quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Lana Del Rey



     É incontestável a premiação súbita de melhor álbum para a estreante Elizabeth Woolridge Gran, conhecida no mundo artístico como a incrível Lana Del Rey. Veio até mim em meados de Janeiro, mas apenas condensou no meu paladar sonoro através do tempo, bem como firmou presença no mundo Indie, e por muita sorte não empacou com Video Games na novela das oito. Iam estragar a jovem Lana como fizeram com Adele, que até versão tecnobrega já tem.
     Já que lançaram a versão Deluxe Mega Power de seu álbum, resolvi mostrar o quanto ela me atingiu. The Paradise Edition é de fato o maior sucesso do ano no meu player, com quinze dias de lançar no mercado já tinha adquirido no iTunes, e as músicas que eu já tinha do inicial disco Born To Die foram somadas, mescladas ao inimaginável universo do seguimento lírico de suas canções.
     A melodia me chamou atenção por lembrar Don't Cry For Me Argentina, mas depois se fez atual. A voz marcante que arrancou arrepio do meu corpo roubou minha atenção pela letra mais que gritante, do que eu passava naquele momento. Eu tinha plena certeza que não fora coincidência, pois eu sempre soube que aquilo ia acontecer, era a única certeza que Nasci Para Morrer. Agarrado por uma leve esperança, aquele sopro de sentimento era alimentado com ilusões semanais, degradando assim tudo que um dia habitou meu ser. Apenas rezava para que o que era verdade dentro de mim fosse demonstrado por ti, entretanto infantilmente você matou, usando uma lupa de falsas promessas, a formigável amizade, o que eu mais te pedi para não fazer. Lana me mostrou que a estrada pode ser longa e que devemos nos divertir, daí entendi que tudo nasce para morrer e que o amor pode não ser suficiente; de forma inteligente devemos aproveitar todos os momentos, como um carpe diem rezado em coro para que tudo dê certo e que no fim do dia possamos respirar fundo e adormecer. 
     Ri quando percebi que isso não importava, já que o infantil era tido como perseverante e isso não me atraia, já era condenado ao fracasso desde sempre. Eu te falei outrora. Soube que deveria procurar algo que me confortasse, algo que fosse compatível e, apenas por isso, fiquei Fora Das Corridas. Não importava meu passado fracassado ou meu brilhante presente, apenas tinha em braços as melhores histórias  e brilhantes objetos de consumo, queimava meus quadris em fricção ao desejo e minha boca sempre aberta esperando um beijo teu. Era louco, eu sei, desculpa por tudo, mas não poderia ficar nisso por muito tempo. Você era confiança em pessoa, eu não tinha medo de nada, eu desejava-te, e amedrontado ia em tua busca e sempre fui recebido de braços abertos para mais uma noite de estrelas ou ensolarados dias em felicidade. Acredito que te amei mais um pouco que a mim naquele tempo. Não tinha medo. Não tinha.
     Algo tinha que dar errado, eu sabia. Mas não partiu de mim, fui inocente. Você não sabe o efeito que tem sobre mim. Me cobriu melhor que qualquer cobertor, me usava depois de agitar, passeava por todos os lugares, principalmente aqueles no qual eu criava. Mesmo assim não foi suficiente. Não era dinheiro, não era amor, era algo maior que nós dois. Doeu. Você procurava em outras pessoas aquilo que você nunca encontrou em si, suprindo assim, por meros momentos, uma sede que nunca existiu maior. Mas eu estava lá, sabia que ia continuar morrendo por dentro vendo você sair pela calada da noite, rasgando outro corpo com o teu desejo e tocando outra pele que não era a minha, você lembra disso? Lembra que você saia com aquele Jeans Azul e camisa xadrez em procura de satisfazer-se? 
    Pois é, eu ainda lembro.


     E como eu gostava muito, afundei sozinho nessa. Porém, não me atrevo ao arrependimento, não mesmo, já que não tenho perspectivas em cima de ninguém, tanto numa segunda quanto em um sábado, o corpo é comandado pelo cérebro e neste não há ressentimentos tampouco frustrações. Mais uma história chegou ao fim, tudo nasce para morrer e aqui eu aproveitei o máximo que pude. Passou-se o tempo, houve dias tristes e alegres, aconteceram mil coisas e passaram muitas pessoas por mim, não me atentei aos nomes, aos lugares, a nada. Tudo era muito latente, desde o teu cheiro que emanava tipo brasas em meus travesseiros, até o mesmo lugar no cinema, poltrona 15 e 16 da fila E. Acredito que esse mundo é feito para dois, bem como o meu Video-Game que jogávamos por horas em busca de tesouros e matando monstros. Player 1 e Player 2. E essa abstinência roubou cena por muito tempo dentro do meu peito, sempre imaginando que ninguém poderia ser melhor que você, pois você era minha cara metade, mesmo me beijando na escuridão jardineira, dirigindo por ruelas que abrigavam o perigo, comprando coisas que já tínhamos aos montes. Agora eu sei que tinha que ser você, era tudo você, eu não te disse? Seria difícil de acreditar quando chegasse ao fim, queria fechar os olhos ali e ao abrir ouvir "o que você quer fazer agora?"

