segunda-feira, 2 de outubro de 2017

A cada dois anos


A cada dois anos acontece um evento importante na cidade. Eu nunca fui a nenhum deles, sempre tive vontade. Nessa época de evento, muito provavelmente, estarei namorando ou algo do tipo, e será um convite desses que eu não posso perder por gostar muito de livros. A pessoa vai se empolgar em ver várias celebridades, vários títulos e muita informação pairando entre as pessoas. Ela vai se empolgar ao ponto de ir com outras pessoas. Sim, nesses eventos acontece como nas idas ao cinema. O convite é feito, as pessoas vão, e eu não irei por motivos comuns: Não é um horário que eu possa ir, não é um dia ao qual eu possa ir, ou o mais costumeiro, eles vão antes do dia marcado. E, como de praxis, eu não irei depois.
Ter uma experiência ao qual eu possa falar sobre os livros sem qualquer repúdio, julgamento ou chatices. Estaria eu em ambiente agradável e confortável ao ponto de poder apontar e comentar sobre aquelas capas e volumes. Este ano não foi diferente, convite aceito, dias se passaram e logo veio o "vou com meus amigos hoje, depois a gente vai". E tudo morreu logo em seguida. Parece mais um filme que nunca verei por desprazer da experiência.
Ao mesmo tempo, para ironia da vida, fui "obrigado a estar dentro do evento no outro dia, em uma outra coisa totalmente diferente e, por 10 breves minutos, fui carregado pelo colega à procura de um presente. Vi muitas cores logo aos poucos passos, cheiro de pipoca, caramelo, crianças rindo e brincando, pessoas comento sobre autógrafos, velhos em rodas de conversas... vi muita coisa e queria falar sobre aquilo, queria ter isso com você. Engoli a amargura que é não conseguir fazer esses passeios mesmo quando dão errado, mesmo quando sou a ultima opção de companhia. Segui o colega, fez a compra dele e logo fomos embora, não vi mais que 15% do local, não vi os estandes das minhas favoritas, não vi artistas ou autores, não queria ver mais ninguém, só você. 
Agora, trouxe comigo um troféu da derrota que vi carregando aos 5 minutos de tour no primeiro estande que meu colega percorreu. O livro me lembrou você, capa bonita, cores amareladas como o sol, capa dura para proteger e acessível, dez reais apenas. Literatura juvenil, ficção científica. Lacrado. E quando percebi que estava lacrado já era tarde demais. Vou pôr junto com os outros que também não consigo abrir. Será mais uma história que ficará em repouso eterno, em solidão profunda. A ansiedade não me permite fazer muitas coisas, sinto muito por te decepcionar novamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Apenas o céu

Foto por @sanamaru O amargo remédio se espreme goela abaixo, a saliva seca e o gosto de rancor perdura por horas. Em vez de fazer dormir ele...