sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Desapego.


 Quando estamos na fase de aprendizado dinâmico, entre os 2 a 7 anos, aprendemos a falar, andar, comer, dividir, correr, cair, chorar, gritar, bater, se esconder, pular... Aprendemos muitas coisas quando somos pequeninos, mas não aprendemos a dizer adeus. Quando ficamos maiores, quando nos tornamos adolescentes, o ego cresce ainda mais, o individual toma conta, o egoísmo, a cumplicidade, a coragem, o amor, a raiva, a vingança, o perdão, mas o desapego... Ninguém lembra de aprender como se faz isso.

 De fato, com o tempo, aprendemos a deixar as coisas irem e aprendemos como as coisas nos deixam. É um ciclo de acontecimentos que não nos ensinam, por mais conselhos que recebemos nunca é tão simples. Apenas quando há um fato gerador originário em lide, torna-se muito mais fácil este tipo de ação, entretanto não significa que nos desapegamos. Deixar alguém partir pode arrancar-lhe o coração, mas não quer dizer que o vazio nunca se vá se preencher novamente.

 Quando não há mais nada para se fazer em uma relação, restando apenas a saudade, o desapego é mortal. Ele rói todas as paredes de esperança que criamos, sempre imaginamos teorias sobre isso e aquilo para conforta-nos o peito. É por isso que algumas vezes, as pessoas demoram semanas, meses ou até mesmo anos para aceitar o fato de um término de namoro ou casamento.

 É fácil para quem observa, mas para quem vive é um barra demasiado difícil para se lidar. O apego pode ser muito mais do que companhia, pode ser uma projeção de felicidade, pode ser um vício de ser tocado por alguém, pode ser uma sensação de segurança enquanto dorme. O apego pode ser tão bom quanto seu irmão Amor, pois ele é mais calmo, mais ternurento, mais afetuoso e acontece com qualquer pessoa, tipo um amigo, um familiar, um professor ou um vizinho.

 Quando caímos na fase de aceitação de que nada mais vai mudar, quando as teorias são insuficientes para confortar o coração, quando finalmente acreditamos que acabou, temos aí a pior fase, o olhar na realidade. Quando temos a comparação como aliada para nos mostrar o que realmente vale a pena, os amigos que nos explicam os motivos principais do desapego e todos os altos e baixos daquilo que acreditávamos ser nosso melhor momento. Ainda assim, é complicado largar essa droga de vez.

 A abstinência de apego é muito árdua para se passar sozinha. Dando vazão aos Tapa-Buracos em nossas vidas, pessoas que nos chegam apenas para que não possamos ver o vazio dentro de nós, tais pessoas podem até ser nosso melhor relacionamento, mas mesmo assim não fora o objetivo principal. E podemos nos sentir mal depois disso, como se recebesse semanalmente uma dose de esperança e acreditamos não ser digno de tanto carinho.

 Bom, não sei mais o que dizer sem me lembrar de outros momentos, quem sabe lá na frente não volte atrás?
Lembrando todo dia que o "para sempre", sempre acaba.


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