domingo, 4 de fevereiro de 2018

Só mais cindo minutos

 Quando você estiver pronto, comece.
 É assim que as coisas são por enquanto. Um longo dia cheio de coisas que posso fazer sem prestar contas, sem pontuar o relógio, sem rezar por sorte, ou temer o inevitável. Os dias se passam engolidos por possibilidades, e destas já até risquei algumas impossíveis por então. É verdade que devemos nos pressionar para alcançarmos as metas que inventamos quando podamos o novo calendário, entretanto tem algumas coisas que devemos deixar para trás. Não por elas serem impossíveis ou desnecessárias, mas sim, porque temos que nos priorizar. Dar valor ao que realmente pode ser tentando, concluído. Dar esses passos de aceitação é algo perturbador, principalmente quando você chega ao ponto de dizer ao acordar: Hoje eu posso fazer qualquer coisa. E logo mais isso te dá uma descarga de dez mil volts amplificando cada sinapse real e imaginária. Você vê tudo o que pode e não pode realizar, pode ser preguiça, pode ser aventurança, pode ser paixão, pode ser comoção... pode ser qualquer coisa. Então, deixe-se levar pelo o possível, pelo o que você finalizará com tanto contento que te deixará orgulhoso. Que você olhará em tuas mãos aquilo e quererá gritar para todo mundo: Olha! Olha aqui, eu consegui!
 Hoje eu acordei e posso fazer qualquer coisa. Vou dormir mais um pouco e quando acordar, continuarei aquilo ao que fui predestinado. Espero que você goste, pois tudo será diferente.


Mascavo


O açúcar mascavo foi oferecido. Tomei outro gole do café amargo. Café. Depois de quase dois meses sem ingestão desse vício. Parece que as coisas vão se modelando ao original. Hoje, dia do amigo, avisado no fim da tarde, e logo mais saboreado por café e mais sobremesa. O alisado no cãozinho, que se treme, perdura por muito tempo. Ele, junto com outros dois, faz parte da família desses novos amigos. O carteado, o almoço aos domingos, as viagens ao exterior, os exercícios no lago, os jogos no clube... são atividades que são tratadas tão comumente, e agora em grupo, como dessas famílias de grande número de membros que se juntam e passam o dia se atualizando, se firmando o pacto de sociedade escolhida por eles. A terra vermelha é a marca que trago consigo desde dezembro. Nos embalamos em contrapontos, aqui é assim e lá é diferente, o povo, a língua, as comidas e bebidas. Estou em alto mar, em volta tudo é uma imensidão de novo antigos, que se frisam e se fazem diferentes. Comigo vem aquela paixão de entender o diferente, se modelando em plataformas de novo conhecimento. O ingresso para essa nova fase é uma ou duas crianças, mas se você não as tiver, tudo bem, eles compartilham as deles. Churrascos, promoções, compras em grupo, troca de melhores séries e mais experiências de vida. O dia ameaça acabar, mas sinto que isso está apenas começando. Tomo mais um gole dificultado de chá forte com suco. De tudo, me restou apenas o café e a pipoca de conhecido, do restante, tenho muito a aprender. Sei que eles são dispostos porque parecem conosco, são pensadores, trabalhadores e sonhadores. Carregam os paradigmas de que as coisas não são tão simples assim e não tão complicadas assim. A empolgação por risadas são constantes, as piadas tiradas, as malcriadas e até as choradas são bem compreendidas. Como se o novo vínculo fosse uma criança em crescimento que recebe mamar sempre que pede. E claro, este ato não viola o pudor.

O gato curioso


 Observamos o andar das coisas. Foram alguns comentários sobre ser e fazer que acabou desmerecendo minha atenção. Claro, isso soaria soberbo se não fosse o fato, ou melhor a ação fatal, que culminava em derradeiro desmerecer. Quando você começa a trabalhar numa coisa, dizendo que é apenas para hobby ou passar tempo, você não fica guerreando para que todas as pessoas te aprovem. Você só faz. Porque quando se busca aplausos, você que ter a noção que você está trazendo ao mundo, não textos poéticos, fotos abstratas ou músicas sensacionais, não não. Você carrega uma coisa chamada carência. Se torna um marketing forçado ocultado por bons dizeres que até poderiam ter certo sabor, mas pecam quando terminam em "favorita aqui" ou "leia por favor".
 De certo que, às vezes, você até possa fazer algo com intenção de público, mas deixe claro. Ou correrá o risco de ficar marcado como pseudo artista mercenário, que apenas luta pra ter atenção e ser aclamado por pseudo fãs. Acreditará que tudo é fantástico, que sua arte é incrível e que será um profissional competente. Ah, se fosse tão fácil assim. Dedicar-se ao sistema de colaborar com o fictício apenas por prazer é algo sublime.
 Talvez seja melhor continuar alimentando os gatos do que voltar a trazer coisas tão desnecessárias como esse click-bait que queira fazer. Uma ligação ou mensagem querendo conversar é melhor que essas puxadas de ego. Se continuar por esse caminho, será uma dessas pessoas que posta nas redes que tem stories novo só pra ter mais visualizações.
 Não desista das coisas tão facilmente, porém as faça pelo motivo correto. Assim, poderá contemplar algo maior do que queira criar. Algo chamado afeto. E isso é bem melhor que atenção passageira.

Apenas o céu

Foto por @sanamaru O amargo remédio se espreme goela abaixo, a saliva seca e o gosto de rancor perdura por horas. Em vez de fazer dormir ele...