Penso em te escrever algo, só que não vem nada de útil. Tento descrever como são meus dias percorridos pelo teu sorriso, divago só em lembrar. Ao começar a escrever me lembro do movimento que desgrenham teus cabelos. Ouço uma música para tentar seguir o clima simples, descubro o quanto não ouvi o suficiente para poder começar. Então desisto de tentar e deixo para depois.
Dessa vez não me sinto culpado por deixar algo de lado, na verdade eu apenas sei que não é hora. Me fogem palavras e capturá-las parece trabalho para profissionais, melhor esperar a tempestade passar.
Vejo você vir caminhando, devagar, como se aproveitasse do sabor da chuva para finalmente conseguir sorrir. Um sorriso automático, quase que sem querer. Você fica vermelho tentando esconder a felicidade, e isso deixa tudo mais engraçado, algo natural.
O céu começa a colorir-se novamente, um fim de tarde em campo aberto. Você aguarda a sua vez, repõe a água na garrafa, arruma novamente a mochila, e suspira. Sinal que está pronto para seguir em frente.
Desprendo e em silêncio subo mais um degrau mental. Você me segue. Parece que você sempre sabe o que fazer. Logo estamos no alto, sentamos então para assistir mais um dia e conversar sobre a vida, o universo e tudo mais. Meus sentidos se atordoam, há tanta coisa em volta, tantas citações proferidas sem precisar de explicações, tantas cores vibrando em paletas multifacetadas, tanta coisa: há carinho, há natureza, há possibilidades...
Nós dois.
Cúmplices.
Sou alvo pros teus olhos claros parecidos com essa estação, tua temperança me envolve e tua calmaria me conforta. Um sinal de que tudo pode ser normal. As caraminholas na cabeça se perguntam quem é esse ser estranho que visita o planeta Zero, que pausa a própria sorte em prol do esquisito mundo de possibilidades.
Parece que não ouço você falar, mas eu ouço. Embora meu olhar seja distante, minha mente está bem aqui contigo. Me pergunto o que será do futuro, sabe? Gosto de assistir o dia começar e terminar, como se fosse algo novo, mesmo que todos os dias se repitam. Tenho medo apenas que as coisas não mudem, que tudo seja um cíclico momento.
Sentado no alto fico sempre a perguntar.
O que será do futuro?
K, meus parabéns pelo texto =D
ResponderExcluirTão poético e eu fico é sem palavras :)
Abraçosss
http://profissao-escritor.blogspot.com.br/
Será uma pergunta nunca suficientemente saciada.
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