Após o quarto badalo é quando nos levantamos, parece que será mais um dia daqueles. Dias de pressa, dias de café preto, dias a mais... dias a menos. Faz tempo desde a ultima vez que nos vimos, lembro do teu cabelo grande e das sardas avançadas, parecia que seríamos jovens para sempre. Quando nos despedimos pela oitava vez, você me fez lembrar James Dean, jogou os quadris para o lado e sorriu levianamente. E assim se foi mais uma vez. Aquele dia também era uma daqueles. Dias que não sabíamos nada de nada, acreditávamos que tudo ia melhorar, que seríamos melhores amanhã, em outro lugar, com outra gente, tudo diferente. Não faz muito tempo quando eu deixei de acreditar nas coisas. E talvez seja por isso que cheguei até onde cheguei, na saída de emergência. Sei que você não sabe metade do que aconteceu comigo depois que atravessou os portões de embarque, também sei que continuas jovem e bela como sempre foi. Don't worry baby, cantava ela, a cidade dormia, as luzes apagadas e nós acordados para o mundo, como naqueles dias.
Agora, vendo tudo isso de cima, mais uma vez, posso perceber que continuamos seguindo a correnteza, seguindo o rio, pode parecer estranhos confirmar que não somos únicos, ímpares ou primos. É que nesta altura da vida, passei a acreditar no que vejo em vez do que sonho. E, por isso, sei que as coisas podem ou não melhorar, que podem ou não piorar, que podem ou não poderem. Pensar sobre as coisas sempre foi o nosso forte e as palavras as portas e janelas. Não se preocupe, bebê, você dizia rodopiando como se fosse cair em cima da cama. A cidade é bem diferente quando vista de cima, e nisso temos certeza depois dos balões, dos aviões e paraquedas. Será que você ainda lembra da música quando vê os pontos luminosos lá em baixo a cada voo?
Amanhã será um dia daqueles, dias em que acordarei para um ano novo, dias de café preto, manhãs de preguiça e músicas ~Don't worry baby~, tardes de paz, noites a mais, sonhos que não deixaremos para trás. Após o quarto badalo é quando acordamos, sabendo que seremos melhores em tudo. O que todos vão dizer e aonde vão chegar, nem os olhos podem ver...
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