domingo, 29 de abril de 2012

Elo


       Não estou no meu enfadonho clima de soberba melancólica, o que resulta em traços fixos de formas de agir. Entretanto, torna-se peculiar o meio que utilizo das palavras, instrumento de valoração própria, não efetivando um ataque e sim, um cuidadoso método de apreciação faceira. Assim sendo, passo a reflexionar sobre o que me rodeia ou o que eu pertenço, parece até simples se não fosse o caso da complexa mente que vos fala agora.
       Toda combinação de atitudes e grupamentos de atos nos liga à alguma coisa em algum lugar. A teoria do Elo condiciona a conexão entre pessoas, trespassando por épocas variadas e resultados subalternos de escolhas, podendo até nunca se desligar, tal elo, ou fortalecer-se para todo e findo sempre. Findo? Sim, pois sabemos que de algum modo tudo acaba, seja por vontade própria, seja por vontade do Externo, o que não nos faz deixar de creditar nossos valores e pontos nesses elos por mais fracos que eles sejam. Variando de forma, elasticidade e tamanho, o Elo que conjuntura nossa interação humana ou não, desenvolve sentimento diverso ao esperado ou estabelece limites de conjugais fatores e movimentações.
       A amizade é um dos Elos mais surpreendentes dos que existem, pois sua cor é metaforicamente prismática, que condiciona vários aspectos singulares e sub itens de agrados e desagrados que tornam, cada qual, o elo único que demonstra cor, forma, tamanho e qualidade única. A analogia entre tais termos pode-se fazer da seguinte forma: Todo início de amizade sem objetivo sexual (vale frisar aqui que não falo sobre o sexo como o coito em si, mas a interação objetiva de chamar a atenção para uma "possível" aproximação maior), começa como um simples fio, curto, rompível, sem comprimento visível e que sua cor pode variar. Logo após se essa amizade desenvolver, ela começa a agregar valor ou não, quando agrega-se positivos valores e atributos personalísticos, ele começa a ganhar forma de acordo com tal valoração, pode aludir à uma corda, corrente, elástico, ponte, cinto, trilho, e tudo e qualquer coisa que ligue dois pontos e vincule-os de forma especial. Dependendo da situação pode a corrente ser de papel, por mais forte que seja fica a prova de situações que o deixa bem frágil ao meio externo por mais conotação de segurança que o possua, tanto quanto um elo de elastano, que possui flexibilidade mas pode ser figurado de construção de Adamantium que, por mais esticado que esteja devido as circunstâncias de quilometragem, continua tão seguro quanto à algemas. Sua fluorecência pode ser como de Randamônio, o mineral mais fluorescente que conheço que atiça aos olhos cobiçadores, mas também pode ser monocromático e opaco, dependendo de seu foco para olhos nus.
       Cada Elo sintetiza controle diverso nessa bilateral interação. No amor é bem mais simples possuindo apenas 10 tipos diferentes de elos, cada qual com seu tempo e forma de se apresentar, mas vamos deixar essa teoria para outra postagem. Valorem seus Elos e façam mais firmes que elásticos, mais elásticos que coloridos e mais coloridos que quantitativos. Como sabemos, mais vale um colar de ouro do que várias pulseiras de plástico.




sexta-feira, 27 de abril de 2012

Senta Cláudia!


       Não se pode deter-se de fatos e circunstância e acreditar em tudo o que se ver e tudo o que se ouve. Em todo e certo modo, atentar-se ao que nos é apresentado é sim uma maneira de, zeteticamente, analisar se aquilo é o melhor para nós. Nem tudo o que se passa no real é motivo para uma surpreendente alteração de humor ou de vida, abster-se de alguns momentos ou apenas ignorá-los já é um grande passo para a digestão de ideias e sentimentos que passamos a absolver todos os dias.
       Olhar e aguardar pode ser um dos melhores movimentos neste jogo de estratégia chamado Vida. Sentar e esperar a vida acontecer, pode assentar tribulações e decantar sentimentos, fazendo com que possamos levantar e agir, seja para o bom ou mal sentido. Porém, se você esperar demais pode-se, também, perder uma ótima oportunidade de contra-ataque ou até um ataque deflectivo. 





