Arte de Strovery ou @stro_very_
Ainda é cedo quando me pego pensando sobre a morte e a vida. As linhas do ensaio, em minhas mãos, se confundem e me transportam para o nada, onde tudo acontece. Momentos como este me dragam para reflexões infinitas, são mais sensoriais que paradigmas.
Me pergunto se é saudável ficar imaginando sobre essas coisas. Imagino como foi que tudo aconteceu, mas em detalhes. Me preocupo em imaginar se ele sentiu dor quando o copo caiu no chão, se ele ainda estava vivo quando a cabeça encontrou o chão, se ele lembrou do filho, se ele pediu desculpas ou só chamada por socorro, ainda que sua voz não pudesse mais sair porque só a vida brotava dali. Imagino seus olhos claros perdendo a vida enquanto olha o asfalto, consigo ver suas expressões de dor latejante dos projéteis em sua carne. Me pergunto se ouviu gritos e entrou em pânico, se ainda pôde escutar a moto dos assassinos se distanciando; se o vento tocava na pele e deu-lhe frio, o sangue quente jorrando pelos buracos de fogo e o frio tomando sua alma; se conseguiu ver o céu em seu ultimo momento de vida. O céu ao entardecer, alaranjado e sem nuvem alguma.
Exposto ao chão sujo como panfleto amassado, é assim que tudo acaba.
O ensaio que leio é sobre defesa, como os Estados se comportam de maneira militar, autodefesa, expansionismo, agenda estratégica... Quem se importa? hoje é só um dia daqueles que sonhei com alguém e isso me assombra pelo dia inteiro. Trás uma aflição corriqueira, uma tristeza já antiga. Pensar sobre essas coisas me deixa reflexivo sobre a vida, sobre a morte, sobre como somos nada no universo, como somos tão pouco.
Ao assistir Claire falando sobre isso, declarando à Altman que isso lhe acontece, e mesmo assim ela seguiu em frente, tomo isso como normal para quem teve alguém próximo tomado à força, por um acidente, pela violência cotidiana, pela vida (in)justa. É um momento peculiar quando a mente te indaga sobre coisas tão irrelevantes, tentando te trazer um conforto talvez? Tentando te avivar, quem sabe? Qual o sentindo desses pensamentos além da saudade.
Saudade esta que se prontifica em lembranças fracas e borradas de um passado confuso e nada amoroso. Afirmo que isso só se dá pelo drama que queremos para nós, um drama pesado e esmagador que assola todas as pessoas do mundo. Se está vivo, uma dessas questões irá te perturbar uma hora. É só esperar que vai acontecer. E, sinceramente, não adianta se preparar tanto, porque a lógica da coisa vai te fazer corroer algumas lembranças, querer voltar atrás, fazer diferente, e tudo será do jeito que já é.
Pensamento tão inúteis que você quererá uma máquina do tempo, um teletransporte, uma poção mística para trazer um momento bom de volta, pensando em sufocar essa coisa que marca o corpo tão profundamente que nunca poderá cicatrizar. Não é remorso, não é solidão, tampouco desaventura da mente ou devaneio de culpa. É só a vida que se foi.
Assistir e idealizar que vamos morrer igual à velhinha do Titanic: centenária, numa cama confortavelmente aconchegante e enquanto estiver num sono bom é o mesmo que olhar para o céu e não ver uma nuvem sequer e acreditar que nunca choverá. Jamais esqueça: água deve vir, diz a previsão. E se não quiser se preocupar com as roupas no varal, apenas fique de olho vez ou outra, se importe menos, se importe mais, tanto faz, no final do dia tudo terá valido a pena ou não.
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