     Lembro do susto que eu tomei e a euforia que entrelaçou minha curiosidade ao receber uma ligação tua depois de tanto tempo, tanto tempo sem nenhum tipo de comunicação. E tentando parecer normal conversamos por poucos infinitos minutos e ali eu soube que não era bom para mim. Você acha que poderia ficar apaixonado para sempre? Leviano e infantil. Por mais que outrora te quisesse, ainda assim eu sabia que não era o melhor para mim. Por isso não marquei nenhum encontro, nunca esbarrei sem querer para uma casual conversa, simples matei aquilo que havia de pior. Não queria carimbado em mim o teu selo Diet Mountain Dew , selo de escape,  de possível passa-tempo como você sempre faz, não é saudável para ninguém, por mais consolador que seja para um ou outro. Segui o conselho de alguém próximo ao outro lado e apenas me afastei do que me fazia mal, do que consumia um sorriso meu.
   E o destino se fez presente com seus pseudópodes sociais, acatou uma ordem maior e me introduziu ao mundo que tanto evitei. E em provação e análise combinei os momentos mais intrigantes das ultimas décadas, um misto de medo e receio com alegria e impulsividade. Encontrei pessoas passadas, conheci almas novas e fui convidado a participar de inexplorados mundos. Tudo com seu melhor instinto natural de vivência. Isso me deixou a par do monetário mundo do social, é trabalho e gasto dinamicamente falando, o que quer dizer que o dinheiro é a razão ao qual nós existimos, isso é um fato. Sempre procurando se sobrepor e ser o melhor, me vi como nos nos 2005-2007, onde tudo era aparência e eu tinha que provar que era o melhor, mas não sabia como, já nessa época, esses últimos meses eu sabia que era o melhor, mas não sabia como. Em acolhedor prelúdio da vida, acompanhei o crepúsculo ao som do Hino Nacional que sussurrou em meus ouvidos, dando cores diversas a minha nova vida. Não supérflua, mas a característica demasiado misteriosa.



     


sábado, 10 de novembro de 2012

How Soon Is Now?


     
    Os viscos das paredes empalaram os musgos do roda-pé. O passar de dedos na superfície áspera do escuro envolto era tardiamente ineficaz, era sabido que de nada adiantaria o súplico alvorecer de inconstantes tribulações coloridamente monocromáticas naquilo que rogava aceitação. Protegendo-se de um possível comentário, optou-se pelo esmeril, pelo categórico rubor de saúde que valia de restauração.
      Nada do outro lado chama atenção, mais uma vez. E por conjecturas da imagem e ação, perduram no tempo as promessas que já rezaram lendas, passos que já dançaram conforme a música, já palpitara em saboroso contento e devastador desafeto. O conhecido agora ridicularizava o hospedeiro, mesmo valendo-se de alfinetes pont'afiados em crime de amor, o ranger de dentes era atordoante, mas necessário.
    O vão daquele refúgio iluminou-se em simples rajada cantaroladas pelo saudoso astro maior, era tido como rústicas as moldagens dos quase não utilizados móveis de amor-próprio. Jazia em si um querer quase ínfimo de boa vontade, conquistado por mero acaso do universo que possibilitava, hora e outra, o crescimento do poderio altruísta que deverasmente precisava-se.
     Não era o festim que incomodava, era apenas o "mim". Calibrou-se entre linhas os arquétipos jocosos e, só assim, consegui dissolver um pedaço da crosta indestrutível do paredão. O badalo era fúnebre aos meus ouvidos e por hora deveriam ser evitados, tal como níveis de almas que não se encontraram e vagam, ainda, em busca daquilo que nem sabem. O rombo na projetada mureta era tão eloquente que não merecia atenção, era dissimulado e contraditório, igual aos meus olhos no furor do dia. Algo que reflete em misterioso avaliar que potencializa qualquer rumor, disseminando o talvez em desavisado domínio.
     E em silêncio gritei por teu nome em mecânico desespero. O automatismo cerebral de confortar minh'alma embriagava-me com teu cheiro, o rasgado sabor amadeirado que encharcava meus poros. Definhei todos os meus desejos em lembrar de ti, ó corpulento ideal de carinho, teu olhar meigo e teu meio sorriso são prontamente imagem de Bom Dia. Não importa quão próximo eu esteja de obter êxito em vida, aguardo com inocência o momento certeiro que não protelará a minha leitura em braile por teu corpo, estudando com volúpia cada arrepio teu.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Copy