Bolha


         Ainda ontem passou por entre todos, circulando com exatidão aleatória, uma simples bolha de sabão. Suave e multicolorida, ela percorreu todo o ambiente e ninguém a percebeu. Vagava com destino certo, a bolha de sabão que guardava a noite, refletia em sua espelhada superfície toda a vida noturna daquela cidade.
   Percebia-se em reflexo mundano todas as conversas, pessoas, lugares, sorrisos, pensamentos, sonhos, tudo fagulhado em esférica improbabilidade brilhante. Flutuou lentamente perante as mesas, como se procurasse o escolhido para estourar-se em inspiração, atravessou o vento forte como se enfrentasse uma multidão enfurecida, subiu para os montes claros do vale de casas que estavam se preparando para a noite de sono. A bolha de sabão deveria estar procurando um sonhador, alguém que a encontrasse e mostrasse que o mundo era possível, um mundo sem tanto mau.
      Ela fora procurar seu destino, entre vias escuras, mas ainda assim dava para se ver ao longe o fugaz translúcido universo de simplicidade que trouxe aquela bolha de sabão que não ousou em estourar. 

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Carta-Resposta


 É dito que para toda ação há uma reação de real valor, potência e significado.
 Demonstrando isso em palavras, é digno de postagem algo que me agasalhou o coração. Algo que eu esperaria de ti, mas não tão intenso quanto eu li. Uma verdadeira carta-resposta de coisas que eu coloquei pra fora, algo que estava na espectativa de ouvir aos sussuros.
 Não sei se teria autorização necessária para colar pedaços importantes aqui. Mas, como toda boa história, aqui vai a primeira carta de amor:

"Nos tornamos completos quando uma outra pessoa aparece e torna tudo
muito mais fácil, tudo mais leve. Quando ela transforma nossa vida e
nossos rumos sem motivo aparente. Quando tudo o que sabíamos e o que
faziamos se vai a um simples sopro do destino. Se sentir completo nao
significa que nao nos falta nada, significa que podemos transformar
qualquer coisa em outra coisa que precisemos. Voce tem sim defeitos,
defeitos nao tão incomuns, porém eu o aceitei com os defeitos e
aprendi a me moldar a eles. Eu tenho meus defeitos e que nem eu sei
quais são, pq eu me foco tanto em minhas qualidades a ponto de
esquece-los. Quanto mais voce pensa em seus defeitos mais voce
potencializa eles. Voce vive em uma concha de proteção, porém é uma
concha solitária. Estou a te oferecer minha proteção, a minha concha.
Para que possamos estar juntos nela...se preciso eu fico do lado de
fora para dar-te o lugar protegido. Alguma coisa me ligou a voce, nada
que eu possa explicar. Voce tem se tornado parte de mim, a parte que
me completa, que me faz pensar em 2 ao invez de 1, de pensar em um
futuro, de ter uma visão mais clara de tudo. Nao espero que voce sinta
isso em retorno mas que tome consciência de que nao estou aqui pra
brincar de amores eternos. Até porque eles nao existem no mundo
natural, amores eternos são como pets voce precisa alimentar e dar-lhe
o carinho e atenção necessário para que durem por vários anos. Eu
quero cuidar de voce, te proteger, te amar, te escutar, ser acima de
tudo o teu melhor amigo, o teu companheiro. Sempre que se sentir
inseguro, pense que tem em quem se apoiar, em quem buscar forcas. Pois
eu estarei ai, dentro do teu coração, alimentado pelos seus
pensamentos e sua visualização do meu ser em cada coisa simples que
vos lembre a felicidade. Todos os dias eu trabalho por um sorriso teu,
por um ' eu dormi bem', pois não há melhor recompensa que um sorriso
de quem amamos."


quarta-feira, 18 de abril de 2012

Conforto


       É possível ter uma sensação de conforto mesmo quando estamos nos lugares mais hostis do mundo, basta apenas nos remeter em processos mentais de tranquilidade plena, ou apenas ligar o "foda-se". Claro, tudo isso depende de cada situação. Em geral, o ambiente é fundamental para a obtenção desse tal conforto, seja físico ou mental.
       Embora, alguns digam que o conforto em si seja apenas ilusão mental para nos dar segurança e bem estar, é tido, também, como facultativo às especulações a cerca de instrumentos físicos de âmbito rústico ou moderno para a caracterização de conforto em seu conceito pleno. Não obsta citar variantes casuísticas que merece desvinculação próprio do conceito.

