Arte de @raytongart |
Voltei a ver alguns animes. E, desde que voltei, percebo o quanto o machismo e erotização é exagerada e comum. Todos os animes até agora tem dois tipos de mulher: 1) a peituda, vaginuda e bunduda e a 2) baixinha infantilizada, sem peitos. E não é algo novo, é um estilo. Lembro disso em Shurato, Cavaleiros do Zodíaco, Bucky, InuYasha, Evangelion e tantos outros. Hoje, vejo Naruto, Bleach e alguns outros bem populares e a técnica continua.
Todo anime tem um velho que é tarado, geralmente leva porrada pela mulher assediada, mas em nenhum momento ela denuncia ou ele para. É algo natural a mulher sempre bater no velho tarado, como se todos os homens velhos ficassem tarado e tudo bem. As cenas que acontecem os assédios focam os peitos ou bunda, entre muitas pessoas ou não, e a música muda para um tom mais cômico. O assédio é o núcleo cômico.
Anime é algo delicado para acompanhar. Ou você tem esses temas bem conceituados e fixados como algo bom ou ruins, ou essa internalização vai acontecendo e tudo se torna normal. Assédio não é normal, merece denúncia e não a normalização. Do mesmo modo acontece com as objetificação do corpo da mulher. Difícil achar animes populares que não parecem uma pornô. Homens musculosos, mulheres super gostosas, meninas com voz de submissão e micro trajes do cotidiano.
Interessante que eu percebi isso tantos anos atrás. Cheguei a me afastar do anime pela repetição da fórmula. Sempre é o protagonista que faz tudo, sempre em busca de poder e mais poder, nunca é em grupo ou equipe, sequer buscando um plano, estratégia ou inteligência. Parece mais um MMORP que você tem que matar monstro para ser mais forte. Sempre mais forte, grita, luta, fica forte, luta, grita, mais e mais forte.
Até aparece um ou outro personagem enigmático ou carismático que foge do padrão protagonista, mas logo se percebe que vai ser aquele que vai chorar pelo protagonista. Em Bleach, temos a Rukya, sempre que aparece ela soa como personagem forte, não sexualizado, mas daí... sempre vem o Bleach para salvá-la. Uma personagem que busca aprovação do irmão por ele ser patriarca da família, uma personagem com um poder incrível que só aparece quando já não precisa dele, e quando parece que ela vai dar conta, vem um homem e a salva. Todo o anime é isso: mulher vítima, homem poderoso a salva. Gritos, aumento de poder, peitos e bundas, música cômica, mais lutas e poder...
Deve ser legal não perceber essas coisas e ser fã de verdade, mas quando você entende que muitos traços dessa cultura só perpetua o machismo, pedofilia, assédio e tantas problemáticas estruturais... tudo isso deixa a coisa não atrativa.
É como assistir um filme da Barbie com temas adultos. Você entende o motivo por ser adulto, mas quem assiste são crianças. Como esperar que um geração se estabeleça com um pensamento diferente se tudo ao redor só afirma a velha e boa cultura machista patriarcal?
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