sábado, 31 de março de 2012

Deveria?


       Minha maior vontade é te ter ao meu lado a todo o momento, saber como estás, com quem estás ou onde estás. Perguntar como foi o teu dia, saber que chegou bem em casa, como foi a festa dos amigos, como foi o passeio com a família, que está jogando um jogo novo, como foi de viagem. Retomar o tempo de saudade que se rasgou no tempo, que hoje são apenas vagas lembranças.  Lembranças que martelam todos os dias, todo os bons lugares que visitamos, todas as piadas e brincadeiras que só a gente entende, a nossa intimidade e nossas discussões. Eu poderia lembrar isso à ti todos os dias, lembrar aquilo que você me prometeu nunca esquecer, lembrá-lo de como éramos, como se fosse a primeira vez. Lembrar a razão por qual você me amava, que hoje você não lembra ou já esqueceu por completo.

  Mas não sei para onde olhar. Em quem acreditar.

       Deveria esperar as coisas acalmarem? Deveria me render? Deveria ficar do teu lado o máximo de espaço que me ofertas para que eu possa ter tua confiança? Seria um desperdício de afeto? Seria desperdício da tua boa vontade em me ouvir falar sobre nosso sentimento?

       Não sei se devo continuar a traçar uma barreira entre nosso vínculo, não sei se me afasto para eu voltar a ser um anônimo, mas acredito que isso seria desistir. Só me vem à cabeça de continuar ao teu lado, pra quem sabe você possa se lembrar de tudo, de mostrar que EU, sim, posso ser um porto seguro em todos os sentidos, de amadurecer juntos e estar prontos para o que der e vier, mesmo sabendo que o tempo voa, devemos aproveitar o hoje, nunca se desfazendo dos sonhos e metas. Mas para que tudo isso aconteça, eu precisarei de pelo menos a aceitação, nem forçar nada e deixar o tempo agir, como ele o fez no começo, só pararei de acreditar que não irá mais dar certo quando ver em teu coração que morreu todo o sentimento, que você já não me quer do teu lado de plena convicção, quando me disser que sou um atraso de vida, uma bigorna amarrada ao teu pé, quando você disser que não quer mais que eu continue a transformação.

       Mas mesmo que não dê certo, eu agradeço e espero que sempre conte comigo, pois quando tudo não mais importar, eu estarei aqui, e dessa vez é real. Sem egoísmo ou motivações infundadas e  desejando sempre o melhor para você. Com o passar do tempo vou continuar acreditando que encontrarei alguém como você, com toda essa felicidade e amor que brotou entre cascalhos, o bom é que estás mais a frente que eu, já passou pela fase do pensar e foi agir, encontrando alguém que suprisse a falta que eu fazia e que desmotivou uma possível mágoa, é tão bom quando estamos bem conosco e voltamos a confiar nas pessoas. 

 Eu só queria saber como é olhar para você e não sentir nada. Do jeito que você faz comigo.

sexta-feira, 30 de março de 2012

The Floor


      Meu alter ego me fez cair e no chão, permaneci acreditando piamente que era o certo a se fazer. Foi o melhor para todos, mas a mágoa corrói uniformemente este sentimento que hoje não vejo em teus olhos, que o tempo fez esquecer e que apenas a mim sobrou recordação. Não olhe para o passado, pois o passado você já conhece bem. Foque no futuro, o brilhante futuro que te aguarda. Nada é coincidência, tudo nos faz crescer. 

      Vejo um adulto se formando e conseguindo projetar várias coisas, tipo várias... E isso me alegra, pois com as ferramentas certas e instrução, você pode chegar onde quiser, onde teu coração guiar, e todo horizonte conquistado será um esplendor em teus olhos. Eu poderia mostrar todas as evidências de que um recomeço é possível, não seríamos os mesmo, seriamos adultos abordando a fase maciça de uma relação, de uma construção desvinculada de qualquer parte sinistra dos nossos seres, dando suporte um ao outro em compensamento mútuo.

      Hoje, tenho convicção que o mundo roda, e que um dia precisei de pessoas e palavras que me recusei ao ouvir meu próprio ser, e por rodar e rodar, me deparei com o inesperado, com pessoas ao meu redor que estavam ali o tempo todo e eu nunca tinha visto, algumas até que eu ensinei a crescer e que me deram um sorriso, uma canção, um juntar de mãos e um suporte intangível de coração puro. Vai ver crescer é isso, é reconhecer, conhecer e se desfazer dos monstros em que nós habitam, pode demorar um pouco ou muito, em uma hora certa ou errada, mas quando tem que acontecer, acontece!

      Os planos de hoje estão aqui, traçados em papel delineado de paixão, acreditando que tudo vai ficar bem. Não perdendo a esperança jamais em uma felicidade que existe em mim, estou ainda no chão, me levantando vagarosamente para ter todo o potencial de chegar ao meu caminho. Estudando e trabalhando para que minha vida boa e aconchegante surja com o suor do esforço e o sorriso do amor. Qual amor você pergunta? Esse que cresceu em mim, esse que eu estou pronto pra compartilhar no momento certo e com a pessoa certa. Se não der certo, fazer o quê? Chore, enraiveça, mas cresça, estamos aí para quebrar a cara várias e várias vezes, e vamos amando e sendo amados, não importa o título, mas todo o teu sentimento.