       Conforto, o que você pensou ao ler esta palavra?

       Me vem logo na cabeça, móveis de relaxamento físico, tais como camas e poltronas, porém também é confortável imaginar uma bela praia paradisíaca e uma rede ao pé de coqueiros. Para mim, conforto é sutil e peculiar, para outros pode ser objetivo e simples. Um cigarro pode ser um conforto, tão simples quanto um abraço, um dia de chuva, um feriado, um amor... As variantes são inúmeras, mas todas têm a mesma finalidade, apreciar o bom momento de satisfação humana, tudo o que responde ao questionamento simples de "Você está bem?".
       Ao nos deparar em situações difíceis ou tristes oriundas do mundo externo, adentramos no empírico mundo confortável do nosso ser. Não existe para tanto uma posição mais confortável quanto o nosso primeiro conforto, a barriga de nossa mãe, que nos deixou a famosa posição fetal. Conhecido também como o "abraço em si", já salvou muitos momentos tristes e solitários daqueles que não tinham com quem compartilhar as fortes emoções da vida.
       Cada qual tem sua maneira própria de adquirir conforto nessas situações, eu escrevo para explorar melhor os pensamentos e sentimentos, embora não seja algo que se construa coisas positivas ou faça qualquer nexo. Dizem que não há travesseiro melhor, para uma boa noite de sono, do que a consciência limpa.
        Seduz o pensamento de bondade, porém, também, pode se tratar de melhores escolhas, estas que se traduzem em melhoria própria ou de outrem, sem causar dano alheio nem transtorno próprio. O conforto é tão prazeroso quanto um orgasmo.
        Assemelha-se o caro ao maior conforto, seja uma casa, carro, móveis, vestuário... Mas nem sempre é assim. A satisfação pessoal vale mais que jocosos desejos mundanos de posse, visando o próprios benefício e não o stress de endividamento parcelado em noites sem sono.

sábado, 14 de abril de 2012

São Jorges


       São Jorge é uma figura carismaticamente bem desenvolvida pelo sistema religioso católico e afrodescendente,  tanto quanto no mercado capitalista. Porém não escrevo por ele em si, mas pelas Jorges que conheci. As Jorges como nome de família, daria um belo título de um conto ou novela, seguido de personagens bem caricatos e inspiradores o qual nos influenciam como qualquer Helena das novelas da Globo.
       Aprendi com essas guerreiras que não importa a situação, no outro dia você tem que estar com a cabeça erguida para o que der e vier, seja bom ou ruim, pois enfrentamos dragões todos os dias, alguns de vários metros e toneladas, e outros de centímetros e gramas. E como nas imagens do próprio santo, a lua se fez presente e imensamente proporcional ao grau de aprendizagem que tive nesse ciclo que findou-se em conjunta imortalidade de inspiração. Fé e resignação d'alma são dois pontos que assimilei muito bem em minha humilde permanência neste seio familiar. 
       Cada Jorge possui uma personalidade própria que se soma a experiências únicas, são todas personagens da mesma história, porém cada uma com um universo totalmente diferente, deixando assim a impossibilidade de não se apaixonar por essas cicatrizes do passado próximo que nos esbalda em lições de vida. Brilha o olhar de expectativa a cada palavra soada com veemência, a propriedade nos sentimentos que nos conta em telas perfeitas, as cenas se destrincham com capacidade total de produção imaginária. Um filme.
       Aprendi a controlar emoções, guiar corações e calar noções. Aprender é o infinitivo verbo que descreve as Jorges para mim, lição sempre, para mim e todos os meus eu's presentes, ausentes e operantes. Bem que todos poderiam ter uma vivência dessas, de passar umas férias de si próprio e voltar mais cheio de vida do que nunca. 
       

