quarta-feira, 28 de março de 2012

You Left


 Puxei o banco para a mesma e única janela daquele lugar, o meu lugar. Aguardando qualquer iluminação que me trazia nostalgia de felicidade, mas essa parte de alegria só aparece uma vez em cada mês e, enquanto isso, fico a vislumbrar o infinito vácuo que se faz entre as estrelas lá em cima. Hoje posso ver a noite lá fora de um modo tranquilo, já que consegui trancar a porta novamente.

 Com um pouco de ajuda, consegui lacrar em segurança esse recinto. Olho tudo ao meu redor e vejo as marcas, nas paredes e logo junto a porta, as cinzas dos vinhedos que cobriam as paredes, a antiga grama que tapetava a entrada, tudo de natural de outrora, hoje é apenas marcas de incendioso abandono. Não tive coragem para começar a limpar o chão sujo de marcas de sapatos de pessoas estranhas que tentaram invadir o meu espaço, coragem ainda não tive para jogar fora a mobília que trouxeram do mundo externo, essa mobília que hoje está caída aos pedaços, em meio ao mofo, abrigando aranhas e outros insetos.

 Aguardo agasalhado ao habitual indiferente olhar o retorno do luar, a ultima coisa que me faz sentir um pouco melhor em meio de tanta confusão, ao redor de tanto barulho externo, no epicentro de tanta promessa morta que cresceu vido lá de fora, espero pelo momento certo que levantarei com todo o ávido aspecto de mudança, de renovação. A exaustão não limita a vontade, porém essa tal convicção que me fora passada em poucas palavras de intencional dizer, me jogou um forte argumento para acreditar em tudo em que Mr. Edmond me explicou desde sempre. Somado as verdades em oitiva dos próximos, teus próximos que em sentido real ou comum profetizou aquilo que já acalentava em tristeza, uma meia verdade que não queria por fé.

 Tal dom quebradiço de esperança fora açoitado pelo íntimo, abrilhantando o passado e querelando o tradicional movimento sazonal. Não precisei de muito para aceitar as ideias de Mr. Edmond, ele foi preciso e demonstrou por fatos o que eu já suspeitava, como exemplificou o próprio: Para matar alguém, não é necessário possuir uma arma, deixar alguém morrer também é homicídio.




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