     Todo comportamento tido como exemplo deve ser seguido e passado adiante por gerações. Nunca haverá originalidade no mundo humano, pois tudo é uma questão de flexibilidade do alternativo comparado aos preceitos tradicionalistas que se divergem em novas aplicações convenientes ao sistema proposto. Ser original em um mundo de repetições é tão perturbador quanto a palavra normal.
     Pode-se dizer que tudo o que temos em mente é reflexo psicobiológico de empírico desenvolver. Reprojeção de micros acontecimentos que se prolongam em tempo e espaço. E objetivando o peculiar e curioso estrelismo da originalidade, podemos apenas dissimular uma cópia, mesmo que tardia.
    Querido, querido. Não há nenhum problema em imitar o que é bom, mas apenas não diga que não quer ser como eu logo após de recitar minhas palavras. Isso me faz morrer.Você não viu o que eu vi, não viveu o que vivi, e além do que todos os garotos e garotas querem ser como eu, ou pelo menos uma parte mim. Como um dizer ancestral que tentamos vivenciar, mas disso não compartilho pois meu caminhar é malévolo. O gosto da inverdade é um dissabor que não tolero, bem como os intrigantes momentos de conversas convexas com objetivos de deturpação alheia, esse tipo de simulação não é colhida com bons olhos por ninguém.
   Uma atitude positiva, uma experiência bem vivida, boa ou não, uma conversa... Há inúmeros exemplos de situações que podemos apenas passar adiante de maneira grata. Sem duplicidade de intenção, apenas sentimento puro de comunidade, no tocante ao aceleramento da convicção própria que estamos divulgando o bem. Passe para frente, ao próximo, apenas as coisas boas. Seja exemplo e não um mero mortal.
     Em algum momento, até a pior pessoa do mundo (eu) pode ter algo bom para servir de exemplo. Parabola-se tudo e qualquer coisa para aquele que sabe o que dizer, deve ser por isso que há a criação e há o aperfeiçoamento e seguindo as regras científicas da criação e modelagem, o que não é aperfeiçoado é uma mera cópia, pode ser até diferente, mas caso não traga nada inovador, perdeu-se tempo em clone imprestável.
     Sou criativo o suficiente para o teu plágio se transformar em simples perpetuação do meu eu. Não preciso mostrar a origem, sei de onde vêem as coisas, sei onde vivem os monstros, e sei que há muito mais por vir do que você possa copiar.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Unsichtbar


     Sinto o físico se liquefazer, está indo ao tempo todo o areado de conformidade mútua ao que construí no virtual mundo da ignorância, resumida em eventos cíclicos de atmosfera agradável. Vejo através do corpo e espectralmente estou me tornando mais uma vez invisível. Isto é tão perfeito quanto a qualidade de não me importar. E se de fato me dissipar por entre a multidão, apenas não me procure.
     Não será tarde demais, nunca é tarde demais para nada. Apenas não será hora, mais uma vez. E enquanto estiver invisível me depararei com os mesmos relatos de sucumbência de terceiros aos moribundos vícios carnais e oriundos de vontade fraca e desejos maiores que a própria pele áspera em violenta emoção. Sim, eu não pertenço ao teu mundo, e nem o quero participar. Ele é vil e traiçoeiro, o que não me permite ser honesto consigo.
     Prefiro ser assim, algo que você acredita que eu seja. Um boato talvez, uma alma condensadamente impura ao intrínseco e dicotômico sentido de pureza, uma pessoa que é dúbia e misteriosa aos opacos olhos que simulam vivência, quero ser apenas uma possibilidade neste vasto universo. E através do poema homônimo evaporarei no calor da noite:



"O dia que se consome e vira noite
consumindo a minha alma
na noite, eu me deparo com faiscas do sol
e o fim do fogo
a poeira dos ossos
a noite me tira o folego
engole toda minha lingua
viro, volto e retorno
na noite vejo a verdade oculta
escondida na clara mentira do dia
olhos bem fechados
dentes brancos em sorrisos
o sono anda e fala
e pés marcam o ritmo
de uma batida sem tambor…."

