quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Puzzle


 É típico as desventuras no mundo emocional. Começamos acreditando em tudo e em todos, nos jogamos no abismo desconhecido.
 Eu nunca entendi muito bem quando as pessoas falam em se completarem. Sei que sinto um vazio indeterminado dentro de mim e que possivelmente não é fome. Tampouco será qualquer coisa material que se possa comprar na loja de departamentos mais próxima.
 Não consigo sentir isso que eles chamam de Perfeição Amorosa, Alma Gêmea, e outros bla-bla-blás novelísticos que usamos como metáforas ou analogias de situaçõs do cotidiano material. Seria eu, o coração gelado da história? Ou será que as pessoas querem viver na utopia?
 Ter alegria em plenitude pode até ser considerado um dos critérios para ter uma vida tranquila ao lado de alguém que você ama, mas dizer que aquela pessoa te completa... acho muito forte. Se se parar para analisar quantas pessoas realmente se completam e vivem juntas por bastante tempo, acho que encontraremos apenas nossos pais, pois estes sabiam contornar e enfrentar situações por longos anos, e quando realmente não dava... não dava mesmo. Cada um pro seu lado, às vezes continuava a amizade, às vezes matavam todas as memórias possíveis.
 Ainda assim, não é como hoje. Onde as pessoas buscam uns perfis meio fakes para se decidirem, geralmente a análise vem a patir de coisas que você possa oferecer como estabilidade, um bom emprego, uma boa família, uma boa casa, um bom carro... tudo vem acompanhado de um adjetivo plástico que não significa que seja possuidora de uma boa pessoa.
 Embora seja um complexo quebra-cabeças, me vejo como um inexplicável enigma que não tem nada a oferecer, sem bons pra lá e nem bons pra cá. Quando eu encontrar o Auto-completar talvez tenha certeza que poderia completar alguém, mas ouvir que completo aqui e alí, ou em algumas situações só me choca cada vez mais, não por deixar de acreditar, mas por não conseguir sentir o mesmo. Fazendo aquele bicho chamado insegurança crescer imensamente. Alimentado pelas comparações de tu e mim, de nós e eles, de eu e eu mesmo.
 Sempre achei que vim com defeito. Defeito de fábrica. Defeito em partes do corpo, defeitos em sistemas biológicos, defeitos de personalidades e psiqué, defeitos de atitudes e combinações, defeitos em gostos de vestir... Vir faltando um pedaço principal desse puzzle que se chama Kristianno Fireman, não seria um defeito inesperado. Afinal de contas defeito é tradução livre para meu nome. Defeito é algo que me torna especial.

Dizem que melhor é sempre seguir o seu coração, mas quando seu coração está partido, qual metade devemos seguir?

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