terça-feira, 11 de julho de 2023

Apenas o céu

Foto por @sanamaru
Foto por @sanamaru

O amargo remédio se espreme goela abaixo, a saliva seca e o gosto de rancor perdura por horas. Em vez de fazer dormir ele apenas me lembra o quanto isso tudo é doloroso. Ficar aqui tantos dias em fluxo de pessoas que precisam com pessoas que assistem é, de fato, uma experiência. Da ultima vez, no meio de um genocídio biopolítico, hoje, apenas conflitos comuns. Como eles dizem: ossos do ofício.

Um paciente urina nas calças e, logo, na cama. De propósito. Ele não quer estar aqui. Acho que, no fundo, ninguém quer. Nem os pacientes, nem os acompanhantes, nem os enfermeiros, técnicos, suporte administrativo ou de zeladoria. Ninguém. E se sentiu falta da classe médica, olha, tenho um segredo pra te contar... ninguém gosta de pessoas soberbas e medíocres. Primeiro que zombar de pacientes enfermos, dos nomes, das roupas ou da maneira que se expressam é tão pequeno, tão baixo que nem me dou o luxo de contemplar o circo que é vocês imitando um ou outro para seus pares. A plebe, como vocês veem os não-médicos, assiste tudo com olhar de repulsa. "Ridículo", pensam eles; pensa eu.

A moça que grita e a velha que grita mais ainda ficam num ciclo simbiótico entre perturbação aguda e incômodo grave. Uma com mais ou menos quatorze anos, outra com mais de setenta. Famílias. Cada uma com seu fardo de debilidade socio mental. Os dias são longos aqui. Então cada pessoa é uma cena totalmente crua, não há roubo de cena. São protagonistas em seus próprios solos.

A criança que chora por tomar injeção, a mãe que sussurra "não chora" enquanto a balança. Os técnicos vão daqui pra lá e de lá pra cá a cada pouco. Soro, injeção, saturação, glicose, pressão, temperatura, está-comendo-normal?, está-indo-no-banheiro-certinho?, anotam aqui, rabiscam ali. Sempre um par, sempre uma dupla, como se estivessem ensaiado aquilo o dia todo, para quando finalmente chegasse a noite, não errassem nenhum passo sequer. Logo seguem para outro paciente, assim vão a cada quatro ou cinco horas.

A perfuração no pontar do dáctilo estanca. Vai demorar para cicatrizar. São uns oito ou nove pontinhos ao todo. Fica tipo um pixel no canto dos dedos, marca de um 100 de glicose. Não sei bem quando eu devo me preocupar com isso de açúcar e/ou pressão. Ao redor, eu sou o mais jovem daqui, a não ser pelo bebê que arrojadamente chora. Senhores e senhoras aqui e ali, quase nenhum com família para acompanhar. Não é que eles são tenham uma, é que aqui cada um cuida do seu. O instinto de cuidar de idosos e crianças é bem seleto. Quando filhas, devoção exclusiva, dedicação vinte e quatro horas. Quando filho, apenas ocupado.

Estranho como passagens em locais específicos nos trazem realidades que gostamos de não pensar sobre. Brigas, separações, alegações de incesto, se você quer ser um guitarrista do Iron Maiden... Converso com um, falo com outra, todos aqui tem sonhos. E é cada um melhor que o outro. Ninguém pensa na morte verdadeiramente, por mais que ela faça plantão aqui. É a vida e a esperança que toma conta. São as certezas de melhora, alta logo cedo, exames limpos... "você logo vai pra casa", dizem às quatro da manhã ao injetarem fogo derretido nas minhas veias, mergulho numa sucessão de música, dança, cores, impossibilidades físicas e geometricamente espaciais.

-Isso é impossível!

-Claro, isso é um sonho.

-Se é um sonho, então é o melhor sonho da minha vida.