Windmill



     O embaçado se fez na visão, dilatou-se a mente e turva fez-se a realidade. Imersão. Girava em alegria de si o colorido e saudoso acolhedor de brisas, ouvi o sopro anunciar teu nome, e dali avistei o desentranhar de uma vontade antes adormecida em esperanças. Teu nome cintilou nos conta-tempos, caminhou entre as traves que ascendia em felicidade, sombra se deu para acalmar os ânimos e num arrepio, vibrou meu instrumento de comunicação.
     A música que vinha dali era tão familiar quanto a ronquidão dos carros lá na rua. Era uma simples mensagem de texto, provinda de um tempo qualquer, e dilacerada por simples algozes que se dizem gostarem de ti. "Sinto sua falta" dizia esta. A ventania gritou meu nome do lugar mais esquecido da terra, o cheiro amadeirado no ar me levou àquele lugar de onde me tiraram o sono. O campo aberto do teu meio sorriso.
     Vi o mesmo por-do-sol, ambárico e estático, como eu o vira da ultima vez. Vi também os campos de centeio que cultivávamos outrora. Estava tudo lá, do mesmo jeito. Mas ouvi alguém chamar meu nome e a cada ressoar vibravam cores daquele lugar, ora vívidas, ora opacas. Senti que não era para minha pessoa estar ali, não mais. O calor era sabido e me conduziu automaticamente para a realidade. "Acorda-te" sussurrou ele.
    E de fato acordei, o nítido era tenaz, o barulho de tudo estava novamente ali, tal como o irritante som do furta-vento. Olhei para o eletrônico que jazia sob minhas pernas e nada vi de diferente, apenas uma digital. Uma marca em combustível sólido de cor negra, resultante da combustão incompleta de matérias orgânicas e que encerra uma proporção elevada de carbono.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Tem Horas


     A cada segundo, a cada tic ou tac, a cada piscar de olhos, a cada momento, a cada micro segundo... O universo acontece!
     Se antes eu já rogava por trinta horas por dia, hoje eu peço umas quarenta e cinco para mais. Não há possibilidade de completude em tarefas já que estas não se condizem com a realidade; Se completam vida comum, social e trabalhista em misto de protelamento e apressamento. A vida continua acontecendo você querendo ou não. Viva!
     Chega um momento determinado que você olha para si e diz "É agora ou nunca!", isso pode ser por determinação ou por simples aparato de ultimatismo. Seja como for, mas seja, faça acontecer o teu dia, pois tem horas que isso é preciso. Uma nova viagem, um novo trabalho, um novo livro ou quiçá um novo amor? Não apegue-se ao tempo como escravo de prazos e tarefas, faça dele seu aliado com todas as formas de tal. Pressione-o.
     Distração e criatividade são as palavras de ordem. Tendo responsabilidade e perspectiva de futuro é bem simples obter êxito em grandes momentos deste pequeno termo: Dia. Administre seu tempo em horas e não tarefas, as datas como dias e não como coisas para resolver. O minutos podem ser mais duas músicas, mas nunca "só mais essa tabela e irei dormir", trabalho é sempre válido quando é apenas trabalho e não martírio, do mesmo que a diversão é gostosamente prazerosa mas não um ato de vagabundismo.
     Tem horas que é hora de parar, tem outras que só merecem atenção e em todas as boas, apenas siga! Tic-tic-tic-tac...

domingo, 4 de novembro de 2012

Clever


     E demonstrando importar-se, eles perguntam teu nome. Como se algo fosse mudar dando às ideias donos e vontades, construindo uma forma de aparentar uma contemplação de perfil semântico. Vivem tão dispersos olhando para os lados que esquecem do próprio passo, andantes desavisados que custeiam o paladar com coisas poucas. Sim, você sabe apenas o meu nome, conhece algumas pessoas próximas e, quem sabe, soube de algum ou outro feito meu. Você não me conhece.
     Ter o íntimo como chacota é de longe perturbador, por continuar indiferente aos princípios reais da motivação secundária. Dar valor ao que de fato é permitido, isso sim é de perto aconselhável. Não acredito em invasões de propriedades intelectuais, já que tudo é posto de forma pública, muito embora considere má educação não limpar os pés antes de entrar, abrigar-se em meu domínio, conhecer minhas formas e por fim sair derrubando as coisas. E sem no mínimo dar um "até breve", não espero próximo o teu retorno, mesmo sabendo que uma hora ou outra tu cairás aqui em busca que conforta a tua falta de senso pessoal.
     Ser evasivo, divagar em leito conhecido, é tão agradável tal como lançar indireta aos quatro ventos. Alguém sempre vai melindrar-se. Pena que as pessoas não levam o conhecimento além do que vos é proposto, já que toda obra de arte é motivo de avaliação e críticas, construtivas e destrutivas, então aponta-me o dedo indicador e suplica minha angustia, pois o que terás de mim será ainda a plena indiferença. No máximo, dou-te um sorriso brando.
     A forma de escrever é minha peculiaridade. Organizadamente confusa, dilatadamente efusiva e temperamentalmente entre-linhas. Tudo será sempre uma questão pessoal, de ser ou não-ser, de um será-talvez-quem-sabe? Limite-se ao teu comportamento infantil de tentar chamar atenção com algo que não tens, deixa-me seguir com minhas escritas sem apologias ao místico mundo da futilidade por onde tu perambulas sedento por aceitação. Para mim, escrever é falar sem ser interrompido e, aqui, tenho total liberdade de fazer tudo o que quiser, inclusive nada.