terça-feira, 10 de abril de 2012

Olhar N'água


       A calmaria do mar sobrepõe qualquer sentimento na maresia de condolências. Distante ficam os pensamentos oriundos de problemas e complicações da mundana vida, disfarçados de interesses e projeto estão nossos sonhos e perspectivas, que nos deixam cada dia mais focados em coisas próprias e esquecemos do natural.
       Não troque o olhar ao natural, ao belo, ao milagre divino pelos devaneios do pecado. O que é mais prático e salutar pode não ser o mais saudável e peculiar proveitoso, tanto em momentos quanto em pessoas. Habitual correria não perdoa a boa intenção de descansar, porém almeja o bem estar do balanço de uma rede, do boiar sobre uma prancha, de uma caminhada à beira-mar. 
       O dourado sol esquenta as salinas águas de mar aberto e areia fofa, um convite perfeito para um respirar fundo em uma terra de beleza sem igual e que, por vezes, ignoramos por motivos comuns. Precisamos de apenas poucos momentos em lugares certos para certos lugares tomarem espaço perfeito em nossa mente, seja ao natural, seja no concreto. Não precisamos ir tão longe para se sentir bem, basta caminhar até o fim da rua, dar uma sentada no gramado do jardim, continuar o percurso na praça à caminho das aulas, ver a chuva cair pela janela... Temos todo o tempo do mundo para dar uma lufada de vento em ideias tolas e pensamentos vis. 
       O olhar n'água que nos banha, que nos limpa alma todos os dias, tira cansaço do corpo, deleita-nos com várias metáforas corriqueiras ou até mesmo um simples conforto higiênico. O mesmo processo com o mar e suas variantes, idas e vindas da maré que inspira poetas e músicos, em qualquer forma de lua ou contemplação solar, com palmas ou apenas sorrisos, um piscar de olhos e tudo se foi. Foi-se preocupações e ilusões, perfeccionando palavras e sentimos no revolto mar ou calmo paradiso.

sábado, 7 de abril de 2012

Acostamento




Sair da rotina é fundamental para espairecer ideais e decantar emoções.

 Acredito que por mais apoio que tenhamos nada se compara ao olhar conjecturado ao outro universo, observar um mundo no qual não habitamos, seja por novas pessoas, novos lugares, novos objetivos ou novos entretenimentos. A estrada é a mesma para todos, ela é longa e dificultosa, mas está aí para que você possa se esforçar e sair na frente rumo ao universo que te espera. Todas as possibilidades cintilam em uma única proporção, esta que te almeja os olhos ao cair da noite na estrada.
Não deixa de acreditar nas possibilidades mesmo que tudo pareça perdido. A vida se reinventa a cada amanhecer, a cada abrir-olhos e o que achamos que aprendemos sozinhos em alguns meses, pode ter sido nos jogado todos os dias e não pudemos ver por mísera descompaixão da realidade. A alegria de ver os meus ensinamentos em outros olhos me deixa acreditado que a verdade é uma só, temos que saber aproveitar cada momento para que a felicidade permaneça constantemente em nossos corações.
E mesmo que a emoção acabe, lembraremos tudo que passou e isso nos dará força para seguir em frente, na faixa tradicional da vida. Não adianta ficar por muito tempo no acostamento com medo de um acidente qualquer, pois não se trata do impacto, mas sim da reconstrução racional do dano. A via dupla de situações e algumas vezes com tráfego demasiado corrido, aparenta-nos uma terrível busca por um propósito vazio ou temível, entretanto quando adentra em nós o conhecimento do que passamos, tudo fica muito simples.
Não há atropelos quando se vê a pista, com a velocidade constante de emoções e atenção na estrada para que não haja enfadonhos buracos que nos atrasem, perigosas curvas de tentação de caráter ou outros veículos em direção contrária que possam colidir conosco. Acostamento serve para uma pausa temporária nesta viagem, pode ser por opção ou por obrigação, dependendo de cada caso, mas tal acostamento não pode ser usado como fuga, como escape.


terça-feira, 3 de abril de 2012

I'm Here.



