terça-feira, 11 de junho de 2013

Vulgar


adj.m e adj.f. Que se refere ou pertence ao povo, à plebe; comum ou popular: língua vulgar.
Que respeita as regras comuns, que não se distingue dos demais; usual: tem um conhecimento vulgar.
De procedência ruim; de natureza baixa; grosseiro, rude: fez uso de linguagem vulgar.
Conhecido por muitas pessoas; sabido: é vulgar a paciência dos monges.
s.m. Aquilo que é vulgar, banal.
A língua nativa ou vernácula de um país: escrever um texto em vulgar.
(Etm. do latim: vulgaris.e)

 Da noite não contei horas, do dia não vi os carros, e assim seguiu a semana. Da felicidade marota uma peculiar inquietude, baixei a guarda e postei a pensar. Eu que sempre sou sincero, tão vulgar quanto se pode ser, me pego roendo unhas, meu anestésico para um não-colapso. Nunca acreditei que deixar um vício seria tão irritante, tão violentamente avassalador ao ponto do sublime vapor secar as lágrimas de adoração. Também nunca acreditei que colocar em prática o que sei em teoria, isso seria tão amargamente triste.
 Ouvir todos os dias que você é incrível ou especial deixa um sentimento de enormidade dentro de si, como se nossas forças pudessem mover montanhas e abrir mares, porém na prática, somos mais um na multidão de gente, num mar de cabeças monocromáticas, e você "tal ser especial" é tão especial quanto seu arquinimigo ou parentesco distante.
 Acabo detestando as melhores coisas do mundo, por serem apenas palavras ao vento, algo efêmero, volátil, talvez até volúvel e vazio. São coisas do dia, da noite, que me trazem de bom grado, meio escondido ou estampado, que fazem cada vez mais um certo bem-estar, mesmo que declinando ao pior. Recuei na penumbra vendo a sombra da noite trespassar o reluzente, e assim tive certeza que dos passos largos não precisarei por agora, apenas aproveito a calmaria de um sereno ameno.
 Sou vulgar, mereço ter vulgaridades. É saudável, aceitável e amável. 
Do que adianta tantos floreios em meus borrões? Alimentar um animal ferido para depois abandoná-lo em um baldio terreno é tão vil quanto arquitetar um crime hediondo. Além do que é um tempo gasto em demasia e pode não trazer tanta satisfação. Por isso e tantas outras coisas, prefiro a minha vida comum, de gente comum, que tem seus horários certos e uma vida não projetada aos holofotes, uma medíocre vida satisfatória com até, eu disse até, uma certa felicidade. Contudo, todo o sentimento é cru, é honesto, é mundano. Vulgar. 


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