sábado, 3 de novembro de 2012

Ausweglos


     O distante luar erradicou meu sentimento de culpa, tolheu-se então a esperança. Todas as feridas latejaram dor, as marcas se mostraram mais uma vez, era vivo, era cortante, era sangue. Observei através das traves o negro céu que não brotava estima, sem polvilho cintilante, sem pomposas nuvens, eu era apenas alma morta na penumbra.
     Tentei buscar alegria em meu dia, mas logo se fez tristeza por cortesia ao frio da noite. Não havia uma boa noite, uma atenção concentrada, um pensamento em mim. Nada era a palavra da vez e, por mais que eu tivera um buquê de maravilhas nas mãos ensopados de rubro viscoso, não teria alguém para entregá-lo, nem por singela brincadeira. Costumeiro tornou-se minhas noites em desdém de si, sono que atrapalha minha compulsão por pensar e teorizar a vida, lâminas que fissuram carne à procura d'alma, assim conto minhas noites em conversas com os próprios botões.
     Outra vez acordo com esse vazio aqui, essa sensação de não sentir nada. Estou frio, seco e triste, estou sem chão, e ninguém parece ligar ou querer me ajudar. É, acho que a vida é assim, a gente sofre, mas quase sempre sozinho. Se não fosse tão perigoso te pedir ajuda já o tinha feito, mas pendurar em abismo de um talvez o meu lado mais virtuoso é suicídio temperamental. Corro atrás de ti por um simples socorro, ajuda esta que chega num rasgado sorriso, numa mensagem de cumprimentos, em melodias do rádio dedicadas à mim, em memórias do passado alimentadas por ti. Corro por ato unilateral teu, pois dou passadas largas quando o assunto é você e mesmo com todo o seu abrasivo calor, o frio que gelou minh'alma não o pode mais sentir. Foi muito lindo te ver pela primeira vez e pensar, sem palavras: eu quero.

Halloween


     E todas as assombrações percorreram o mundo, livres e capazes. Em, durante, vinte e quatro horas, todos os seres do mundo das trevas recebem a carta branca para pisar nossos solos, cruzar nossos mares, e até entrar em nossas casas. Antes eles que os próprios humanos. Humanos do passado remoto, passado mais que perfeito ou presente dispensável, não importa o tempo vital que queira conjugar.
    Deixe os antagônicos do lado de fora do seu mundo, dispense salpicadelas promessas de tempos melhores, abutres ainda irão circular nossas cabeças em busca da pureza emocional. Comemore o dias das bruxas com puro festim, mas não acate isso para a sua vida, já basta a máscara diária que temos que resplandecer para o contento social, para a defesa do ego, para simplesmente não ter que explicar o necessário para pessoas desnecessárias. Deterioreis os presentes deixados na porta da sua vida com os bilhetes de "Doces ou Travessuras", lembre-se nunca são doces apenasmente.

     Bons usando fantasias horripilantes, psicopatas com vestimentas angelicais. Olhando assim os nossos dias comuns não são tão diferentes do Halloween. Todos buscam explorar o lado que tem de valor em demasia, seja bom ou ruim, seja por oculta objeção ou gritante aceitação. Como um trocadilho que se transforma em indireta, contemplar os sórdidos prazeres mundanos com a desculpa que é apenas uma travessura, não me vem a calhar. 