Lembro do movimento da corda que me jogou pra cima, como um trampolim estifenrauquiano, esfarelando as cores que borbulhavam pelo pátio. Era apenas nós dois e o céu neon. Você ria tão gostosamente, o sabor dos teus olhos comprimidos de amor, os dedos entrelaçados nos meus, elásticos e sólidos, como uma válvula mitral que vive, pulsa e vida, acredita? Foi o melhor sonho da minha vida. Abro os olhos, soro, injeção, saturação, glicose, pressão, temperatura, está-comendo-normal?, está-indo-no-banheiro-certinho?, anotam aqui, rabiscam ali. Você aparata pelo corredor, o cheiro de saudade fica, foi um presente, é presente até agora. Nos falamos, nos despedimos, acaba mais um dia. Continuo aqui.

As horas andam para frente e para trás. Turno entra, turno sai. Diferentes pessoas, mas no fim, as mesmas. Aprendi uma receita nova, bolo de arroz com coco, ganhei um café, ganhei outro café. O carinho das pessoas acendem sorrisos. Sabe, às vezes me pergunto se eu realmente mereço as coisas boas que acontecem comigo, 

um café, 

um bolinho namaria,

             você.



quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Pequenas Gotas

 

Foto de @orestemercado (oreste✨ (@orestemercado) / Twitter)

A noite inquieta e cheia de suspiros, para autocontrole, poderia ter sido resultado de uma grande expectativa como o encontro de hoje. Os vários temas a serem discutidos, as várias formas de expressão e, claro, a grande problemática do lugar novo. Chegar cedo nunca é uma opção para alguém ansioso, é quase uma certeza. Ou cedo demais, ou tarde demais. A dualidade da retroculpa que consome e vai correndo cada segundo que vem, que vai.

Limpar os pés dá a desculpa perfeita para ver a entrada, para a entrada me ver. Pergunto se meu anfitrião chegou, mas é óbvio que não, ainda faltam trinta minutos para o horário marcado. Agradeço, peço para sentar em qualquer lugar que eu possa ver e ser visto, pego Adorno do colo e passo a conversar com ele. Umas três ou quatro páginas se vão entre entradas e saídas, ninguém à vista. Finalmente, ouço o som quase que instintivo de que estamos no lugar certo.

O sorriso é ocultado pela máscara de precaução. Mas há um sorriso ali, sinto na voz que me cumprimenta. Não sei se o lugar que escolhi é bom o suficiente, mas isso não é discutido, ficamos ali, acomodados por horas. Deveria ter perguntado sobre o lugar, talvez? Passou. A mesma inquietação de ontem se dilui. Conseguir passar pelo novo, agora tenho um bom conhecido que me coloca em um conforto saudosista. O barulho da cozinha em preparo já é distante, o vozerio é rabisco que circunscreve nosso diálogo. Nosso diálogo é longo, simples, por vezes pesado, mas sincero. 

Sincero. Esse é o termo que melhor define esse contato. Profissional, pessoal... amigo. Não tive coragem de folhear o menu antes para não ser pretencioso, agora, não o faço por não saber se é hora de fazer. Não quero apressar, como fazemos ao levantar para indicar que é hora de ir embora. A necessidade de se chegar na hora e estar aqui já me fez o suficiente para me tirar o sono, não faria nada errado para tirar essa conversa casualmente séria do combinado.

Falamos. Na verdade, você fala. Fala um monte, quase que sem parar. Faço algumas intervenções, como aprendi na terapia e livros lidos, te coloco como protagonista, pois é sobre você. Sua história, suas experiências sobre tudo e mais um pouco. Sinto um cansaço sendo descarregado aos poucos, sendo trocado pela visão de que "fiz o que pude". E é nessas horas que falo sobre o conto. Da minha infância, carrego coisas boas e ruins das quais não me arrependo. E esse conto é um dos qual levei como filosofia, apesar de tudo.

