Ter uma doença crônica é se superar todos os dias. É ser solitário e companheiro com a família e amigos.
Dizem que nunca estamos sozinhos, pois temos Deus do nosso lado. Quem tem alguma doença crônica, tem além de Deus, seu próprio fardo.
O nível e potencial da doença, faz com que vejamos nosso social de uma maneira bem peculiar. Dependendo da doença, interagir socialmente não é tão simples. Podemos ter medo, vergonha, desconforto e mil outras coisas que nos deixam a pensar se vale mesmo a pena.
Relacionar com alguém portador não é uma tarefa fácil, é uma demonstração de amor incondicional. Fazer o portador se sentir confortável com seu problema, ou então você ser o único que o apóia, é um trabalho desgastante e na maioria das vezes muito simples de desistir.
Tento não ser mutilador de sonhos, mas não posso deixar de lado o que eu carrego. Sou um portador.
Meu problema é ter asma estágio 3, aquela que a pessoa fica para morrer mesmo, a respiração apita mais que trem das 11 e taquicardia é a mesma de um maratonista. Somado a isso tenho também de quebra alergia a maioria das coisas que o homem inventou, quase tudo sintético e de cores ou cheiros fortes.
Tento não demonstrar meus problemas de saúde, mas cedo ou tarde eles vêem a tona. E quando isso acontece e os outros não estão preparados para enfrentar a situação é terrível, dá pra sentir o cheiro do medo e o olhar de preocupação e pena é devastador. Sinto-me um estranho que não deveria ter saído de casa. Se sentir indiferente com todos dando atenção é algo indescritível.
Relacionamento quando se é portador é muito difícil, é mais um desafio próprio do que pro outro que está chegando agora. Pensamos em tudo desde a simples coisa, até num futuro bem distante. O que menos queremos é deixar você preocupado conosco, por isso temos sempre essa alegria e determinação que culmina em lágrimas de revolta contra nosso sistema imunológico ou nossa genética.
Carregar vários comprimidos, soros e xaropes para lá e para cá pode ser estranho para uns, exagero para muitos e vital para os poucos que sofrem. Torna-se comum a prática de conhecer remédios, doenças e problemas de saúde em geral... quantos conhecemos na jornada de tratamentos e internamentos?
Acho que meu maior medo é deixa alguém que amo me velando num leito qualquer. Ser crônico é ver quem a gente gosta sofrer pela gente. Me doía muito quando eu era pequeno e ficava internado por semanas, via meus pais super preocupados comigo, parecia que o mundo deles lá fora parava e o meu só com pessoas vestidas de branco que iam e voltavam com dosagens e injeções comandavam o relógio. O tempo não corria, as olheiras eram enormes as rezas eram costumeiras e tudo foi se tornando habitual.
Quando fiquei maior, prometi a mim mesmo que isso só iria acontecer nas ultimas hipóteses e assim, fiquei internado por vezes desde que consegui maioridade (16 anos), e raramente meus pais sabiam, mentia dizendo que ia dormir na casa de um amigo, que ia viajar para longe, mas muitas vezes estava ali no hospital próximo tomando altas dosagens de medicação contra meu mal pessoal.
Pois é cara é complicado mesmo, posso não saber tão bem quanto vc, mas sei que é, pq sou academico e vejo algumas cituações tensas. Mas Kris infelizmente é a vida né!? E tu já sabia que tinha minha admiração mesmo antes de saber disso e agora que sei tem o dobro veiioo!
ResponderExcluir#doumaisvalorainda!