Photo by @moumarion |
Os ventos dos Andes se escorregam pelos vilarejos e distritos das encostas. Frios, porém suaves, correm trazendo a nova estação. São os ventos que antecedem o outono. Estação favorita de quem vos escreve. E, antes que você já venha me dizer que na tua cidade não existe nada fora calor intenso ou chuva abafada, já te adianto que aqui tem as quatro estações bem definidas. Mas eu voltei, não para falar da estação que se aproxima, mas dos ventos de mudança que me arrepiaram por esses dias. Quer dizer, primeiro vieram os entraves, aconchegos e aversões das propostas, para então, finalmente, chegar o dia de fato.
O dia que acabei enfrentando um dos maiores medos de todos. Meus temores sempre surgem nas possibilidades do acontecer, são as grandes angústias dos ansiosos. Não tenho medo de cair, se eu for pedalar, de bater, se eu dirigir, ou de pular de um grande penhasco para cair no mar. Meus medos são mais simples.
Algo que me angustia muito é participar de coisas, seleções, rifas, filas e coisas que me deixem num grupo onde eu posso ou não ser escolhido. Isso me deixa pra morrer. Me passa mil e uma coisa na cabeça, não sei bem explicar. E, passar por esse ultimo processo, acabei por colapsar. O lado bom, claro, é que volto a dar atenção à saúde, movimentos esquecidos pelo padrão isolamento, passando por nova adaptação ao mundo aberto, vivendo um "triple a" que não sei se estou pronto, me deixou pensando em tanta coisa que me sufoquei.
Cá estou eu, pra dizer que 1) ainda estou vivo; 2) ainda escrevo por aqui e 3) trarei algumas novas experiências agora que serei obrigado a sair mais de casa. Não sei se vai ser aquela experiência, mas espero muito que me traga boas reflexões ao menos.
Depois de dois anos indo e vindo no mesmo lugar, por mais que tenham acontecido tanta coisa fora daqui, muito eu fiquei para mim, por medo de transbordar você com a massividade da pandemia. Todo mundo está mal por conta desse fenômeno e, eu ser mais um a falar disso, preferi deixar o vento passar. Agora estarei em um tempo que viverei presente e passado, num misto de comparativos e deja-vu com flashback. Vou tentar te contar como foram os últimos dias, pega uma xícara, vamos para a varanda tomar um sol e sentir a brisa que anuncia o outono.
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