       Espero que um dia eu saiba quanto amor caiba em teu olhar, este opaco olhar que exala frieza. E continuarei dançando nesta pista de dança, esta que eu cai e agora volto a reerguer, espero que toque uma música boa, pois estarei a todo vapor.






quinta-feira, 29 de março de 2012

Equilíbrio


 A parte sensora do nosso corpo que comporta a responsabilidade do equilíbrio é o ouvido, especificamente o Labirinto, que mesmo possuindo este nome engraçado, tem uma das funções mais excepcionais e importantes do nosso ser. Não só ele quanto o conjunto dos olhos, o sistema vestibular do ouvido interno e os proprioceptores, isso no homem, lembrando que cada espécie possui sua própria característica de função de equilíbrio.

 Em versão mecânica ou postural temos o exemplo acima, mas acredite que há várias espécies de equilíbrio, variando de tipos e esferas aplicáveis, como o equilíbrio estático, equilíbrio gráfico, equilíbrio de poder, equilíbrio térmico... E por aí vai. Logo no meio externo percebemos que tudo é uma questão de igualizar os parâmetros para que um não seja mais excedente que outro, transformando em um tipo de manutenção que resulta, dependendo desse igualitário acesso, em provenientes fins.

 Na teoria de Piaget o desenvolvimento cognitivo do indivíduo ocorre através de constantes adaptações.

A adaptação possui dois componentes importantes: assimilação, e acomodação, o primeiro consiste na incorporação, pelo sujeito, de um elemento do mundo exterior às suas estruturas, age sobre ele aplicando experiências anteriores ou esquemas. No segundo, o sujeito se modifica a fim de se ajustar às diferenças impostas pelo meio. 

Ambos, assimilação e acomodação, são pontos de partida para restabelecer o equilíbrio saltando assim de um patamar inferior para outro superior. O patamar superior servirá de partida para novas assimilações. O equilíbrio consiste num estado de constantes trocas. O equilíbrio é possível porque as trocas entre sujeito e objeto garantem a conservação do sistema, e um é consequência do outro. O sujeito assimila características dos objetos, isto é, age sobre eles transformando-os em função dos esquemas de que dispõe. 

 Mas, nem sempre temos o equilíbrio necessário para continuar caminhando. Seja em ideias, projetos ou o andar propriamente dito. Passando para os traços merecedores de cautela, as emoções, o campo se abrange e se complica em tocantes e importantes casos de equilíbrio peculiar. Em sentindo individual, manter esse equilíbrio de emoção (sendo leviano a conjugação simplória de Felicidade X Tristeza), é uma tarefa árdua e dificultosa, mas não é impossível. Assim como manter um sorriso gelado no rosto para afastar possíveis indagações.

 Para quem guarda profundamente esse paradigma intelectual chamado emoção, tornar esse elemento racional é uma tarefa não possível para feito singular. Fazendo a aparência frágil tomar conta do autor desta avassaladora linha tênue entre razão e emoção, nos demais feitos corre em mente fechada todos os ventos que condizem o contraditório sistema de aceitação de tal possibilidade. O que em sentido extremo repercute na especulação que qualquer passo errado, ou fora da linha poderá, e será, integralmente responsável, pela voluptuária falha do autor.

E especular nunca é bom.


quarta-feira, 28 de março de 2012

Me Fuma



Hoje quis fumar o meu cigarro
Mas em manifestação clara
De fraqueza, o cigarro é que me fumou.


Não tenho filtro,
Sou 100% consumível.
Fuma-me até ao fim.


Sinto o alcatrão no coração,
A nicotina nos pulmões,
O peso na consciência!


Consome-me até ao fim.
Não deixes nada.
Não tenhas misericórdia de mim.


Cigarro que me fumas,
Concentra-me todo em ti.
E a seguir manda-me ao chão.


Quero ser objecto fumado
E esquecido na calçada,
Lembrança inútil e perdida.


Obedece à minha ordem, cigarro!
Hoje será o ultimo dia
Das nossas tristezas.

Cigarro


Vai, me passa o cigarro
Deixa o meu peito tragar
A fumaça de um amor
Que acabou de se dissipar

Agora, me deixa o isqueiro
No fogo, eu talvez esqueça
E o fulgor dos meus olhos
Nas cinzas desapareça.

Mas pra não deixar tua casa
Com meu cheiro de cigarro,
Me deixa do lado de fora
Só um cinzeiro de barro...

Pra cada tragada que desça 
Deixo o pulmão gretado
Tentando fazer que ele aqueça
O meu coração congelado.



Darko


 E se todo o teu comportamento fosse descrito por um personagem?

Sabe agir mediante as ações que lhe é proposta, mas não vos cabe o refletir sobre o que é dado em retorno. Foi assim que me peguei depois de assistir um longa antigo, um no qual as pessoas indicavam como bom, como um filme "a minha cara" e assim o fora. A história em si percorre um tênue traço entre conspiração temporal e medicina psiquiátrica.
 De tanto ouvir sobre o filme lembrar a minha pessoa, e de ter ganho um exemplar há meses atrás, me propus a assistir esse tal filme em um sábado qualquer. De princípio eu estava empolgado pelo seu fim, pois assim que vê-lo, teria argumentos para discuti-lo em rodas de amigos. Antes fosse isso do que ter vergonha. Em apenas uma unica visualização, percebi que o personagem me identificava, não em todos os momentos, mas em sua maioria, e isso não foi confortável.
 Passei da curiosidade ao escabreamento, pois mesmo tendo uma ótima história, fiquei a pensar sobre os comentários das pessoas em relação ao Darko ter comportamento por mim apresentados. E sabendo que isso é verdade, me magoou muito, não pelo sentido de chacota, mas pelo sentido do problema do personagem em si. E ao fim do filme, pensei muito sobre toda a proposta e soube agir com tudo que fora me adicionado ao longo dos anos, mas deixarei para o tempo essa história de certo ou errado.

You Left


 Puxei o banco para a mesma e única janela daquele lugar, o meu lugar. Aguardando qualquer iluminação que me trazia nostalgia de felicidade, mas essa parte de alegria só aparece uma vez em cada mês e, enquanto isso, fico a vislumbrar o infinito vácuo que se faz entre as estrelas lá em cima. Hoje posso ver a noite lá fora de um modo tranquilo, já que consegui trancar a porta novamente.

 Com um pouco de ajuda, consegui lacrar em segurança esse recinto. Olho tudo ao meu redor e vejo as marcas, nas paredes e logo junto a porta, as cinzas dos vinhedos que cobriam as paredes, a antiga grama que tapetava a entrada, tudo de natural de outrora, hoje é apenas marcas de incendioso abandono. Não tive coragem para começar a limpar o chão sujo de marcas de sapatos de pessoas estranhas que tentaram invadir o meu espaço, coragem ainda não tive para jogar fora a mobília que trouxeram do mundo externo, essa mobília que hoje está caída aos pedaços, em meio ao mofo, abrigando aranhas e outros insetos.

 Aguardo agasalhado ao habitual indiferente olhar o retorno do luar, a ultima coisa que me faz sentir um pouco melhor em meio de tanta confusão, ao redor de tanto barulho externo, no epicentro de tanta promessa morta que cresceu vido lá de fora, espero pelo momento certo que levantarei com todo o ávido aspecto de mudança, de renovação. A exaustão não limita a vontade, porém essa tal convicção que me fora passada em poucas palavras de intencional dizer, me jogou um forte argumento para acreditar em tudo em que Mr. Edmond me explicou desde sempre. Somado as verdades em oitiva dos próximos, teus próximos que em sentido real ou comum profetizou aquilo que já acalentava em tristeza, uma meia verdade que não queria por fé.

 Tal dom quebradiço de esperança fora açoitado pelo íntimo, abrilhantando o passado e querelando o tradicional movimento sazonal. Não precisei de muito para aceitar as ideias de Mr. Edmond, ele foi preciso e demonstrou por fatos o que eu já suspeitava, como exemplificou o próprio: Para matar alguém, não é necessário possuir uma arma, deixar alguém morrer também é homicídio.




segunda-feira, 26 de março de 2012

True History


 Estado de coma. 

 As ideias pararam e junto toda a sua complexidade. Havia sentido outrora, mas hoje não há qualquer razão para continuar os relatos por mim adquiridos. Pode até ser injusto com algumas pessoas, porém em se tratando de conjecturação abstrata dos fatos a serem apreciados, é de glória própria toda sua estruturação. E por isso, não mais me disponho para sua codificação, ou seja, ficamos com o atual e possivelmente não haverá mais outros.
 Juntar todo o apanhado de sequencial história que fora me passado não é tarefa fácil, lembrando que toda essa crônica se prolonga por, já, 4 anos, sem nenhum tipo de controle ou ajuda externa. Tarefa árdua de complexidade de forma e espaço, sendo que em um tem todo o sentimento de responsabilidade e coerência textual e o outro vem em diversos diagramas, pautas, ensaios e verbetes perpendicularizados em todo o lugar.

 O staffar (se é que existe essa palavra) mental é extremo.

 Cronologicamente instável é a ideia de criatividade. Tão difícil suportar o fato de não ter o insite, é suportar o mundo real fora da mente criativa, que muito não ajuda quando se tem uma vida conturbada e dificultosa. Além do mais, ter em mente uma memória de um conto sem esquecê-lo pode ser refrescantemente aterrorizante, pois não se trata de um adicional próprio, mas sim de experiências que são repassadas.

Uma Chegada... Uma Partida...


Por vezes a vida é feita de chegadas e partidas
Em cada chegada existe um sorriso
Numa partida lágrimas erguidas
Emoções num momento preciso!

Na chegada renasce a alegria 
Enche o peito de vida
Enche a vida de energia
Da esperança de vida vivida.

Ergue a cabeça ao pobre
Acalma a raiva na brusquidão
Serena chegada da vida cobre
A felicidade da emoção

Vive-se alegre raiando, andando 
Vive-se marchando em frente
Vive-se feliz cantando
Por uma chegada, vive-se sempre contente.

Mas a vida é feita de chegadas e partidas
Em cada chegada existe um sorriso
Numa partida lágrimas erguidas
Emoções num momento preciso!

Na partida existe o desejo
Do não sofrimento
Daquele momento um ensejo
De que não nos corroa por dentro.

A tristeza do fim
Um recomeço por iniciar
O esforço do que se deu, enfim
Que acaba por abalar

A lágrima corre de dor
Um sorriso desmaido
Um Adeus, dito de cor
Um coração arrancado

Mas entre a chegada e uma partida
Existe uma esperança, uma vivência
Um vida ainda não vivida
No espaço, esta vida sua existência!

A vida é feita de chegadas e partidas
Em cada chegada existe um sorriso
Numa partida lágrimas erguidas
Emoções num momento preciso!


sábado, 24 de março de 2012

Eu Também Não Entendo.


 Já larguei tudo por não saber o que seguir, sem saber em quem confiar, o que realmente perceber de certo ou errado, deixando tudo de lado e pedindo um tempo para si. Um tempo que nunca deveria ser dado, pois para quem é está quase vazio, o tempo termina de esvaziar, esperança essa que não volta, que não se firma. Olhar para o lado pode até ajudar, mas quando nos pegamos nos tempos próprios podemos ver que continuamos ali, sem ter saído em momento algum, não fazendo o menor sentido essa de auxílio dos lados.

 Tenho que aprender muito para que um dia possa me levantar e caminhar, pois nunca terá ninguém aqui do meu lado, esperando o frisson passar, se espairecer, volátil sentimento de vazio, de exagero conservador de que sonhos não são possíveis. O que vou fazer eu não sei, mas afinal o que seria isso? Resta apenas aprender a lidar com essas situações e torcer para que não interfira muito nos campos externos. E embora eu escreva para o alívio íntimo, de nada adianta. 

Nem escrito aqui, nem escrito lá. Tais pensamentos soltos não fazem sentido, não demonstram sentimento, divaga em conclusão, ócio mental, inspiração tardia que não quer chegar. Tudo que escrevo em traços rápidos são apenas pedidos da alma, esta que a civilização não vê, que o concreto não perdoa, que o sol não queima, que a noite não esfria, e mais uma vez estarei aqui deitado, e alguém aí vai me perceber quando passar por sobre mim.

E outra vez, às três e meia da manhã, estarei pactuando com o Sinistro, com o lado sombrio da mente que popula o coração. E antes que aumente a dor, esqueço tudo e mais além, para nunca mais sentir novamente o rasgar da possibilidade, o que fará ser tarde demais para qualquer pedido, qualquer futuro imaginado. Vai ver você tinha razão, vai ver toda aquela conversa tem pleno sentido, vai ver... Só quem poderá dizer isso são os meus botões que me acompanham, todavia eu possa dar um aviso quando finalmente entender os motivos, que são até muitos, mas que se chocam pelo sentido oblíquo da perspectiva triangular disso que chamo de hoje.



sexta-feira, 23 de março de 2012

Noite Sem Luar


 Hoje eu queria ver a lua,
 Mas não qualquer lua,
 Queria ver a lua do teus olhos,
 A lua sob o qual você me disse "eu te amo",
 A lua que me fez sorrir,
 A lua que te fez presente,
 Que se fez de presente,
 Hoje eu queria apenas um luar,
 Sem qualquer motivo,
 Caminhar pela fofa areia da praia,
 Ao teu lado, ou com a solidão,
 Após ou antes de um café ao céus,
 Estrelas alinhadas ao meu sorriso,
 A brisa maliciosa da sublime tempestade,
 Mas hoje não tem luar,
 A lua já não se faz presente no meu céu,
 O sonho deu razão ao frio,
 Aguardando outro tempo,
 Para quem sabe,
 Em uma visita da Ana Lua,
 Uma aparição em minha vida,
 Eu consiga novamente dormir bem,
 Comer bem, sorrir bem,
 No capô de um carro,
 Em meio ao deserto,
 A lua lá longe, me vendo de perto.
 Hoje não tem lua, triste noite,
 Noite sem luar.


I'm good at being bad


 Já cansei de arrumar desculpas aos descontroles críticos, dos variados pensamentos intencionais e por listas de contestação. Creio que a construção jurídica ajudou mais ainda ao fator oral de obtenção de mérito, explicação ou apontamento individual, o que me resulta em alguns constrangimentos ou sentimentos de revolta.

 Para cada coisa errada que eu vejo, posso elencar mais de dez itens naquele instante sobre o porquê do meu sentimento de revolta, não traçando linha cronológica em tempo algum para não fazer a tristeza brotar ainda mais. De certo, hoje, respiro fundo em algum atento a realidade dos casos que na maioria das vezes, os próprios personagens não estão ligando para a história principal. Desloca-se a sua atribuição para jogá-la ao outro, quer um exemplo disso?

 Sabe quando você passa um bom tempo sem falar com alguém e depois quando esse tal alguém liga, você reclama que ele sumiu, que nunca ligou para você e tal, mas então por que você não ligou se queria falar algo? Sabe quando tem mil coisas acontecendo e você quer conversar com alguém e esse alguém nunca está disponível ou demonstra qualquer interesse em estar com você ou o melhor de todos é quando ele te ignora e depois que tudo passa ele vem falar contigo e remete a velha frase "Por que não veio falar comigo?" Ou melhor, a pessoa te joga de escanteio e semanas depois vem te reclamar pois você está meio "estranho".

 Para algumas pessoas é fácil deixar isso de lado e continuar, para mim não. Tendo o espírito coberto de acidez empalada ao melhor dos comentários maldosos, percorre em mim todos os sentimentos de revoltas possíveis, entretanto como todo sentimento humano, ele um dia consegue evaporar. Hoje, posso te dizer que sou uma criatura até tolerante em relação aos fatos propostos, usando da indulgência sempre que possível, apenas não apele para o meu bom senso pois ele não existe.

 Todos sabem como sou cruel com as pessoas quando algo não me convém, mas não é coisa pequena ou indireta. Sou desses que quando tenho algo contra você, chega junto e converso, só não peça por uma discussão de relacionamento quando estou nesses dias, pois não tenho nenhum tipo de escrúpulo ao definhar a tua boa vontade e sequer remorso ao destroçar qualquer esperança. Ser mal é algo intrínseco, algo maior. Ser vilão nem sempre é fazer o mal, mas sim ter o pensamento diferente dos que acham estar fazendo o bem e como vilão de qualquer história, não estou ligando para o que os outros dizem, pois eles também fazem o mesmo, o que diferencia eles de mim é que eu não julgo nenhum sentimento, pois só eu sei o que se passa na minha mente e por isso eu respeito as atitudes dos outros.

 E você que julga sentimentos alheios, já ouviu falar em indulgência?
  

quinta-feira, 22 de março de 2012

Wear It [on/off]


Que a moda está presente em nossas vidas isso é claro, que a moda de luxo hoje será a moda popular de amanhã, também sabemos. De todas as estações do ano, a que mais me atrai, a que me dá vontade de realmente vestir é a temporada fria, o outono&inverno.

 Sabendo que minha cidade não permite o uso de tais artifícios tipo casaco/scarfs, nem botas, tenho que me aventurar pelo mundo para o uso de tais belos complementadores da aparência.

 Os variados casacos, jaquetas e os moletons, somados as demais roupagens de frio, quando realmente bem e colóricamente vestidos, atrai olhos curiosos e esbanjam estilo. Tão somente nessa época de clima frio é que o couro entra em cena, dando vazão as diversas tonalidades e acessórios. Não perdendo lugar, os cintos também são figuras marcantes já que as bermudas se alongam e as calças sempre, eu disse sempre, será envolta aos belíssimos cintos.

 Em vitrines populares pode-se fazer combinações interessantes neste estilo bossal europeu, tanto para homens quanto para as mulheres, a tendencia aprecia o ar livre e escritoriedade básica, sem muito espalhafatar a época, dando sensibilidade ao clássico. O que de fato nos engradece o ego, pois dá pra tirar do closet alguns artigos para implemento ao novo conjunto.

  Nesta nova tendência sigo eu, pretendendo utilizar de todos os casacos, jaquetas e moletons que comprara. Não sei se aqui no Brasil ou lá na Europa, mas vamos desfilar em calçadas comuns com um estilo absolutamente Euro-Brasileiro. Os pisantes de couro ou moletom pede muito por andadas seguras e se quiser me acompanhar será muito bem-vindo.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Tempo Certo.


De uma coisa podemos ter certeza:
de nada adianta querer apressar as coisas;
tudo vem ao seu tempo,
dentro do prazo que lhe foi previsto.
Mas a natureza humana não é muito paciente.
Temos pressa em tudo e aí acontecem
os atropelos do destino,
aquela situação que você mesmo provoca,
por pura ansiedade de não aguardar o tempo certo. Mas alguém poderia dizer:
Qual é esse tempo certo?

Bom, basta observar os sinais.
Quando alguma coisa está para acontecer
ou chegar até sua vida,
pequenas manifestações do cotidiano
enviarão sinais indicando o caminho certo.
Pode ser a palavra de um amigo,
um texto lido, uma observação qualquer.
Mas, com certeza, o sincronismo se encarregará
de colocar você no lugar certo,
na hora certa, no momento certo,
diante da situação ou da pessoa certa. 

Basta você acreditar que nada acontece por acaso. Talvez seja por isso que você esteja
agora lendo estas linhas. 
Tente observar melhor o que está a sua volta.
Com certeza alguns desses sinais
já estão por perto e você nem os notou ainda. 
Lembre-se, que o universo sempre
conspira a seu favor quando você possui um
objetivo claro e uma disponibilidade de crescimento.

Paulo Coelho

(H/M)otel


 Por esses dias de exaustão mental, percorreu por mente a ideia clássica de um ato tradicional do ser humano, algo no sentido bíblico, estilo carnal, meio pecador. E veio a cabeça, não só todos os possíveis atos e pessoas disponíveis, mas sim o peculiar acesso que temos para esse tipo de interação. O hotel e o motel está em nossas vidas há tanto tempo que faz parte de nossa cultura, seja por não ter local para se fazer amor ou simples sexo casual, seja por limiar fetiche.

 Para homens e mulheres, não interessa a combinação, esses lugares para esses tais fins são uma boa escapada do tradicional, para quem não tem um lugar familiar para fazer tais coisas, sobra esses tais espaços. Os Hotéis são tradicionalmente para um permanência maior, como um fim de semana, uma semana, umas semanas ou uns meses. Aproveitando uma viagem próxima ou longínqua, é óbvio que um quarto é motivador de várias coisas, inclusive o sexo. O que deixa espaço aqui para as Pousadas, que são de permanência menor, mas também servem para tais fins de relaxamento e aproveitamento do parceiro.

 Os rotativos Motéis, per si já são vistos como casuais. São calculados por horas ou pernoites, dependendo da sua expectativa a sua permanência pode ser de uma hora à uma noite, mas nada mais que isso. Invadindo o espaço direto do sexo pronto, eis que surgem as variações de motéis: Tem os apartamentos que possuem a cama e banheiro, com espelho nas paredes ou no teto, tem os que tem os dois. Tem apartamentos que possuem banheira comum, sauna, banheira de hidromassagem, lugar para dançar, cantar, espaço para comer... Não poderei ser mais específico ou detalhista pois nunca fui a um.

 Por incrível que pareça sou o único dentre meu grupo de amigos que nunca foi em um Motel. Mas nunca fui por nunca precisar, por motivos religiosos e por motivos constrangedores. Sou muito envergonhado pra essas coisas, não saberia me comportar, como se eu fosse fazer algo errado ou ilícito, enfim... De qualquer modo, também não tenho com quem ir. Se for pra ir "visitar" por curiosidade eu gostaria de ir com um grupo de amigos como um pique-nique, mas daí sai muito caro, pois parece que eles cobram um adicional alto para "possíveis" orgias. E se fosse pra ir a dois, seria outro problema, não por falta de convite, já que o século 21 deixou o povo bem objetivo e esperançoso, mas eu não seria o mesmo, creio que travaria na hora do "vamos ver" e não ficaria nada confortável. Isso em dias comuns, acredito que um dia de lua, desses que me deixam bastante selvagem e merecedor do título de Fireman, poderia até ir...
Quem sabe em um dia de lua?

segunda-feira, 19 de março de 2012

Bons Tempos


 São tanto problemas que parece não ter fim e me fez lembrar de uma aventura que começou com doses de ciúmes entre um brinquedo e outro. Histórias de um Cowboy e um Astronauta, percorrendo aventuras malucas e de grandes proporções, só me remete ao passado, aos amigos e à verdadeira amizade. Lembro da infância múltipla que eu tive entre os amigos de colégio, amigos da rua, os amigos do Sesc, amigos da Orla, amigos de Raves, amigos de internet... Tanto amigos já passaram pela minha vida e tantos outros que ainda vão vir, o que eu espero é continuar dizendo "Amigo Estou Aqui".
 Sei que não sou o melhor amigo de ninguém, tampouco o único, porém sou desses que está sempre presente quando as coisas então descaminhando ou caminhando muito bem. Claro que também tenho o meu particular e meus próprios horários, dividi-los entre tanta gente não é tarefa fácil, mas sabe quando você sabe que ontem, hoje e amanhã pode contar com aquela pessoa nem que seja para ela te dizer "Eu te disse que isso ia acontecer, não chora, vamos para um bar"?
 Todos os meus amigos de ontem são distantes, alguns com outras amizades que não aprovo, alguns com estilos de vida que não suporto, alguns com pensamentos que discordo, mas mesmo com tantas diferenças, ainda assim, tenho uma grande admiração por eles, pelas pessoas que eles se tornaram. É como ver uma criança crescer e você sempre vê-la como uma criança pequena, por mais que ela tenha crescido, a memória dos "bons tempos" vai sempre ser lembrada ao primeiro sorriso, seguido de boas risadas que lembram as tardes de vôlei, as noites de filmes, as manhãs de RPG... Quanto coisa aconteceu naquele tempo e hoje eu não me arrependo de nada, de nenhuma palavra dita, de nenhuma briga por nada, de nenhuma viagem feita, a única coisa que eu me arrependo é não ter aprendido a dizer Adeus.
 Alguns amigos partiram de uma forma são pronta que não tive chance de dizer um simples tchau, mas tem os casos que é possível um abraço e tem outros que o abraço só poderá ser sentido na lembrança. Por esses e mais alguns motivos quero ser tão presente quanto posso na vida dos meus "amogos" (amigos que amo), pois nunca sabemos quando será a ultima vez que veremos aqueles sorriso.
 Mesmo longe ou até de pertinho, qualquer problema ou qualquer gargalhada, saiba que pode me chamar para compartilhar, pois mesmo tentando ser ninja ainda tento ser amigo. Desses de porta-retrato, desses que contamos para os nossos filhos sobre os "bons tempos", e lembre que as possibilidades da amizade são tão infinitas quanto o abraço que te dou agora.

 Amigo eu sempre estarei aqui.



domingo, 18 de março de 2012

Este Lado Para Cima.


                     Não fazer movimentos bruscos, não empilhar em cima desta, embalar bem o objeto para que no balançar do tráfego ele não tenha possibilidade de trincar, entrega expressa para que não sofra dano no transporte. Essas são algumas recomendações quando se envia ou se transporta algo frágil. Quando se possui algo frágil, guardamos bem a coisa possuída, de forma que não tenha muita movimentação próxima desta, protegemo-la ao colocar dentro de armários ou gavetas, e se for muito valioso pode-se ainda guarda nos cofres de banco.
            E se esse objeto frágil fosse transportado para todo lugar, a toda hora e sem possibilidade de deixar guardado? Qual o tipo de proteção você teria para não deixar danificar esse frágil objeto? Esconderia? Criaria barreiras? Ou apenas desistiria da proteção?
            Quando se carrega o amor para cima e para os lados, não há como o proteger de tudo. Sorte de quem o tem intacto do mundo violento e canibal que vivemos, pois o amor é algo que se tem de mais precioso e por ser tão frágil e corajoso é quase certo ele ser despedaçado, pisado, queimado, ignorado, surpreendido e jogado longe.
            Como se protege então algo tão simples e complicado que continua pulsando mesmo depois de tanto fracasso? Não sei ao certo se possui fórmula, mas a evasão do mundo real não o faz tornar-se protegido, muito pelo contrário, apenas mascara a real modalidade temperamental deste sentimento que é a vitalidade e regeneração. Cada pessoa possui seu jeito único de se proteger contra malfeitores sentimentais, cada qual com suas armas, com seus joguetes, com suas artimanhas.
            Algumas vezes desistimos de ir à frente a algum relacionamento por não conseguir ultrapassar tais barreiras, por não conseguir baixar a guarda de proteção, e às vezes nem nos damos o esforço de ver o que tem após a mureta do conhecimento específico. Se valer a pena ou não continuar nesse sufoco é prova individual, o que não podemos é-nos per fazer como reflexo primário jugando sentimentos, pois não nos damos conta da nossa própria proteção, o que dirá julgar a dos outros?

5 Anos.



Você já pensou onde você vai estar daqui a cinco anos? O que terá daqui a cinco anos?

A vida, sendo um mar de fluxo contínuo, nos leva a tantos cantos que nunca imaginamos. Ela nos apresenta pessoas e situações diferentes e em cinco anos acontece um mundo de coisas e passa em um piscar de olhos. Mesmo que aconteça um giro de vários graus e loopings diferentes em sua vida, não deixe de criar planos e preparar trajetórias para um objetivo comum. Uma graduação, um curso, um carro, uma casa ou um filho, sempre prepare bem o que você quer numa projeção de cinco anos, adicione também o que você não quer.
 Nos casos de trabalho, um concurso ou emprego no setor privado, tenha a expectativa do árduo trabalho como conquista de evolução financeira, não seja escravo dos agentes bancários e suas grandes corporações de crédito. Também não seja um tolo juvenil explorando seu salário ao máximo em festas e objetos sem se preocupar com poupança ou investimentos. Viver como um assalariado qualquer todo mundo vive, depois se passa o tempo e você não consegue enxergar o que conquistou por ser tão diminuto.
Em cinco anos pode-se encontrar a pessoa certa, noiva e casar e quem sabe até ter filho(s). No calendário do amor esses cinco anos de projeção de nada vale, pois em uma semana você pode viver algo que em quatro anos e tantos meses você nunca vivera. Apenas encalça teus desejos e tenha em mente o que realmente você quer para que, quando acontecer, você saiba lidar com as situações. Visto que o ficar, namorar, noivar ou casar, tudo isso em cinco anos pode acontecer várias vezes, uma única vez ou nenhuma vez.
 O que tento ressaltar nesse texto é a importância de planejar as metas de vida em um prazo de cinco anos, que não é tão curto tampouco tão longo, o que te torna capaz de realizar. Faz uma lista de cinco objetivos importantes para tua vida, cinco não tão importantes e cinco nada importantes. Trace o percurso para a efetivação desse objetivo e veja os prós e contras, daí você terá uma noção curta do que será extensionado em cinco anos.
Fique atento para as possibilidades que podem surgir para a concretização do objetivo número um e não se esqueça da sequencia que pode não ser obedecida devido às oportunidades da vida. Às vezes, passamos batido em algumas jogadas e depois ficamos irados, o que de fato pode ser atordoante deve ser engolido como experiência e não como falha pura. Ah, lembrando que alguns objetivos, por mais simples que possam parecer, podem se perder no tempo, mas se você realmente almeja com todo o coração, com veemência pode ser passado para, depois de cinco anos, a nova lista de objetivos de vida pra agora. Para esses novos cinco anos.

Você já pensou onde você vai estar daqui a cinco anos? O que terá daqui a cinco anos?

sábado, 17 de março de 2012

Quiero


 Se desejas algo, almejas algo, se queres algo, apenas queira.
 Atente teu olhar ao querer e faz o possível para ter.
 Não tenha por um só momento, pois o ter era o querer e, assim sendo, porque tanto queria, nessa ousadia, descarta o ter porquê?
 Apenas querer é tão vazio, é algo infantil, como quem faz birra apenas para possuir.
 Não saber possuir é pior do que apenas querer, pois a oportunidade passa, mas o querer permanece, e por não saber usufruir da posse, do ter, continuamos querendo, o que de fato não cobre a pobreza de não saber o que quer, revestindo a falsa perspectiva inalcançável do ego singular de visão turva e bisonha em querer.
 O que eu quero?
 Sou merecedor do que eu quero?
 Eu sei perceber se o que eu tenho é o que eu quero ou eu vivo em utopia própria?
 Antes de querer, observe o que você tem e se você é capaz de ter aquilo que quer.
 Um objeto móvel, imóvel, fungível, pessoa, animal, sentimento ou desejo.
 Não seja leviano em ter o que quer e depois não querer mais.
 Não use.
 Se não souber querer, apenas deseje.
 O desejo é maior valorizado do que aquilo que apenas queremos.

sexta-feira, 16 de março de 2012

O Castanhar


 Dizem que as cores do mundo não são totalmente vistas aos olhos comuns, por isso que só é possível a obtenção de cores específicas em laboratório. Variando as cores básicas em outras bilhões de cores de mesma tendência mas com degradação colórica diferente, temos aí os exemplos do azul: azul piscina, azul turquesa, azul parisiense, azul escarlate...
 Entretanto, nem todas as óbvias cores tem seus elementos na própria espécie de física. As cores também tem sua variação nos sentimentos, como as cores que passam tranquilidade e outras que transmitem agilidade ou ação. De qualquer modo existe uma cor específica que sempre me alegra o dia. É a cor do pôr-do-sol, todo o rosa, laranja, vermelho, castanho que acompanha a despedida do dia me alegra por ter valido muito ter vivido mais um dia, dando lugar a noite de possibilidades que flui em calmaria.
 Em tempos passados teve algumas cores interessantes que me fizeram querer conhecer mais ainda a paleta de cores que cobre o universo. Como o castanhar dos teus olhos. Sei que é uma expressão peculiar minha falar de tal modo, porém não tenho como expressar algo que me faz perder o tempo envolto a fibrilação da íris que perturba a realidade em volta de fantásticos cílios de sinceridade.
 Se pudesse colocar em tela essa cor que eu acho fantástica eu faria sem pensar duas vezes, mas essa cor específica, esse castanhar não existe em outra parte do mundo, não existe nos tubos de tinta, não existe em escalas de coloração do CorelDraw. Não existe em outra pessoa. Seria possível imitar, usurpar, clonar, mas nunca seria a mesma tonalidade, o mesmo efeito cintilante.
 Já vi poucas vezes a coloração parecida, borrada em céu turvo, entre a chuva e o resplendor solar. Em um pôr-do-sol de uma quarta qualquer, vi o castanhar no celeste, vi por segundos eficazes de volúpia emoção, imaginação ou não, era como se fosse real, a mesma cor. Desde então sempre assisto o astro rei ir para o outro hemisfério, agradecendo por mais um dia de vida e pedindo para ver só por mais uma vez, apenas uma única vez a cor que abriga meu sonho... O castanhar dos teus olhos.

Horizonte


 Sabia que estava quente, mas não conseguia sentir o calor do sol, o vento era forte e a umidade era presente. As nuvens caminhavam preguiçosamente para o continente, como se não tivessem pressa alguma, e aqueles flocos de esvoaçados esbranquiçar de imaginação, flutuavam com esmero. A água era tranquila e corria em direção ao mar, em marcha convidativa de um banhar, e como as águas do mar, era possível ver as idas e vindas sutis na borda desenhada do rio com águas claras. Sentado na mureta tipo quebra-mar estava eu, parado ali, preso ali, por infinitos pensamentos. Uma fuga maciça de alívio e esperança.
 Pausadamente a respiração se fazia presente e como em um sonho, senti a presença derradeira do afeto. Era algo invisível, mas presente. Levantei, olhei para trás e vi a deserta rua, nua, sem ninguém para testemunhar o meu atento, e fora assim que a tarde seguiu, pisando em areia molhada, até o leito do largo rio que me fintava em retrospecto, o lavar pés acompanhou uma poesia cantada que surgiu em mente e a água morna que vinha de terras distantes deu lugar ao tocar caloroso dos raios de sol que cobriam toda aquela terra.
 Embora fosse lugar conhecido, estive ali pela primeira vez. Pela primeira vez desse jeito, de jeito único que se per faz em mente e corpo, e voltando para a vida, não pude deixar de não pensar naquilo que contei aos quatro ventos com peito em angústia. Algo sussurrado por mim para mim, como se conversasse sobre mim consigo, pleiteando razão. E nesse borrado quadro sinérgico, agasalhei as demais sensações daquela tarde e espero que um dia repita essa sensação de evasão da mente, naquele mesmo horizonte que sou apaixonado.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Espaço.


 Para tudo há o momento certo. Momentos alegres e tristes, em altos e baixos, em inúmeros casos sempre há o momento. O momento no qual nos pegamos em total sentimento, geralmente quando ele chega é quase inevitável o sorriso ou o lacrimejar, porém nesse segundo caso é mais contido.

 O espaço da dor é tímido, procura ser apreciado entre as quatros paredes mais secretas, onde todos vinculam com relaxamento e paz. Ao som do cair d'água, a tristeza se vai, entre as águas quentes ou frias, as salinadas lágrimas que se sufocam durante o dia, caem intensamente no silêncio de um banho.

 O espaço pode ser diminuto, mas é suficientemente grande para conter os derradeiros pensamentos que percorrem o sofrimento de ontem e hoje. De proporções diversas que nascem de uma má notícia ou de um sonho destruído. Várias origens que cumulam em peito, se sobressaem em engasgos e por fim, transbordam em choro dentro de um cubículo higienizador.

 Esse é o espaço da minha dor.

 Íntimo, sutil, próprio e invisível.

 Jamais a dor será grande demais para transbordar aos ombros de outrem, tomando atenção desnecessária. A minha dor é minha e, egoísta ou não, ninguém nunca saberá. 



Apenas o céu

Foto por @sanamaru O amargo remédio se espreme goela abaixo, a saliva seca e o gosto de rancor perdura por horas. Em vez de fazer dormir ele...