quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Chandelier


Talvez o pesadelo tenha sido apenas isso, um pesadelo. Talvez o karma tenha sido apenas pressionado contra carne vertiginosamente. Talvez eu nunca tenha certeza.
É dia novo, ano novo, mundo novo, de novo. Tudo parece exatamente igual, mas sinto que não é. Tem alguma coisa no âmago que me transpira inovação, reação, uma satisfação em dizer-te que estou vivo. Passei apenas a observar e tentar não fazer aquilo que todos dizem que é perda de tempo. Robotizando a inspiração. Entretanto, isto é mais forte que eu. E assim, cá estou.
Esquartejo o silêncio com o riscar em folha, o áspero grafite transcende o branco, as linhas, o contorno do infinito. Vejo uma confusão de cores no branco, como se fosse dar um bloqueio, mas é apenas tudo. Tudo está ali, o conjunto de todas as coisas do universo. As possibilidades surgem no branco. Na folha de papel, no envelope, nas paredes, em todo lugar. Olho o quadro e vejo as coisas se mexerem, já teve essa sensação? De alguma coisa fora do lugar? De algo a mais?
Não perca tempo com o que as pessoas dizem só porque elas não conseguem enxergar o mundo do mesmo modo que você, mas dê um tempo para si e veja o mundo igual aos outros. Saber se transpor aos pensamentos do todo é tarefa que, hora e outra, faz bem. Dirimir a inquietude ao balanço dos braços ao vento conforta a saudade dos pés descalços sob a areia da praia. Quase que totalmente sem fôlego tem que ser a sua vontade incessante de querer ser melhor naquilo que você faz sorrindo sem perceber. É nesse momento de intensidade trabalhada que surge, então, a sua própria perspectiva da vida.
É dia novo, ano novo, mundo novo, de novo.
E meu lustre é o céu que vejo todos os dias, sempre igual, sempre diferente a cada segundo. Paradoxo. Reagindo aos rótulos que a juventude acredita que descobriu naquilo que os antigos já chamavam de outra coisa. Não ache que o novo morreu, que tudo já foi inventado, conquistado, criado ou até imaginado. Não acredite que o homem foi a lua porque alguém te falou, não acredite que Deus existe porque é o que diz um panfleto de rua, não acredite que  não pode ser feliz sozinho só porque todo mundo procura um alguém. Esqueça tudo e qualquer coisa que te faz mal. Comece do zero, do básico. Quando as coisas começarem a dificultar, tome os conceitos certeiros, os caminhos já sabidos do correto, mas não esqueça que burlar o sistema destrói o convencional. Admire alguém, pare por um breve segundo e veja que as pessoas vivem.
Parece desastroso imaginar os vizinhos vivendo em suas casas? Agora imagina o mundo sem você. O que seriam das pessoas se você apenas não existisse, será que daria em alguma mudança radical? Seja marcante para alguém ainda que você não exista para ela. Ouse, crie, pinte, dance, discuta, torça, torça muito  por aquele que precisa de apoio. A destruição é mais rápida que a construção. De um lado a parte do pôr-abaixo, algumas marteladas e a gravidade faz o restante; do outro lado tem o esforço, o planejamento, o suor de erguer uma conquista.
Agora me diz o que é mais fácil: reclamar ou agir?
Em vez de cair no hábito de negar ou negativar, elogie. Diga sim ao mundo. Use das cores do verbo para deixar o ambiente melhor, e na ausência de inspiração para tal silencie. Faça uma prece.
Estou aqui, estava aqui.
Das coisas boas não abra mão, no máximo se distancie, mas cuide daquilo que sempre corroborará com a tua felicidade.
Aqui jaz um desejo de felicidade à tua vida nova, ano novo, trabalho, amor, estudo... Qualquer coisa nova, quando com dedicação, é bem-vinda. E se achar que sua vida está parada, apenas observe. Pode ser que enxergue o mundo rotacionar.
Aproveite.

Um comentário:

  1. Ué e quem disse que estava sem inspiração?
    Belo texto K
    Também acho que não podemos aceitar as coisas apenas pq alguém disse que é assim que deve ser. Chega de qualquer tipo de comodismo
    Abraços

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