Se você soubesse o quanto essa conversa determinou, consolidou, a minha meta na vida. Talvez você não ousa-se tê-la, ou pior, a quisesse mais cedo ainda. Se todos temos uma missão, a minha sempre foi contribuir para um mundo melhor, mesmo não sendo uma pessoa tão incrível assim. Estar disposto a dar a cara à tapa, apanhar na vida, correr riscos e aceitar o fardo de ser, isso é algo que eu estou bem disposto se for para conseguir disseminar a corrente de fazer o bem, conforme as normas e o bom senso permitem, baseado na filosofia do amor ao próximo e a si mesmo. 

Esse ideal de representação que nunca tive, mas que me acompanha como um fantasma. Ser livre, pensar e fazer, em ser e sorrir. Sofrer, sim, sei que sofremos, caímos, falhamos, e persistimos. Porque esse é o ponto. Persistir. Engraçado que, dizendo em voz alta, persistir remete ao existir. Soando até como trocadilho para o ego enquanto ameaçado pelo Impostor. E, neste vão imenso que me encontro às vezes, um lugar torpe, ermo, sombrio, gélido e solitário, não é o vazio que me incomoda, não é o eco que me assusta. Não mais. Porque quando estamos em um lugar completamente vazio, podemos enchê-lo de nós mesmos. 

O vazio pode até estar ali, envolto ao corpo, mas nós que damos essa perspectiva. Olhamos para o vazio, e ele nos olha em retorno. Para ele, somos algo. Somos.

Nesse pensamento que discorro aqui e retorno pra casa quase que sem meu guarda-chuva, agradeço mais um vez por ter te encontrado. Somos obrigados a nos despedir, sabendo que nossa conversa foi pausada mais uma vez. É... ela se iniciou lá atrás, todavia nunca mais será terminada. Sempre pausada, pontuada, porque nesse incêndio de confusão existencial, nos colidimos no momento certo. Nada é por acaso. Abraço meu amigo. Papeamos não querendo parar, e sigo. Sigo construindo novos diálogos sobre o futuro. Sobre o pouco que carrego comigo, com pequenas gotas da água da sabedoria para tentar salvar essa floresta que atravessamos chamada Vida.

Que nunca tenhas sede, meu amigo. 

Nunca.  


domingo, 3 de julho de 2022

Clipes, grampos, tônicos...

Photo by @KBotchan

O cheiro do perfume forte de cor amarelada estava no ar. Senti teu cheiro e tua voz chegarem como se estivessem atrasados. Quem você pensa que é? Você me perguntou com uma voz quase que formal. A gravata alinhada, o relógio no pulso, a barba feita. 

Você me cobrava mais uma vez.

Abaixei a cabeça tentando disfarçar minha vergonha, mas eu sabia que você tinha razão. Trespassei os limites e usurpei um lugar que não me cabe, nunca caberá. As mãos trêmulas tateavam os papéis à frente, as mãos sugavam vácuo de desmérito, o vazio ocupava todo aquele ambiente quadrilátero. 

Balbuciei tentativa torpe de desmistificar meus ideais. Sua voz soou como um soco, atordoando toda aquela certeza que carreguei por um certo tempo. A certeza que nem minha era. Sinto muito, sussurrei.

Os passos firmes se aproximaram, senti o cutucar militarizado. Quem você pensa que é? Duvidou nos meus ouvidos num laminar sussurro. Arrepiei de baixo para cima. A garganta seca gaguejou qualquer solução da descrença posta em cheque. 

Não consegui pensar em nada.

Olhei de soslaio para minhas convicções pregadas estilo post-it para que eu me lembre sempre de quem eu sou e para onde vou. Dependurados, alguns, pousados falecidos ao chão, outros. Você petelecou um por um. Tão frágeis. Não demoravam a cair de tão pesada farsa de ser. Não deveria ter logrado vitória por tão pouco. Quem eu penso que sou afinal? Esse lugar não me pertence. Veja, veja comigo, você aponta para as memórias no chão liso, se isso fosse teu mesmo, jamais cairia assim tão fácil. Seu olhar me diz tudo aquilo que tento disfarçar. 

