terça-feira, 6 de dezembro de 2011

You Came


 Encontrei-me conversando com os mesmos botões, aos poucos o silêncio ensurdecedor fora tomado aos berros de alguém que me chamava lá do outro lado. Eram gritos e socos na madeira maciça. 

 Me aproximei daquilo que se chamava porta, aquilo que me conectava com o mundo externo ao meu coração. Ouvi alguém batendo e temendo que fosse realmente alguém, me aproximei aos poucos. Quando coloquei a mão na maçaneta da porta comida pelo tempo, o bater do outro lado parara. Rolei maçaneta ao horário e aos poucos abri a única coisa que me separava do real. A luz do mundo exterior invadia o vazio do meu recinto cultivado com desdém.

 A claridade queimava os olhos daquele que se abrigava na escuridão do amor próprio. Mesmo ouvindo os pássaros de onde vinha a brisa que arrepiava a pele, temia por ser mais um truque da vida. Um alarme falso de uma grande oportunidade.

 Você trazia confiança no rosto, um sorriso que não se escondia em outra coisa senão a própria alegria. Você deu um passo adentrando meu mundo e sem pedir licença foi forçando a porta. Fiquei estático e ainda tremendo em choque, você tomou a maçaneta ao qual eu apertava em tensão do desconhecido. Pediu para que eu confiasse, piscou o olhar faceiro e logo eu soltei aquilo que eu conhecia.

 Meio dentro, meio fora, ao sopé da solidão você tomou fôlego. Fingiu que estava tudo bem só para me dar um pouco de conforto. Me deu bom dia, tomou minha mão para si, encontrando as quatro mãos ao nosso peito, enconstando corpo a corpo em sincronia, me fez a pergunta mais incrível do mundo:

Cheguei,
Você está pronto?

 Me puxou para fora em súbito. Os raios de alegria tocou a pele seca de paixão pela primeira vez. Olhei em volta e tudo era ávido e coloridamente teatral. Um turbilhão de emoções tomou parte de mim e ainda segurando a tua mão quis voltar em medo. Apertou-a em segurança, me lembro como hoje, lembro que você não quis soltá-la... mas não foi por querer forçar, mas para demonstrar que eu estava seguro.


 Mesmo assim eu retornei. Estava onde eu sempre estive, na minha zona de conforto. Você entrou e junto, toda a vida que florecia lá fora. A cada passo que você dá em minha direção, me mostrando que tudo é possível assim como tal eu acredito que seja, a cada móvel que você cria em conjuntura ao meu pensamento, mobiliando minha mente vazia e criadora de caos comum. Eu confio cada vez mais que tudo isso não seja mentira, que não seja ilusão de uma criação metódica do subterfúgio da solidão que me acompanhara por décadas.

 Não me vejo hoje sem poder acreditar nesse universo que você me cria a cada dia, no mundo em que você deposita esperança e amor. Acredito em nós dois.
 Acredite, Eu estou pronto!

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