     Já dizia um personagem que muito me identificam: "Eu adoro halloween, pois é o dia do ano em que todos estão mascarados, não apenas eu." E é assim que persigo os prioritários desejos de ser quem sou, através de incógnitos olhares através da máscara que uso em ambientação de conforto próprio. Da selvageria cruel que transborda mundo, possuir um aparato de segurança cabível me parece, de fato, bem proveitoso. Isso não quer dizer que sou traiçoeiro ou deturpador de verdades, muito pelo contrário, por saber que hoje tudo é uma questão de interesse, demonstrar feição e sentir com a mente é arma contra os sombrios que não pertencem ao mundo das trevas, os Ghouls que sugam nossa vida, os mercadores de felicidade, os ladinos de sonhos, os vampiros do afeto, as bruxas da ilusão... Todos esses seres que nos cercam todos os dias, parentes, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, pessoa que nunca conheci mas que morre de inveja de mim... todos esses serem que subjulgam seres humanos, a máscara da proximidade serve para isto.
     Vivo meu halloween todos os dias, enfrentando meus fantasmas e sorrindo sob a máscara.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Sobre a Corda.


     E com apreço ela repetiu gesticulando, e em simples passos me convenci que seria extremamente difícil. O olhar jabuticabal tornara o ensinamento prazerosamente doce e com sorriso firme ela explicou:

-Regra número um: Postura!
     
     De logo já esbanjei sorriso resplandescente em contra partida ao que pensava com meus botões. "Como vou ter postura?"- pensei. "Sou jovem, e como tal, sou desengonçadamente torto". "Postura... rum."- retruquei consigo.

-Regra número dois: Foco!

    Ela me disse para concetrar-me num ponto fixo, para que assim pudesse ir em tal direção. Ela gesticulava tão convicta que poderia realmente funcionar. Ela explicara que o foco, ou ponto firme, poderia ser o fim da corda, o meio do coqueiro, ou qualquer coisa que pudesse manter a concentração. Pensei de pronto "Essa parte é simples, problema são as outras coisas". 
   Ela levantou os braços e subiu em um único movimento, tão mecanicamente perfeito que imaginei-a sempre fazendo aquilo. Fora algo tão natural que espantou o meu olhar, ela agiu de forma espontânea tal qual respirar e, ao ouvi-la em tons brandos "Procure seu ponto de equilíbrio", gargalhei.

-Regra número três: Levante os braços e procure seu ponto de equilíbrio!

    Equilíbrio ao som da loucura é utópico e surreal. É mais fácil o encontro ao amor do que ao equilíbrio, onde drasticamente percorre o badalar de tanta informação. Mas as tentativas a sorte ou revés se contrastam entre linhas e cores, restando apenas a figuração do próprio sentimento fugaz.


     O danificado congênito labirinto, assim como outras partes do frágil organismo, aguardara o momento de mostrar-se capaz. Seria ali o teste feito contra sua vontade, algo que há muito protelei por meio cômodo. Depois de ver algumas tentativas, com e sem êxito, surgiu a minha vez. Lembra das três regras que a meiga me explicara logo no início? Elas se resumem em uma regra só: Tenha bastante paciência.
     Tentei uma, duas ,três, dezessete vezes. Sempre tentando equilibrar meu corpo perante uma tarja de amarelo comprimento. Não objetivava um passo dar, apenas equilibrar o corpo sob ele mesmo, sobre o peso de todo o universo que conspirava ao meu favor, tal logo o dia favorecera todos os níveis de possibilidades, tranquilo se promoveu até aquele momento, até o momento de revisar o contato com os amistosos.
     Atravessado o luar, vigiando seus oportunistas durante uma quente noite de primavera. O meu percurso lunar fora regado de colírios nunca antes vistos e findou-se em peculiar olhar em avaliação para um único par de olhos. Eloquente o olhar que cantarolava uma canção que já ouvi por um tempo, em breve momento duvidei de conhecer a tal canção, mas de logo identifiquei a melodia. Era um clássico em disparate.
     Turbilhão de ideias, frases, eventos, situações e respostas circulavam a minha mente. "Levantar os malditos braços"- pensei consigo ao ver em outra corda a felicidade, infantil com segundas intenções, percorrendo o tracejo. Cai em segundos, rodopiei em próprio eixo e voltei a tentar. "Foco, foco, foco"- repetia em agonia verificando a ponta onde pousava o conhecido que conversara coisas outras com o amigo particular. Alguns segundos e voltei ao solo. "Porra!"-resmunguei em descontento. E como se fosse uma questão de primordial atitude, apoiei meu pé direito no amostardar caminho traiçoeiro e sussurrei "Postura". 
      A salina brisa da primavera carregou todos os meus anseios para longe, respirando fundo abdiquei de todo o malévolo comportamento controlado em proporções sociais, como natural acatei a sorte da hora. A palma suja de areia e grama do meu pé tocou as fibras de cor ávida por determinação, senti cada centímetro daquela esticada contenção, era áspero, reto, maleavelmente seguro e claramente divertido. Expirei toda a minha vida, todos os meus mundos, ceguei minhas teorias e práticas, ensurdeci o mundo como se nunca o fizera. Foquei. Ao leve balança de braços encontrei um ou outro ponto de possível eixo 0, curvei, estiquei, balancei suavemente para um lado. Outro pé escorreu à frente, como em um filme que sabemos o que vai acontecer e mesmo assim criamos a expectativa do impossível, tinha os dois pés na corda, o corpo em trabalho com o espaço e a mente em marco nenhum. 
     Minha pupila dilatou, meus sentidos fugiram da realidade, imergi.
    Tive a pior sensação do mundo. Sentir a corda fixar-se ao ar e ao redor mover. Tudo fibrilava em resposta ao meu corpo, o que realmente acontecera era mortalmente impossível, não era a corda que bambeava e eu tendo que me equilibrar, mas sim tudo a minha volta se recontorcia em contra partida ao próprio senso rotacional de condição múltipla e inimaginável. Seria este o ponto de equilíbrio da loucura? Seria assim que todos os praticantes sentiam ao estar se equilibrando?
     