Medíocre. 

Ruminei essa sensação estranha de fracasso por uns dias. Descontente por inúmeros motivos, talvez essa viagem nem tivesse detonado o gatilho, mas, de fato, um ponto certo para ebulir esse sentimento tão corriqueiro. Começo a descaminhar minha trilha, certo de que errado estou, mais um vez, esperando algo ou alguém me apontar para algo correto.

É muito mais do que acreditar em si ou ouvir elogios. É tapar buracos no peito, feitos com ferro quente de ponta cor de lava, feitos carinhosamente por tantos e tantos anos, por pessoas que me amam. Sim, amam. Na medida do que cada um acredita o que é o amor. A quem decidir dizer que é amor.

Você é tudo o que eu tenho como referencial. Não conheço ninguém próximo que quero ser, um(a) artista que vejo como fonte de inspiração, não há qualquer representação social, quiçá política? Como saberei quem eu quero ser se não há ninguém ali sendo? Vejo meus amigos e familiares sempre com seus ideais ali, prontos, com suas vidas complicadamente perfeitas. Vivendo, sendo, fazendo tudo aquilo que eles deveriam... não deveriam? 

O que resta para mim? 

Tenho a sorte de um amor tranquilo. Ah, Dindir, se tu soubesse que eu não sei o que estou fazendo e tenho medo de decepcionar essas esperanças depositadas em mim com tanto esmero. Sigo tomando remédio que me dê alegria, procurando um colo que me alimente, que me adore, que olhe para mim em dias como esses, ensolarados e convidativos inflexionados pelo meu olhar cabisbaixo, e dê um balançar de cabeça simples, afirmativo, calmo e natural.

Seus olhos me acossam, suas mãos encostarão nas minhas e ficaremos em silêncio. Minha cabeça trovoando, nos bolsos aquilo que consigo carregar sem deixar cair, e o silêncio no espaço único onde nasce e morre, todo amor.


 



segunda-feira, 7 de março de 2022

Outono

 

Photo by @moumarion

Os ventos dos Andes se escorregam pelos vilarejos e distritos das encostas. Frios, porém suaves, correm trazendo a nova estação. São os ventos que antecedem o outono. Estação favorita de quem vos escreve. E, antes que você já venha me dizer que na tua cidade não existe nada fora calor intenso ou chuva abafada, já te adianto que aqui tem as quatro estações bem definidas. Mas eu voltei, não para falar da estação que se aproxima, mas dos ventos de mudança que me arrepiaram por esses dias. Quer dizer, primeiro vieram os entraves, aconchegos e aversões das propostas, para então, finalmente, chegar o dia de fato. 
O dia que acabei enfrentando um dos maiores medos de todos. Meus temores sempre surgem nas possibilidades do acontecer, são as grandes angústias dos ansiosos. Não tenho medo de cair, se eu for pedalar, de bater, se eu dirigir, ou de pular de um grande penhasco para cair no mar. Meus medos são mais simples.
Algo que me angustia muito é participar de coisas, seleções, rifas, filas e coisas que me deixem num grupo onde eu posso ou não ser escolhido. Isso me deixa pra morrer. Me passa mil e uma coisa na cabeça, não sei bem explicar. E, passar por esse ultimo processo, acabei por colapsar. O lado bom, claro, é que volto a dar atenção à saúde, movimentos esquecidos pelo padrão isolamento, passando por nova adaptação ao mundo aberto, vivendo um "triple a" que não sei se estou pronto, me deixou pensando em tanta coisa que me sufoquei.
Cá estou eu, pra dizer que 1) ainda estou vivo; 2) ainda escrevo por aqui e 3) trarei algumas novas experiências agora que serei obrigado a sair mais de casa. Não sei se vai ser aquela experiência, mas espero muito que me traga boas reflexões ao menos.
Depois de dois anos indo e vindo no mesmo lugar, por mais que tenham acontecido tanta coisa fora daqui, muito eu fiquei para mim, por medo de transbordar você com a massividade da pandemia. Todo mundo está mal por conta desse fenômeno e, eu ser mais um a falar disso, preferi deixar o vento passar. Agora estarei em um tempo que viverei presente e passado, num misto de comparativos e deja-vu com flashback. Vou tentar te contar como foram os últimos dias, pega uma xícara, vamos para a varanda tomar um sol e sentir a brisa que anuncia o outono. 

sábado, 2 de outubro de 2021

Sonho de Imersão

 

Photo by @HolBolDoTweet

Estávamos buscando alguma coisa ou alguém. Ela, Mayra, estava se sentindo desesperada. A angústia começou a tomar conta quando o sinal tocou. As pessoas estavam saindo das salas e indo embora. Mayra e eu sabíamos que ninguém viria nos buscar. Ninguém se importava conosco. Mayra começou a chorar silenciosamente. Tomei-a no braço como chegada pós casamento. Ela era franzina e pequena. Saímos da escola aos prantos, mas ninguém nos dizia nada, ninguém perguntava nada. Os grandes portões de ferro ocultavam o grande sol lá fora, a rua estava cheia de vida, comércio, lojas e pessoas, indo e vindo. Foi assim que comecei a caminhar e perceber que todos se conheciam.

Mayra finalmente se decompôs e fiquei segurando meu coração. Chorei. Chorei não só por estar sozinho verdadeiramente, chorei porque eu sabia que Mayra era eu mesma. Sozinha na infância, sozinha na vida adulta, seguindo o caminho que tem que ser seguido. Mayra me deixou saudade de uma risada boba com ingenuidade.

Depois de tanto chorar abri o olhos e respirei fundo. Parecia que acordava de um sonho pesado. Senti leveza e conforto. Estava na sombra de uma árvore, uma grande árvore, ela posada na beira de um precipício. Bem, sabemos o que acontece quando eu encontro um desses, mesmo que em sonho. A sensação de ter chorado tanto e já não estava tão cheio assim, me deixou observando a grande família que subia na árvore para gravar um vídeo. Eles deveria ser uns quarenta ou cinquenta, o chefe bem declarado era um sessentão com aspectos padronizados, óculos da moda, sorriso de quem venceu na vida. A família toda parecia ter sido saída dele, inclusive as mulheres. Todos brancos, cabelos pretos, olhos claros, ar de gente rica. O chão da árvore era grama seca, tudo amarelinho, a árvore também não era tão verde assim. Com suas folhas largas e grosso tronco, parecia que todo mundo atravessava o inverno.

A família ria e se tocavam com carinho. Abraçavam, se empurravam, se curtiam. Gravando o vídeo para momentos posteriores, a grande família não-consegui-ouvir estava em festa. A árvore tinha apoio firme para subir e descer, quase uma casa na árvore, mas alguns ainda se penduravam nos galhos fazendo pose. Depois de gravar o vídeo, com direito a drone, eles foram descendo, ajudando uns aos outros. Em sincronia, eles desceram sorrindo e conversando e seguiram para os carros estacionados do outro lado da rodovia. 

Em nenhum momento alguém olhou para mim, falou comigo ou qualquer coisa. Eles chegaram, fizeram o que tinham o que fazer e foram embora. Depois desses minutos observando-os, voltei a contemplar o abismo. Não tinha forças para levantar ou só não queria. Parecia que estava tudo no seu devido lugar.

Finalmente.

Apenas o céu

Foto por @sanamaru O amargo remédio se espreme goela abaixo, a saliva seca e o gosto de rancor perdura por horas. Em vez de fazer dormir ele...