sábado, 16 de fevereiro de 2013

Ornithorhynchus Anatinus


 Se em uma entrevista me perguntassem que animal eu seria, responderia sem pestanejar:  Ornitorrinco.

Tigres, leões, cães, gatos, pássaros, jacarés, tubarões... nada disso seria realmente eu. Teria que ser um animal único, de característica quase impossível por mais natural que fosse visto em seu próprio habitat. Além de ser personagem de aparência agradável, são fiéis e dóceis, sobrevivem arduamente nos climas australianos e tasmânios. É um mamífero semiaquático, possuindo diversas adaptações para a vida em rios e lagoas, entre elas as membranas interdigitais, mais proeminentes nas patas dianteiras. É um animal ovíparo, cuja fêmea põe cerca de dois ovos, que incuba por aproximadamente dez dias num ninho especialmente construído. A fêmea não possui mamas, e o leite é diretamente lambido dos poros e sulcos abdominais. E os machos possuem esporões venenosos nas patas, que são utilizados principalmente para defesa territorial e contra predadores. Possui uma cauda similar a de um castor, possui também hábito crepuscular e/ou noturno. Carnívoro.


  Preciso dizer mais alguma coisa? Mas por que você se vê como um ser tão bizarro, quase uma fusão de bichos aleatórios? Bem, eu sou uma fusão de entendimentos e creio em possibilidades. Porquê não? A justificativa não é lá tão reconfortante do mesmo modo que vejo uma pessoa que tem uma hiena como totem e ela se vê como o leão da savana. Alguém vai mostrar que ele está errado, mas se ele não aceitar, nada mudará, para ele sempre será o próprio leão; Ou até mesmo aquele que se vê como um furão pode ser na verdade um lobo guará, ou apenas uma serpente mais ardilosa. Não importa, a metáfora de Totem como decifrador de personalidade e comportamento vai além de uma simples visão em entrevista. 
   Uma hora o animal interior encaixa tão perfeitamente quanto o vestir de uma roupa antiga, outrora pode ser um nada a ver muito grande, tal como os resumos de personalidade dos signos. Quem dirá seu animal é você mesmo, em uma transcendente viagem a procura de si, e ainda assim não terás a certeza do motivo daquilo, não saberá as razões para acreditar, mas se um dia isso acontecer, se se deparar com uma translucida indagação que apenas uma imagem responderá, aí você entenderá o ciclo, os sentimentos, as resistências e tudo mais. Como um mergulho profundo no lago para esfriar o corpo que esguia entre a correnteza, abrindo as patas membranosas e vivendo as possibilidades de ser único.

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