segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O Casal


 A cerimônia tardou a acontecer, mas ficou belíssima quando ocorreu. Foi mágico, foi inesquecível, foi uma celebração de uma história.
 Eu estava ali com um brilho incomum no olhar, aquele olhar da alegria alheia. Ao vê-los, pomposamente dispostos, eu arrepiei a alma com a compaixão de uma história longa e bem conhecida. A cada degrau que eles desciam com os sorrisos mais abertos, as lágrimas tendiam perecer. Era algo maravilhoso. Uma sensação de infinta bondade, de companheirismo, de acordar todos os dias, ver o sol e a chuva, as noites em claro, os dias em sono, fins de semanas intermináveis, segundas-feiras intermináveis... Tudo isso aos passos diminutos para não fazer feio ao descer da escada que desembocava no salão principal.
 A lágrima escorreu o semblante. Tremia as pernas como se fosse eu o escolhido. Eles estavam ali, finalmente ali. Foram vinte anos de história, idas e vindas, problemas, superações, viagens, dias chatos, tanta coisa que parece que foi ontem que eles se conheceram. O suspiro profundo é inevitável.
 Casar não é um contrato eterno, porém vejo como um selo perante a sociedade que os dois iram continuar tentando dar certo. E isso, em tempos que é mais fácil desistir de alguém do que levantar a cabeça para as desventuras, hoje isso é invejável. Sei que parece tolo de um sonhador querer ter uma história, ou várias, para contar quando ficar velhinho, mas meus pais me educaram assim, de não deixar sucumbir por nada, de sempre tentar fazer o impossível para que o mundo continue as tentações.
Eles vieram, nos abraçamos, conversamos brevemente. A euforia era contagiante. Era apenas uma celebração do que todo mundo já sabia. Todos os amigos, os familiares, todos já não se importavam com um mero símbolo formal. Também todos irão lembrar daquele dia. O dia em que eles foram apenas um corpo, apenas uma alma, irradiando felicidade plena e uma glória por conquistar o dia mais feliz da vida.


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