Não havia resposta certa. O ato decisório é sempre instigante, ora pelo custo de oportunidade, ora por tentar agradar. E, com incerteza em demasia entre estes dois, aceitei a opção cítrica. Ao optar por algo com querer, não visualizamos o predicado que acompanha, então podemos errar sem querer. E, intencionalmente, houve a mensuração do desagradável, a desatenção ou moribunda tentativa de acerto, corroeu o cotidiano. Quebrou, de maneira abrupta, toda e qualquer certeza de que tudo estava bem posicionado. E nesta assíntota de valor, pereci no velho dilema de o que são acertos e erros mediante os valores tão específicos. Mais que uma maneira de enxugar partes, um rito de controle, que invariavelmente vai incomodar. Sempre incomoda. Adito ainda que, em circunstâncias tradicionais, eu apenas aceitaria a condição robótica de ser, entretanto, ao invés disso, navego em águas confusas de tentar ser humano também. O pior é quando esta conceituada insegurança é alvejada com comparativos (ir)racionais, sobre o que é sentir, quando e porquê.
Parece-me que estas predições vão além do que já foi vivido, todavia meras repetições disfarçadas do mesmo. Diálogos refutados em retórica: é tradição de relacionamento ruindo por símbolos de compromisso; são dizeres de esperança espaçados por alfinetantes silêncios; é tulipa sufocada por erva daninha; olhos atentos disfarçados de culpa.
Tento inventar um amor para distrair, traindo a consciente dicção quando digo que não. Isso por motivo tão pleno de, propositalmente, deixar óbvio que, de certo modo, tudo tem um significado corroborando tradução de gestos e intenções. São testes reiterados, são palavras questionadas, são costumes suspensos em dicotomia voluntária. Isso é o que faz o cotidiano e a segurança, isso é o que basila e solidifica o convívio com o tido como excêntrico. As órbitas voltam agora, a íris ainda dilatada se comprime aos poucos, os músculos antes rijos se relaxam, a respiração ofegante volta ao ritmo comum, e aos poucos, desaceleramos o corpo. O sorriso que indica, disfarça o turbilhão dentro de si, a concentração se fora na metade do percurso, fazendo mais uma vez o bloqueio surgir. As palavras circulam sobre tudo, crescendo, tomando cor e espalmando as dificuldades de ter o ápice. O que é corriqueiro, uma hora começa a trajar métodos espinhosos, seja para fora, seja para dentro. O pior disto é que tudo tem que ter uma explicação, e por vezes não as tenho. Comprimindo as idéias em vazios alocados dentro do peito, preenchendo toda a angústia com perguntas e fincando-as, trago a desesperança tão profundamente quanto o torpor surge após a tentativa animalesca de amar de novo. Frutas vermelhas percorrem agora meu corpo, suavizando a pele seca, como quando te abraço ao despedir, espero que umedeça minha razão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário