quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

E Fora Como Sempre Aconteceu...


 Tudo pára de acontecer, ficam quase imóveis ou em câmera lenta, vultos em forma de gente, luzes horizontais contínuas em vez de faróis de carros. A tarde se evadia e ao nascer da deslumbrante noite caiu a chuva. Em pleno crepúsculo, possuindo um acessório tradicional para não me molhar, caminhei entre borrões, entre casas e calçadas. Ficara imerso em si.
 Me peguei em questionamentos comuns, entre caminhos não tomados e de possíveis futuros, a chuva caia silênciosa e só pedia tradição aos ecos do mundo externo. Todo barulho era de muito longe, distante, incompreensível aos ouvidos surdos de si. Tudo o que pedira foi um sinal de certeza, não pedi para a divindade ou cosmos, pedi um sinal, uma força, qualquer coisa que me fizesse crer naquilo que prego. Aquilo que acreditei estar certo.

 -Olha... Sussurrou uma voz em minha mente.

E em reflexo, sem me preocupar com nada, olhei crescer, no chão molhado, os raios do sol. Os luminosos raios vindos em minha direção, tocando corpo de baixo para cima. Olhei para o céu e vi em meio as cinzentas nuvens, os raios de sol. Eles lutavam para aparecer, mas deu para aquecer meu coração. Sorri. Foi isso que deu para fazer, sorrir.
 Olhei para os lados e vi as pessoas reabrindo as sombrinhas, era real, foi real. Coincidência talvez, mas acontecera. E por mais que tenha sido sua ultima aparição naquele dia, por poucos segundos tive a certeza que a possibilidade existe. Era ali, num momento qualquer de evasão que pude perceber. Será sempre assim, nas pequenas coisas da vida.
 Uma flor, um animal, um SMS, os raios do sol, a grande Lua, borboletas, um Bom Dia, um Adeus... Todas as ínfimas coisas que ignoramos no dia-a-dia, são elas que fazem o mundo poético girar.

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