Meus olhos te perceberam, era você.

    Você franziu a testa pra mim com uma feição que me gritava "Eu te avisei". Sorrateiramente você entrou na sala, postou-se em minha frente e continuou a sorrir, entrava em minh'alma todo o teu fluxo vitálico, você acariciou minha cabeça com tanto carinho que eu lembrei do teu cuidado com meus sentimentos. Você se vestia tão desbravadamente que me recordei de tempos outros, de quando você tinha o controle e tudo era tão mais simples e divertido. "Não fica assim" você me disse, abaixei a cabeça em desesperança e, mesmo assim, você agachou-se até aos meus olhos e continuou "Não quero vê-lo triste", eu chorei sem controle, sem medo de que você me observava, não tive vedo de ser verdadeiro, pois sabia que você era a única pessoa que sempre esteve ali a todo momento e não recuou e nem avançou sem mim, ficou ao meu lado.

       Me vi à minha frente, minha parte sem medo, sem conseqüências, sem pudor. Era você. Aquele no qual todos já falaram sobre, aquele que eu fiz questão de prender no obscuro vazio da minha conturbada mente. Não tive como dizer não à mim, as faíscas eram características vivas de todo o teu potencial, você sempre soube fazer o que importava, desde sempre fora o lado selvagem da cativeirada criatura, era você que alimentava a coragem e por isso eu senti o calor por esses dias, vi labaredas onde eram sombras, também percebi que você respeitou o meu espaço. Agradeço por entender minha situação, agradeço por segurar minhas lágrimas por mais uma vez.

       "Deixa eu tomar conta agora... Permita que eu mude tudo..." Você me tentava com essas palavras e por mais que eu não duvidasse que você faria tudo totalmente diferente, eu não poderia nunca fugir da minha luta, era a minha vez de seguir. "Não posso..." Eu me respondi, você trancou sorriso e levantou, virou as costas por um momento e eu vi que respirava fundo. "Ainda não é tempo." Eu te respondi, mas de nada adiantou, você virou pra mim já em chamas. Teus dedos inflamados combustava todo o braço, subiu labaredas dos pé ao peito. "Você não está vendo que isso é errado?" Você me gritava. "Você parece que gosta de sofrer em vão..." Levantei me já posto e contestei "Não se pode chegar aqui querendo algo, só porque algumas coisas não deram certo", você riu e me cuspiu fogo "Tenta!", desafiado pelo brasar do teu olhar eu apostei, "Não só vou tentar, como também, vou conseguir." Você novamente riu, mas dessa vez foi diferente, senti que você não estava sendo irônico. "Quero o teu bem, não importa se seja por mim ou por você." E você se foi do jeito que chegou, traços sorrateiros de fogo às paredes, fogo fátuo do próprio ego.
"Quer o meu bem... E somos um só." pensei.



domingo, 1 de abril de 2012

Fénix


       No final de cada ciclo de vida, a fénix queimava-se numa pira funerária. A vida longa da fénix e o seu dramático renascimento das próprias cinzas transformaram-na em símbolo da imortalidade e do renascimento espiritual. Assim como o amor, que pode durar um tempo, perecer em cinzas, morrer, estagnar e logo renascer, novo em folha e ávido por voar novamente.
         Há momentos na vida que nem parece que acabamos por passar por um grande conflito ou forte emoção, seja uma felicidade momentânea, uma epidérmica depressão, imensa alegria ou âmago joguete em fossa. A estruturação emocional nos transborda em novação, não importa a condolência do sentimento, ele sempre reza pela renovação, inacreditalizando o senso humano por surpreender-se quando tal sentimento que era tido como morto, como pueris fragmentos, ele se recria, inflama-se como nunca, cria-se um novo ponto de restauração.

Apenas o céu

Foto por @sanamaru O amargo remédio se espreme goela abaixo, a saliva seca e o gosto de rancor perdura por horas. Em vez de fazer dormir ele...