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Essa semana foi de muita chuva. Uma chuva fria, para um tempo frio. Sim, também muito frio. Aqui quando esfria fica em torno de 0 grau e uns 10 graus. É bastante frio. Daqueles que as juntas doem, onde a cama gela nos pontos que não há calor humano e que o banho é uma tortura e um alívio ao mesmo tempo. Essa baixa temperatura somada ao desânimo persistente de viver no brasil do Boliro me torna inútil para sociedade. Sei que é dramático o suficiente para levar um tapa? Sei. E, às vezes, penso que um tapa bem dado poderia mudar alguns rumos de pensamentos obscuros. Tapas psicológicos, é claro.
Acordo, volto a dormir. A água de lavar é gelada, o chão de pisar é gelado, as janelas sempre fechadas. Chove muito lá fora, e quando não chove fica uma névoa traiçoeira que envolve toda a vista num clima londrino, poderia ser facilmente confundido por cenários de Sherlock. Sei que está muito frio lá fora porque as paredes ficam suando e as janelas choram. Chove aqui dentro de uma maneiro meio liquefática.
As vestes são muitas depois do banho quente, um banho por dia quando estou apenas existindo. Não há exercício, não há suor. Só as constância de ver a chuva cair, o farfalhar das árvores e a esperança de um dia quente de vez em quando. Olho os pássaros no ninho e fico aflito. Eles se esquentam de um jeito que me dá um aperto no coração. O ventos chacoalham os pombos, o ninho se segura o máximo que pode, a aflição é constante durante as tempestades.
Esse é o segundo ninho. O primeiro quebrou-se na tempestade de verão. Não sei se havia ovo ali, sei que os pombos passaram o dia inteiro montando o novo aqui na frente da janela. Não houve luto, só trabalho. A natureza continuava correndo atrás do prejuízo. A natureza tira, a natureza deixa pôr. Pena que o humano não consegue seguir esse fluxo por suas condições humanas. É preciso ter, é preciso fazer.
A chuva deu uma amenizada, os pombos estão se secando como podem. Fico feliz em saber que estão seguros na medida do que seus instintos permitem. A natureza cuida dos seus, eu acho. Seres humanos cuidam dos seres humanos. Notícias na tv mostram o andar da vacinação, parece que o natal terá uma ceia em família, já vacinados, sem aglomerações. Família.
Assim como os pombos da minha janela, que ficam lutando para sobreviver as intempéries da própria natureza, a minha família também se amontoa em ações e reações para promover os confortos da humanidade e os luxos das pessoas do capital. A natureza vai e volta, aqui e ali, mas o mundano permanece forte. Veja a questão de quanto lixo a gente produz por dia. Sem sair de casa, em dia de chuva e frio, apenas existindo, há plástico e papel para ser descartado, seja no mínimo de higiene, seja no mínimo da alimentação. E esse legado vai perdurar por muito tempo no planeta e, talvez, você nem saiba que fui que que pratiquei o consumo disso. Não há cpf num copo plástico, nem afeto. Só uso e instantaneidade.
Saí do marasmo de um dia de chuva para a consciência ambiental. É bem assim mesmo. Vou divagando solitariamente e sem pressa, como o escorrer das lágrimas da janela, lentamente e graciosamente se escorregam para um efeito microclimático. Essa é uma parte do inverno daqui. Quando não tem essa chuva toda, a gente até arrisca pegar um sol e fingir fotossíntese. Ficar em cosplay de lavoura é bem gostosinho. Ruim é só respirar porque dói. O frio meio que entra cortando, sabe? Ainda que de máscara, é uma sensação muito estranha. Recomendo para entender, não recomendo praticar.
Sair na ruas ruas de baixo para caminhar ou correr é terrível. Tem muitos esportistas que segue firme, eu mesmo não tenho coragem. Se eu não tenho essa coragem, imagina ânimo? Tá, eu sei que quando o clima voltar aos 14 graus pra cima, eu voltarei a dançar por aí e querer pedalar a cidade toda. Tá bom, tá bom. É que faz parte do clima frio e chuvoso reclamar do clima frio e chuvoso. Sei lá. Todo mundo reclama.
Entra inverno, sai inverno e estaremos aqui. Lembrando sempre que a vida continua e que a natureza dará seu jeito. Isso se o ser humano não destruir tudo, né? Okay, okay. Vou sair dessa imensidão meio cinza, vou te deixar com minha descoberta: H20 meninas sereias. Sim, aquela série americana, eu acho, onde três garotas viram sereias. Descobri durante essa chuva toda. Irônico? Talvez. Tem um ar de sessão da tarde e a dublagem é do tipo B que se esforça. É genial, é para você só ver e aceitar, os diálogos são estranhos e, às vezes, não batem nada com nada. Pronto, para aproveitar tanta água, que tal ver mais um episódio? Ah, eu sou a Cléo, tá?
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