritava meu nome em silêncio. Mas eles perceberam, eles sempre percebem. O que me gerou inquietação, pois por mais que eu quisesse estar contigo, abraçar-te, tocar os teus lábios que tanto fintei, isso nunca aconteceria, não nesta vida. Abismos diferenciais nos separam e por mais impossível que meu querer seja, ainda te quero. Apaixonei-me pelo mais precioso do ser humano, o olhar. E mesmo sabendo que isso nunca mais irá acontecer, ainda lembro como hoje o jeito que você me olhou profundamente e de forma carinhosa chamou meu nome.
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