segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

29 Segundos.


 E naquele momento eu estava conversando calorosamente quando, de súbito, fui levado ao infinito. Uma simples mensagem de voz perturbou este templo de portas fechadas. Nada extravagante, tampouco escrachado, ao contrário do que o mundo demonstra nesse caos e movimentos que acolhem tantos vazios e corações rasos, fora a condição de calmaria que fez a garganta secar.

 O silêncio quebrou ao som de piano, a voz rouca dedicou aquele trecho a minha pessoa. Aquela voz que ameaçou minha sanidade foi um sussurro, baixo, rouco, bem como quando a gente acorda e vê quem amamos do lado, ele sorri, sorrimos em resposta, e logo soa um bom dia. Foi nesses tons de felicidade mundana e perpétua que o arrepio desceu pelas costas, embrulhou o estomago libertando borboletas incansáveis. Foi naqueles poucos segundos que eu fiquei sem chão.
 Me senti abraçado em meio a rodovia conturbada, parecia que alguém tinha atravessado todo o sombrio e purulento para vir salvar o que jaz no decaído. Senti a ternura olhar serena aos meus mais íntimos momentos. Em poucos segundos eu me apaixonei novamente, fiquei estático, com suadas mãos, o rubor fintou o rosto e decidiu ficar. Amor.
 Talvez seja nessas sutis surpresas que nos aproximamos mais das pessoas, quando elas nos mostram que mesmo no micro tempo, pode nos levar a lugares impossíveis, nos marcando em proporções imensuráveis. Talvez seja no inesperado que tudo aconteça. Quando isso acontecer, o mundo acabará, e só existirá você, você e a outra pessoa, e naquele momento você viverá o infinito.

"And I've lost who I am, and I can't understand

Why my heart is so broken, rejecting your love
Without, love gone wrong; lifeless words carry on
But I know, all I know's that the end's beginning"

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