     

Sleepy


     Por carência ou não, sinto falta de um abraço. O sentimento de proteção que dar-se ao abraçar é tamanho valoroso quando estamos com a guarda baixa, com frio em mente e debilitado senso de estima. Desesperam-se aqui e ali, pulando de braços e abraços os tolos que não se pré disponham e se conhecer intimamente, sendo mais fácil suprir a necessidade contida em si, noutrem. Mas quando falamos em dormir, ainda que seja ato individual por excelência, a proteção de um abraço torna substancial a noite de sono acometida.
     As melhores noites de sono, independente de sexo, raça, e outros "blás" é realmente uma noite com alguém que gostamos, essa ao qual nos apegamos de forma simbiótica. União de dois corpos em maior momento de fragilidade cultuando o lírico. Dormir com quem gostamos é demonstração master de cuidado, é nesta fase que dormimos estranhos, tortos, e às vezes até mal dormimos já que o subconsciente enquanto se adapta ao corpo estranho em leito fica nos despertando por vezes, acredito que haja aqueles que "morrem" na cama, mas também acredito que eles não atropelam ninguém.
     Quando acostumamos a dormir assim é dificultoso e desastroso o ato de dormir. Podemos dormir sozinhos mas sentiremos falta de algo, por mais que abracemos travesseiros ou a si mesmos. O calor, a respiração, os murmúrios noturnos, os entrelaçar de pernas que roçam em dança categoricamente lenta, os apertos, puxões, empurrões... Tantas, as coisas que acontecem quando estamos em estado REM que quando voltamos a si já temos em mente o corpo envolto ao outro.
     Mesmo dispondo de medicação própria, fica complicado o ato de perecer ao sonho. Agonizantes são minhas noites preocupadas com o nada, apenas com o maquinário que subexiste dentro de mim. O mal estar é tão avassalador que prefiro ver o dia acordar do que debater-se contra a insônia do pensar, dos momentos revividos em mente, das projeções futuras, dos fracassos passados. Ao nascer do dia, a vida vai continuar. Entretanto, discursos não serão feitos hoje, relógios vão parar, flores não serão deixadas em parques, o trabalho ainda será feito, pessoas não vão se vestir de preto, bebês vão nascer, bandeiras não vão voar, o Sol vai nascer, mas nós sabemos que você se foi. Não dormirei bem. 

Moonlight


     O frio convidou-me ao assento mais próximo e para me lembrar do ontem, faltou apenas o cheiro de melaço. Ficar ao sereno é o que me resta para tentar amenizar a minha dor, esta que não passa com nenhum medicamento, nenhuma terapia, não passa com nada. Sofrer deve ser minha sina, só isso explica tamanha comoção com o vazio que carrego dentro de si.
    A noite é silenciosa e amiga. Enquanto todos dormem, enquanto a densa escuridão invade as casas, estou aqui, estou sempre aqui. Ninguém atrapalha meu escrever, ninguém pergunta o que estou pensando, ninguém  segura minha mão. Assim foi por tantas vezes, sob o luar mágico que sinto na gélida pele das mãos, a lua me avisa que algo bom estar por vir, algo que realmente vá criar algo dentro de mim, que me faça sentir vivo. O luar consola meu vampirismo. Viver eternamente não é a maldição, na verdade a grande maldição de ser assim é não sentir.
    Não há tato algum, você acredita que sente algo ao tocar, mas é apenas movimento da mente. O áspero não dá vazão ao passar de dedos, o beijo é mero movimento de vinte e nove músculos, o abraço é apresamento qualquer. A luz da lua, bem como a luz do sol, é algo que sinto. Apenas isso é verdadeiramente sentido, mesmo que memorialmente falando, mas são as únicas coisas que me fazem acreditar que posso ser normal. Que poderei ter uma vida humana.

