Através do muro da minha casa vejo a lua lá longe, amarela como o sol e convidativa como o mar. Lua esta que me guia e me faz querer atravessar o muro da solidão. Um muro que construo todos os dias apesar de, às vezes, não querer construí-lo. Ele me dá proteção e conforto deste lado, a segurança que procuro e tantos outros recursos que ele oferece por conexão.
Mas quando subo nele para poder enxergar melhor a lua, percebo que deste lado de cá, a vida é em preto e branco, meio acinzentado como o próprio muro. A angústia toma conta do meu eu, não dá vontade de querer descer de lá, e sentado agraciando a rainha do céu me perco em pensamentos, minha imaginação e lembranças se chocam e todo o tempo perdura na ideia irracional de não está naquele lugar imaginário.
Atrás de mim existe um mundo seguro, frio e monocromático. A minha frente está o mundo, com os riscos e suas cores vibrantes. A unica segurança real é saber que você me observa, daí do alto, por trás das nuvens, ao lado das cintilantes estrelas que sorriem para mim.
Me levanto para gritar, e de braços abertos puxo o ar com todo meu fôlego, grito o mais alto que posso. O vento frio é o único a responder, os dois lados permanecem em silêncio. Com um pé por vez vou caminhando, equilibrando-me pelo muro, tentando decidir o que fazer. Esperando até algo acontecer. Nunca é dia, nunca chove, nunca tenho fome.
Continuarei aqui em cima, até quando eu suportar ou alguém aparecer.
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