É Sério Isso?


      Transparência é tamanha que as pessoas confundem gentileza com gente lesa. Ser legal não é aceitar tudo sem reclamar, não é fazer porque apenas pediram, ou seja lá por ter uma carinha interessante. Existem várias atribuições que determinam se uma pessoa é agradável ou está sendo uma. Deste ou doutro modo, eu não me importo sobre o que você acha do meu comportamento, já que do mesmo modo não sou obrigado a ficar próximo a ti, porquê cargas d'água você insiste em me rodear?
      Sou terrível, maligno, frio, calculista e moderadamente excêntrico;  posso ser o que eu quiser na hora em que bem entender, porém se você quiser que eu seja mais "agradável" aos teus olhos, evite:

    Desespero- Não sei bem se é carência, síndrome de atenção ou simples falta do que fazer. Há pessoas que tem a necessidade ínfima e latente de perturbar; Consciente ou não, atrapalha do mesmo modo. Se se me ligam uma vez e eu não atendo a ligação, possivelmente estaria ocupado para falar, mas de logo estarei retornando a ligação. Então porquê raios continuam ligando incessantemente? Se não antedi na segunda chamada, você acha mesmo que depois da vigésima terceira eu atenderei? Não mesmo. Por mais que eu quisesse atender, meu temperamento malino não o deixa. "Morra!" Penso em seguida. O desespero por algo que pode ser protelado, ou ser deixado de lado por seu grau de importância me rasga a paciência de uma forma abrupta. 

    Histeria- Quer ser engraçado, quer contar uma história, quer cair? Faça de modo silente. Desordem e bagunça é algo que se faz em certos lugares, com certas pessoas e em horas certas. Balburdias, histeria, gritaria e coisas peculiares de gente que se mostram demais não me atrai em companhia. Vejo como perturbação não só de ordem pessoal, mas como principalmente de gênero coletivo. Risadas estrambóticas e mecanicamente forçadas para demonstrar impacto ou então conversas de pessoas próximas mas com timbres tão altos como se falassem entre ruas, para mim isso é falta de educação e pessoas complacentes com bons modos não fazem isso. Uma vez ou outra até vai, mas sempre é... (pigarro...) baixaria.

    Tocar- O toque na comunicação é tão fundamental quanto os olhares e tal como os olhares tem que ser dados com sutileza e afeto. Falar batendo, esmurrando coisas ou então esmagar o que tem perto é tão irritante quanto conversar com quem fala muito uma só palavra, ("né?!", "aí", "véi", "foda", "iapois"). Não só impacienta o ouvinte quanto demonstra a ineficácia de concentração do locutor, pois se de um lado alguém tenta falar e demonstra querer atenção por uma mania involuntária ou safadeza, do outro lado temos o ouvinte que se cansa de apanhar, de ser cutucado ou de ver o copo sendo aberto em polvo-formato.

     Polimento- Palavras bonitas, elogios, educação perceptível, tudo isso é bem-vindo quando muito não é utilizado. Até alguém que pede desculpas demais me levanta a sobrancelha esquerda. Posso ser temperamental, confesso, entretanto alguém que sempre fala bonito demais, polido demais, demais e demais das duas uma: ou não tem noção do mundo onde vive, ou quer agradar à todos de uma forma "sutil". Uma nota para você que o faz com frequência  Estou de olhos bem abertos para sua boa aventurança.

     Falta de Dosagem- Nada na vida é tudo ou nada, oito ou oitenta, quando você vai aprender que tudo é uma questão de momento e que mantramente repito "Vivemos em um mundo de possibilidades"? Pessoas que vêem o mundo com os olhos do fim do mundo, onde tudo que acontece de bom ou ruim é como a ultima festa ou holocausto do mundo. Exagero em demasia; Hiperbolismo; Falta de bom-senso. São tantas coisas que prefiro nomeclaturar como Falta de Dosagem, pois entre agora e logo agora exitem mil momentos, vidas e situações. Bem como 2+2= Peixe. (Você se pergunta o "Por quê peixe"? Eu vo-lo respondo
Porquê não?)

Apenas o céu

Foto por @sanamaru O amargo remédio se espreme goela abaixo, a saliva seca e o gosto de rancor perdura por horas. Em vez de fazer dormir ele...